TC olhou-o com firmeza.
— Sabe o que quero dizer — explicou ele. — Poderia passar despercebido. O que vi em Crown Heights semana passada... Nossa, foi apenas ontem. O que vi ontem é que muitos desses rapazes nasceram em famílias americanas comuns. — Will começava a ofegar. — Não seria difícil se despirem de toda aquela indumentária e voltarem ao que eram antes, se isso fosse exigido pela missão.
Haviam chegado ao seu destino: Penn Station, e precisaram esperar somente cinco minutos pelo que Will chamou de "corujão", um termo para se referir aos serviços que funcionavam depois da meia-noite. Tinham o vagão todo para eles, a não ser por um homem barbado que visivelmente tirava uma soneca, na certa embriagado.
— Esse é o trem que eu tomava para visitar meu pai antes de comprarmos o carro.
Arrependeu-se da primeira pessoa no plural: pareceu de algum modo indelicado esfregar a parceria conjugal na cara de TC, ainda solteira. E esse arrependimento logo o fez lembrar que ele e TC jamais haviam passado um fim de semana em Sag Harbor. Will seguira quase à risca a vontade de TC: ela havia encontrado o pai de Will apenas uma vez e nunca tiveram a oportunidade de se conhecerem direito. Beth, em compensação, ajustou-se de imediato; era uma das coisas que fazia parecer a união correta.
Will ficou calado. Foi TC quem rompeu o silêncio, enfiando a mão na bolsa para pegar o livro que segurava quando saíram do apartamento. A Bíblia Sagrada.
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Meu Deus, quase esqueci. — Folheou as páginas em velocidade máxima. — Aqui. O Livro dos Provérbios, Capítulo 10.
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Já não leu tudo isso? Encontramos o que ele queria que víssemos: justo, justo, justo.
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Eu sei, mas sou obsessiva. Quero estudá-lo mais.
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O que está procurando?
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Não sei. Mas algo me diz que saberei quando aparecer.
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