QUARENTA E UM
DOMINGO, 17H50, BROOKLYN
Não havia tempo para constrangimentos. Mesmo assim, Will percebeu que TC se sentia estranha por estar no apartamento dele, a casa do homem que uma vez amara e da mulher que ele tornara sua esposa. Viu-a olhando para as fotografias, sobretudo as do casamento — talvez uma dezena de fotos, prensadas sob vidro — que pendiam da parede da cozinha.
Se era estranho para ela, era horrível para ele. Não tinha voltado ali desde o dia em que Beth desaparecera, visitando o apartamento apenas na lembrança. Agora via o calendário coberto com a caligrafia de Beth. Um cardigã dela atirado sobre uma poltrona. Sentiu sua ausência com tanta força que ficou com os olhos ardendo.
— TC, você tem de me contar o que está acontecendo.
Durante todo o trajeto desde o Central Park, desde o momento que haviam deixado Sandy, ele vinha pressionando-a para falar. Mas TC se mostrara inflexível.
— Will, não sei se estou certa. E te conheço: assim que eu começar a falar, você vai sair correndo, fazer alguma coisa, e poderá estar cometendo um grande erro. Temos de fazer tudo direito. Cem por cento certo. Não há espaço para jogos de adivinhação.
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