Sam bourne o código dos justos



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CINQÜENTA E OITO
SEGUNDA-FEIRA, 14H50, BROOKLYN
Agora era a vez de Will assumir o computador. Quase derrubou Tom da cadeira e na mesma hora retomou ao "acampamento-base" do jornalismo do século XXI: o Google.

"Igreja do Cristo Renascido" apresentou uma página com links, mas eram poucos. Para sua surpresa, o grupo não tinha uma página própria.

Clicou no primeiro resultado da pesquisa, um link para um traba­lho apresentado numa conferência na Universidade de Nebrasca.
Embora não tenha muitos fiéis, a Igreja do Cristo Renascido con­quistou grande influência em seu apogeu há 25 anos, sobretudo en­tre jovens intelectuais cristãos. Fundamental para seu ensinamento foi um tipo radical de teologia da substituição, a crença em que os cristãos haviam substituído os judeus como o povo escolhido por Deus...
De uma forma irritante, o artigo nada mais dizia, divagando numa discussão mais ampla do cristianismo nos campi universitários na dé­cada de 1970. Mas Will ficou agitadíssimo. Viu que TC o entendera, embora os dois soubessem, intuitivamente, que não havia tempo a per­der em discussão. Foi direto para a Wikipedia, a enciclopédia on-line, e digitou "teologia da substituição".

A busca levou alguns segundos, durante os quais Will sentiu o pé direito latejando — em parte por ansiedade, em parte por excitação. Uma vaga lembrança o atormentava. A Igreja do Cristo Renascido: tinha visto esse nome antes, em algum lugar na redação...

Então apareceu uma página, com o título Supersessionismo. De­finido como "a crença tradicional cristã na qual o cristianismo é a re­alização do judaísmo bíblico e, portanto, que os judeus que negam ser Jesus o Messias não cumprem seu chamado como o povo escolhido de Deus".

Will foi para o parágrafo seguinte. "Argumenta que Israel foi subs­tituído... no sentido de que se confiou à Igreja a realização das promes­sas das quais o Israel judeu é o fiduciário."

A página observava que, embora vários grupos protestantes liberais houvessem renunciado ao supersessionismo, decretando que os judeus e "talvez" outros não-cristãos poderiam encontrar Deus através de sua própria fé, "outros grupos cristãos conservadores e fundamentalistas defendem o supersessionismo como válido... o debate continua."

E aposto que sei onde continua, pensou Will. Retornou ao Google, agora estreitando a busca para "Igreja do Cristo Renascido e teologia da subs­tituição". Três referências, a primeira um artigo da The Christian Review.
... a teologia da substituição caiu cada vez mais em desuso nesse período, desacreditada pelo grupo politicamente correto, diziam seus defensores. Alguns anos antes, desfrutara de vigorosa revivificação através de um grupo de intelectuais conhecido como a Igreja do Cristo Renascido. Se­gundo esse grupo, os cristãos haviam não apenas herdado o status dos judeus como os escolhidos, mas herdado o próprio judaísmo. Os judeus haviam, afirma o movimento do Cristo Renascido, ignorado os desejos diretos de Deus e, portanto, desistido de tudo que haviam aprendido Dele. Deserdaram-se do papel de povo eleito, mas — e isto é o que distingue a Igreja do Cristo Renascido — os judeus também abandonaram suas pró­prias tradições, seus costumes e até mesmo seu folclore. De agora em diante, esses devem ser considerados posses de cristãos praticantes.


  • Pare. — Era TC, o rosto pálido. — Eis o ponto-chave, bem ali. Suas próprias tradições, seus costumes e até mesmo seu folclore. Esse grupo acredita que o judaísmo contém a verdade não apenas para os judeus, mas para os cristãos. Até mesmo o folclore. Não está vendo? Eles pega­ram tudo. O misticismo, a cabala, tudo.

  • A história dos justos — concordou Will.

  • Sim. Não acham que se trata de uma tradição hassídica bizarra. Acham que pertence a eles. Acreditam que é verdade.

Ele clicou no resultado seguinte do Google. Era um link para um grupo de discussão evangélica. Pessoas que se autodenominavam Novo Amanhecer21 haviam escrito um longo texto em resposta a uma pergunta sobre as origens da Igreja do Cristo Renascido.
Em sua época teve grande impacto — tendo se originado nos aficiona­dos movimentos que louvavam Jesus, em que as pessoas usavam sandá­lias. Liderados por um pregador carismático que era então capelão em Yale, reverendo Jim Johnson.
Will ergueu os olhos para TC

— Eu conheço esse nome — disse. — Ele fundou um movimento evangélico na década de 1970. Morreu há poucos anos.

Mas TC continuou lendo.
Aparentemente, o Rev. Johnson influenciou toda uma geração de cris­tãos da elite, que o chamavam de Flautista de Hamelin no campus, por­que atraiu um grupo de seguidores muito dedicado.
A entrada a seguir dizia:

Posso testemunhar. Eu estava em Yale naquele período e Johnson era um fenômeno. Só se interessava pelos melhores, os alunos mais desta­cados — editores da Law Review, presidentes de classe, esse tipo de gente. Nós os chamávamos de Apóstolos, que gravitavam em torno de Johnson como se ele fosse o Messias ou coisa assim. Para quem estiver interessado, escaneei aqui uma foto do Yale Daily News que mostra Johnson e seus seguidores. Clique aqui.
Will clicou e esperou a foto carregar. Era granulada, na típica cor desbotada da década de 1970, e levou algum tempo para encher a tela. Aos poucos foi se tornando visível. No centro, exibindo um sorriso ra­diante, como o capitão de um time de futebol americano da faculdade, via-se um homem de 30 e tantos anos, vestindo uma camisa de gola aberta, óculos grandes com armação retangular, à época considerados super-modernos. Não usava colarinho próprio dos cléricos nem terno escuro. Era, ele concluiu, o que os vitorianos teriam chamado de um cristão muito convincente.

À sua volta, viam-se jovens de aparência séria, transmitindo aquela confiança de quem nasceu para governar que emanava dos anuários de Yale ou Harvard. Os cabelos eram longos ou volumosos, os colarinhos das camkas e as lapelas dos paletós, largos. Os rostos pareciam brilhar de potencial. Aqueles jovens não iam apenas governar o mundo. Mas estava claro que eles acreditavam que iam fazê-lo com a bênção de Jesus.

— Acho que você precisa se apressar — disse Tom, agora ocupan­do a posição anterior de Will junto à cortina. — Tem um carro lá fora. Dois sujeitos acabaram de saltar e estão entrando no prédio.

Mas Will mal ouvia. Em vez disso, recostou-se rápido na cadeira, surpreso: reconhecera um dos rostos na fotografia. Só conseguiu fazê-lo porque vira recentemente outra foto diferente do mesmo homem quando jovem. O jornal a publicara quando ele foi nomeado. Ali, ao lado de Jim Johnson, estava ninguém menos que Townsend McDougal — o futuro editor do New York Times.



  • Eu não acredito — disse Will.

  • É ele, não é?

Will ficou confuso. Como TC poderia reconhecer McDougal?

— Eu não quis dizer porque não tinha certeza. Mas realmente não podia ser ninguém mais.

Will ergueu os olhos para ela, franzindo as sobrancelhas para re­gistrar seu espanto.

— De quem está falando?



  • Will! — insistiu Tom. — Eles estão subindo. Vocês têm de se mandar!

  • Veja — disse TC, mostrando, à extrema esquerda da fila de trás na fotografia, uma área que ele mal examinara. Ela apontou um jovem bonito, magro, com uma vasta cabeleira. Posava sem sorrir.

— Talvez eu esteja enganada, Will, mas acho que esse aí é o seu pai.


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