Sam bourne o código dos justos


Deus do céu, Will! Que diabo está fazendo?



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Deus do céu, Will! Que diabo está fazendo?

  • Pai!

    Will, você quase me matou de susto. Achei que alguém tivesse arrombado a casa. Minha nossa.

    O Sr. Monroe, metido num pijama listrado, desabou numa cadeira, a mão agarrada ao peito.

    • Mas pai, eu não...

    • Espere, Will Me dê um segundo para recuperar o fôlego. Espere. Quando Will gritou para TC, o espanto do pai foi completo.

    • Que diabo está acontecendo aqui?

    Will esmerou-se o máximo que pôde, pondo-o a par dos aconteci­mentos das últimas horas: as mensagens de texto, os Provérbios 10, a visita à redação, o perseguidor, a corrida para a Penn Station. Ele ou­viu pacientemente, balançando o chá quente que TC lhe preparara, o grande juiz agora em posição de pai.

    Eu devia ter te contado que estava aqui. Vim ontem à noite. Não tive notícias suas e já começava a subir pelas paredes de preocupação. Achei que ouvir o mar talvez me ajudasse, respirar o ar da beira da praia. Beth é sua mulher, Will, mas também é minha nora. É da família.



    Lançou um olhar para TC, cujo rosto enrubesceu.

    Lamento que tenhamos acordado o senhor — ela disse, tentan­do mudar de assunto. Então, bocejando: — Dormir me faria bem.

    Moção concedida. Will, o quarto do jardim está arrumado.

    Isso aborreceu Will. Estaria o pai dando ao filho uma ordem, instruindo-o que devia dormir separado de TC, como se suspeitasse que, se entregues a si mesmos, iriam dividir a mesma cama? Acreditava mes­mo que Will ia trair a esposa que tanto adorava?

    Talvez o pai suspeitasse de coisa mais sombria. Seria ao menos possível? Poderia imaginar que o filho de algum modo arquitetara tudo aquilo como um meio de reatar com a ex-namorada? Will percebeu que fora muito econômico com as informações, mal deixando o pai por dentro da busca por Beth. No quanto insistira para que a polícia não se envolvesse. Fazia quase trinta anos que Will Monroe Pai não trabalha­va com direito criminal — mas ele não teria esquecido de nada.

    O pior é que Will sabia que não podia sentir nenhuma indignação que justificasse. Afinal, há poucas horas colara os lábios nos de TC, com os olhos fechados, num beijo. Não fora um roçar fugaz; mas um beijo de verdade.

    Exausto demais para dizer qualquer outra coisa, cedeu calado ao que o pai determinara e dirigiu-se escada acima, juntando-se a TC, que o esperava no patamar. A postura dela, como a se esconder, sugeria que também entendera tudo: a desconfiança que irradiava do pai e a consciência pesada, pois sabia que não era inteiramente sem fundamento.


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