Bem, eu sei que eles sempre levam um de reserva. E olhei por acaso em um dos bolsos de seu casaco. Pegue. Coloque. — Como numa cerimônia, esticou-se nas pontas dos pés e pôs o solidéu na cabeça dele. Correu até o banheiro e voltou com um grampo de cabelo. — Pronto — disse, prendendo-o. — Rabino William Monroe, é um prazer conhecê-lo.
Assim que entraram no táxi, Will viu-se retorcendo-se de excitação — e nervosismo. Jamais chegara a usar um disfarce, e era exatamente isso o que estava fazendo. Fantasiado, tentava passar por outra pessoa. Seu escudo protetor — calça de algodão, camisa azul, livrinho de anotações — havia desaparecido. Sentia-se exposto.
Numa tentativa de tranqüilizar-se, pegou o celular — um lembrete de sua vida normal. Uma nova mensagem, aparentemente do mesmo remetente desconhecido que antes julgara fosse Yosef Yitzhok. Somos apenas homens justos, em pequeno número
Expressos em dois dígitos
Ficaremos pela metade se eles se multiplicarem
Se nós poucos perecermos, todos têm de morrer. Não tinha a menor idéia do que significava, mas isso dificilmente importava agora. Segundo TC, tudo estava prestes a ser explicado. O hábito fez com que checasse o BlackBerry em seguida. A luz vermelha piscava: um Alerta de Notícia doGuardian. Anostalgia tornara-o um assinante eletrônico do jornal que lia na Inglaterra. De praxe, logo apagava essas mensagens: já tinha bastante a fazer pondo-se a par das notícias de Nova York e dos Estados Unidos. Mas aquele "alerta" chamou sua atenção: que notícias sensacionais poderiam justificar um boletim extraordinário? Abriu-o.