Uma corrente não é mais forte que seu elo mais fraco
E logo depois:
Os números não mentem. Nada mais.
Will leu-as em voz alta, interrompendo-se quando TC exigiu esclarecimento sobre a localização do ponto na frase. Eram dois pontos finais, ele respondeu. Tinha certeza? Tinha. Sentia dificuldade em concentrar-se. Continuava ouvindo a voz de Beth, repetidas vezes: "Will? Will, é Beth...
— Certo — dizia TC. — Vamos admitir que ele disse o que queria dizer, que não há nada mais. Este é o texto completo.
Diante dela, estendiam-se na mesa quadrados perfeitos de papel, uma mensagem escrita em cada.
Pra frente é que se anda
A dúvida é o princípio da sabedoria
A felicidade não bate duas vezes à mesma porta
Um amigo em necessidade é um amigo de verdade
Ao vitorioso os despojos
As aparências enganam
Diga-me com que andas e te direi quem és
O grande carvalho brota da pequenina bolota
Uma corrente não é mais forte que seu elo mais fraco
Os números não mentem. Nada mais.
TC olhava-as intensamente, o bloco de esboços no colo, observando o padrão que organizara. As mensagens classificavam-se em três grupos. Encorajamento, advertências, enigmas.
TC agora punha o bloco na mesa, junto com os papéis avulsos. Estava quase preto de tinta: ela preenchera toda a página. De alto a baixo, viam-se palavras ou semifrases cruzadas, escritas de trás para frente ou em diagonais. Escrevera as mensagens em toda ordem possível, cada vez sublinhando a primeira letra de cada linha: tentava formar um acróstico. Will leu o resultado: PAAUAADOUO seguida por uma lista de variações aleatórias com as mesmas letras. Todas resultavam em algo incompreensível.
Como se tentasse ler a mente dele, TC virou a página do bloco e mostrou a de baixo, a superfície não menos coberta de cálculos e anagramas frustrados. Arrancou esta para mostrar a que estava debaixo e a seguinte. Quebrara a cabeça durante horas para resolver esse enigma.
Will sentiu uma onda de gratidão: sabia como teria ficado solitário sem ela. Mas não havia saída. Apesar de todos os esforços dela, do intelecto combinado dos dois, ainda não tinham chegado a uma solução, o enigma em dez partes os tinha derrotado.
— Não posso acreditar que eu seja tão burra.
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Como? — Will ergueu os olhos da mesa e viu TC recostando-se na cadeira, as mãos na cabeça e os olhos fixos no teto.
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Não posso acreditar que eu seja tão idiota. — Ela sorria, balançando a cabeça, descrente.
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Por favor, me diga sobre o que exatamente está falando — pediu Will, numa voz que ele mesmo reconheceu como excessivamente educada e inglesa, uma voz que muitas vezes usava quando tentava ficar calmo.
-
Era tão óbvio, e eu tornei tudo tão complicado. Quantas horas eu passei nessa coisa?
— Quer dizer que conseguiu resolver?
— Eu resolvi. Que foi que ele nos mandou? "As aparências enganam", "diga-me com quem andas...". Ele nos mandou provérbios. Dez provérbios.
-
Certo, então... Desculpe, você vai ter de me explicar. Vejo que ele nos mandou dez provérbios. O problema é que não sabemos o que significam.
-
Não significam nada. Não pretendem significar nada. Ele nos mandou dez provérbios. Porque é onde devemos examinar. Provérbios, 10.
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