QUARENTA E TRÊS DOMINGO, 18H46, BROOKLYN Queria interrogá-la durante horas, sobre sua vida, o segredo que guardara por tanto tempo. Muitos judeus se tornavam ortodoxos; eram conhecidos como chozer b'tshuva, literalmente "aquele que retorna para arrepender-se". Ela havia feito o caminho inverso: chozer b'she'ela. Retornara para questionar.
Mas não tinham tempo para aquela conversa, por mais que quisessem. Precisavam ir a Crown Heights. Yosef Yitzhok tinha sido assassinado, embora nenhum dos dois tivesse a mínima idéia do porquê. As últimas mensagens que Will recebera — conduzindo-o à estátua de Atlas no Rockefeller Center — haviam sido enviadas após a morte dele, prova de que ele não era afinal o informante. Então por que alguém ia querê-lo morto? Will estava estupefato. Tudo que sabia vinha se tornando cada vez mais confuso. O rabino não tinha exagerado: o tempo se esgotava.
Também premente era a promessa de TC. Tudo se tornaria claro, dissera ela, assim que estivessem em Crown Heights. Não poderia dizer ela mesma a Will o que estava acontecendo. Mas a explicação estava lá. Eles tinham apenas de encontrá-la.
Vou precisar usar seu banheiro. E também que me empreste algumas das roupas de Beth.
Claro — disse ele, tentando com esforço afastar o simbolismo em potencial desse pedido.
Levou-a ao armário de Beth e, retirando-se, puxou a porta deslizante. Instantaneamente, suas narinas encheram-se do perfume dela. Tinha certeza de que sentia o cheiro dos cabelos dela; via-se envolvido no aroma daquele pedacinho de pele abaixo da orelha. Inspirou-o profundamente pelo nariz.