Samantha James Alana, a Bruxa



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Capítulo VII

Ele não permitiu que ela andasse. Acomodou-a na sela do grande cavalo negro. Alana conteve o pânico crescente quando o animal virou a cabeça, orgulhoso, e cheirou seu tor­nozelo. Assustada, ela jogou o corpo para trás, alheia, tama­nho era o medo, ao homem também sentado na sela.

— Fique quieta — Merrick disse e a abraçou pela cintura. Durante o caminho até Brynwald, Alana não sabia quem odiava mais, o animal sobre o qual estava ou o outro colado a suas costas.

Assim que adentraram o pátio, Merrick deteve o cavalo e desmontou. Sem preâmbulos, puxou-a da sela. Porém, quan­do a soltou Alana perdeu o equilíbrio e, para não cair, agar­rou-se à túnica.

Grave erro. Ele a encarou com desprezo, o que a fez corar enormemente.

— Simon — Merrick chamou o sobrinho. — Leve a senhora a meus aposentos e fique lá. Ela não pode ver nin­guém, tampouco sair sozinha. Entendeu?

— Sim, tio. — O rapaz inclinou-se. — Senhora?

Sabendo que não tinha escolha, Alana o seguiu. No cômo­do de Merrick, a lareira acesa tornava o espaço aconchegan­te, mas mesmo assim ela estremeceu de frio. Em silêncio, observou Simon alimentar o fogo. Depois, para sua surpresa, ele a encarou diretamente.

— Não imagino por que foi tão tola a ponto de fugir — Simon declarou de chofre.

Espantada, ela fitou o jovem. Ele se assemelhava ao tio até na expressão severa.

O que poderia dizer?, Alana pensou. Mal conseguia ver­balizar os planos que Merrick reservava para ela.

— Você não entenderia.

— Acha que ele é cruel? — Simon indagou.

— Cruel? — Ela riu. — Meu pai e a esposa foram assas­sinados pelos homens dele. Minha irmã foi reduzida a uma criada. A guerra devastou o país e certamente muitos saxões agora descansam em suas covas. Vocês roubaram nossas ter­ras e nossa liberdade. Diga-me, Simon, espera mesmo que me ajoelhe e agradeça a seu tio? Acho que não.

— É verdade que alguns homens matam por prazer...

— Sim, disso você sabe, não sabe? — Alana perguntou com amargor. — Não é essa a especialidade dos normandos?

Simon ficou tenso.

— É o que fazemos de melhor porque somos guerrei­ros, como nossos ancestrais vikings. Um cavaleiro precisa estar preparado, pois nunca se sabe quando a próxima bata­lha virá. Quanto a meu tio, ele só matou aqueles que tentaram matá-lo. E não se esqueça de que foi seu pai quem iniciou a batalha, senhora.

— Ele defendia a própria terra. Seu lar!

— E Merrick cumpria as ordens de seu soberano, o duque Guilherme. Os ingleses dizem que fazemos guerra sem moti­vo. Mas foi seu rei Edward que prometeu a Inglaterra a Guilherme antes de morrer. O conde Haroldo não passa de um usurpador. Ao duque Guilherme restou apenas tomar a Inglaterra à força. Foi uma questão de honra e dever.

Honra. Dever. Princípios que os normandos pouco conhe­ciam, Alana pensou em dizer. Começava a perceber que era um desperdício de tempo e saliva argumentar com aquele povo.

Simon a olhou por um longo momento.

— Meu tio valoriza a lealdade e a confiança acima de tudo, senhora. Quando dá sua palavra, ele a cumpre. E espe­ra o mesmo das outras pessoas. Eu me lembraria disso, se fosse a senhora.

Alana cerrou os lábios. Para que insistir, se não valia a pena? Pensativa, sentou-se diante da lareira e começou a desembaraçar os cabelos que haviam se soltado ao digladiar-se com Merrick. Suspirou e abaixou a cabeça, subitamen­te exausta.

A tarde passou. Alana não queria conversar, muito menos Simon. Jantou quando uma bandeja lhe foi trazida, embora estivesse sem apetite. Quando ela terminou, Simon dirigiu-se à porta e aguardou. Era hora da ceia no hall.

Merrick não estava presente quando Alana adentrou o salão cavernoso. Mas o sentiu chegar, pois os olhos azuis focaram-se nela. Ele marchou até a mesa mais alta e quando Sybil fez menção de servi-lo, Alana ficou aliviada.

Um tempo depois, percebeu que Merrick a observava com a expressão dura. Com o coração em disparada, Alana se virou a fim de evitá-lo. Mas a noite apenas estava começan­do. E não suportava pensar no que poderia acontecer quando ficassem a sós nos aposentos dele.

Após algumas horas, ela parou para enxugar as mãos em um pano. Olhou para a parede onde vira Radburn na noi­te anterior. Ele não estava lá. Então, acabou desviando sua atenção para Merrick.

Uma sensação estranha a invadiu. Ele a chamou. Ela hesitou. Pensou em fingir que não o vira. Mas, depois do que havia acontecido naquele mesmo dia, não se sentia tão corajosa.

A contragosto, aproximou-se. Merrick permanecia sen­tado e, mesmo assim, irradiava um poder quase palpável. Dedos longos e morenos se curvaram ao redor de um cálice de prata. Uma perna musculosa se esticou.

— Está à procura de alguém, saxã? Alana nada disse.

— Seu amante talvez?

— Radburn não é meu amante!

— O nome dele é Radburn? Para seu bem, saxã, espero que não esteja mentindo para mim.

Não havia como negar o desafio inerente ao tom de voz. Alana achou mais sábio ignorar o detalhe, já que o humor de Merrick não era dos melhores. Mascarando a insegurança, ela espiou o cálice.

— Sua cerveja está no fim. Vou buscar mais...

— Não, saxã. — Ele a segurou. — Sente-se.

— Sentar-me? — Alana ficou apavorada. — Não sei por que...

— Por que não? — Ele sorriu sem emoção. — Eu a quero por perto para apreciar sua beleza.

— Ou me atormentar! — ela resmungou. Merrick então a puxou, obrigando-a a ajoelhar-se diante dele.

O hall estava barulhento, porém Alana nada escutava. A mortalha da vergonha a consumia. Sabia muito bem que ele pretendia usá-la como fantoche. Queria exibi-la como um prêmio. Uma posse. De tanto conter as lágrimas ela sentiu o peito arder.

Merrick então começou a brincar com os cabelos loiros. Alana lamentou não tê-los prendido. Sentia-se ligada àque­le homem, como se estivesse presa a uma corrente. Sem ces­sar, os dedos morenos afagavam-lhe os cachos. Ressentida, percebeu que tal carícia era tão íntima quanto os beijos que lhe roubara.

De súbito, escutou-se um estrondo, seguido de um gri­to. Sybil havia caído. A pesada bandeja que carregava voou. Rios de cerveja espalharam-se. Alana tentou se levantar a fim de ajudar a irmã.

Contudo Merrick a segurou.

— Não.

— Por favor — ela pediu, suplicante. — Deixe-me ajudá-la. Ela não está acostumada ao trabalho pesado.



— Ela vai aprender.

— Ela vai aprender? — Alana repetiu. — Sybil será para sempre uma criada? Está fadada a atender seus homens? A servir cerveja, vinho e comida?

Merrick simplesmente cerrou os lábios e continuou em silêncio.

— Não tem nada a dizer, normando? — A própria ousa­dia surpreendeu Alana. — Não prometeu a Sybil que quando sua irmã chegasse da Normandia ela não seria mais obriga­da a trabalhar na cozinha? É assim que os normandos man­têm a palavra?

Frio e distante, o olhar azulado recaiu sobre ela.

— A rapidez com que defende sua irmã me intriga — Merrick murmurou..— Pergunto-me por que não se preocupa com o próprio destino, saxã.

O poder de Merrick era sinistro, Alana refletiu. Com o tom de voz o normando era capaz de cortar como lâmina.

— Você não prometeu misericórdia, normando — ela pronunciou com amargura. — Portanto, não espero que a mostre.

De uma só vez, o ar pareceu carregado de tensão. Merrick enrolou os cabelos dourados ao redor do próprio pulso e puxou-a.

— Se pedisse com gentileza ou implorasse, eu talvez me mostrasse um senhor generoso — ele proclamou, fitando com explícito desejo os lábios de Alana. — Vai suplicar?

Alana viu-se tomada pela intensidade dos olhos azuis. Desesperada, tentou controlar as batidas frenéticas do cora­ção. Dessa vez, foi ela quem nada disse. Não suplicaria ou negociaria com aquele patife arrogante.

— Não? — Como uma risada sonora, ele a soltou. — Foi o que pensei. Que assim seja. Espere-me em meu quarto, saxã. Não vou me demorar.

Sem titubear, Alana levantou-se e correu. Mas antes que conseguisse subir o primeiro lance da escadaria, alguém a puxou pelo braço. Seu grito de protesto definhou ao ver que era Sybil.

Ficou evidente que a irmã estava mal-humorada.

— Eu devia saber que você acharia uma maneira de se livrar do trabalho na cozinha — ela acusou. — É uma pre­guiçosa, Alana.

— Não é nada disso, Sybil. Sei que deve estar brava por­que não a ajudei no hall, mas Merrick não permitiu...

— Merrick! Ah, eu a entendo bem, minha irmã. Você enfeitiçou o homem do mesmo jeito que sua mãe fez com meu pai. Aproveite enquanto pode, Alana, porque aquele demônio certamente encontrará outra rameira para substituí-la.

— Ora, você não pode acreditar que compactuo com essa situação. — Alana estava magoada e furiosa. — Não que­ro nada dele. E não sou uma rameira, Sybil! Ele ainda não... — Ela se calou ao sentir o rosto corar. Ficou mortificada de vergonha ante o que quase divulgou.

Sybil levou as mãos à cintura. Fitou a irmã com certa des­confiança.

— Quer dizer que ainda não dormiu com ele?

— Não — Alana respondeu, trêmula. Sybil tentou disfarçar o contentamento.

— Felizmente foi cautelosa — ela disse. — Ouvi uma conversa entre os soldados. Disseram que ele tem um mem­bro enorme. Tão espesso quanto o pulso de um homem e metade tão longo quanto uma espada. Sem dúvida, trata-se de um monstro a ser domado...

Alana ficou pasma, mortificada e totalmente atôni­ta diante da crueza de Sybil. Só Deus sabia que Edwyna tentara proteger a filha, mas na aldeia Alana escutara todo tipo de linguajar. Entretanto, jamais ouvira uma mulher falar de modo tão vulgar e Sybil era uma dama!

Quando enfim notou a expressão horrorizada de Alana, Sybil ergueu o queixo.

—- Só repeti o que escutei — defendeu-se. — Foi isso que disseram, juro pela alma de nosso pai.

Alana ainda estava tão chocada que nem sequer conse­guia falar.

Alheia à irmã, Sybil revelou uma satisfação secreta.

— Sim, foi muito esperta, Alana. Mas, se você não o agradar, talvez ele se interesse por outra. Aliás, torço para que isso aconteça. — Ela tocou o ombro da irmã antes de se retirar.

Enquanto subia os degraus lentamente, Alana não conse­guia esquecer as palavras de Sybil.

Enorme... tão espesso quanto o punho de um homem... metade tão longo quanto uma espada.

De súbito, sentiu náuseas. Tentou se convencer de que Sybil quisera apenas assustá-la, que Merrick não poderia ser tão diferente dos outros homens... ou poderia?

Estava tão absorvida nos próprios pensamentos que nem sequer notou um vulto aparecer. Alana se deteve pouco antes de colidir no homem, que a agarrou pelos ombros. Era Raoul.

Ela tentou se desvencilhar, mas ele a segurou com mais força. Os aposentos de Merrick estavam a alguns passos à frente. Se conseguisse se libertar e correr...

— Você não vai a lugar nenhum, Alana — Raoul disse.

— Solte-me — ela pediu, fingindo calma.

— Não seja impaciente. — Ele a fitou com malícia. — Temos muito em comum, sabia?

O corpo de Alana enrijeceu.

— É mais valente que seus colegas? Eu lhes disse que os transformaria em bode e é isso que vai acontecer com você, se não me soltar agora mesmo.

Raoul sorriu com desdém.

— Se você possuísse tal poder, já teria se libertado e não haveria necessidade de fugir de Merrick. Ou talvez você devesse se refugiar comigo. Vou tratá-la muito melhor que ele.

Ele a agarrou com violência. Os lábios finos se abriram em um sorriso grotesco. Alana desviou o rosto para evitar o beijo e começou a socá-lo.

— Não! Não!

— Grite o quanto quiser, garota. — Raoul gargalhou. — Merrick não está aqui para salvá-la.

— Está, sim. E, pelo jeito, a dama não deseja favorecê-lo.

Era Merrick. Raoul praguejou e a soltou. Alana camba­leou de tão aliviada que estava. Não fazia sentido seu torturador ser também seu salvador, mas naquele momento a presença do senhor normando foi uma bênção.

— Alana.

Ela encarou o rosto de Merrick, parcialmente oculto sob as sombras. Ocorreu-lhe que era a primeira vez que a chama­va pelo nome.

— Sim?

— Quero falar a sós com Raoul.



Não havia necessidade de maiores explicações. Ela se precipitou ao quarto de Merrick.

Assim que os dois ficaram sozinhos, um silêncio tenso se instalou. Merrick permanecia de braços cruzados. Não dis­se nada. Somente o brilho gélido de seus olhos traduzia seu desprazer.

Raoul, no entanto, não suportou a tensão.

— O que quer que eu diga, Merrick? — Ele expressou um sorriso sem-graça. — Ela é deliciosa, não acha? E não é a primeira vez que nos interessamos pela mesma mulher. Além disso, você ainda não dormiu com ela.

— Como sabe?

— Escutei a moça dizer à irmã. — Raoul deu de ombros. — Se não consegue lidar com ela, eu posso...

— Não a toque novamente, a menos que queira perder uma das mãos — Merrick comunicou sem se alterar. — Eu detestaria ter um aleijado em meu exército, Raoul. Fui claro?

Ele apenas assentiu.

— Excelente — Merrick murmurou. — A jovem não está à disposição de nenhum de vocês. Certifique-se de que todos saibam disso.

Mais uma vez, Raoul assentiu e se foi em seguida. Merrick esperou que ele desaparecesse e então marchou até seu quarto.

Alana achava-se sentada diante da lareira. Assim que Merrick entrou, ela pulou. Com o olhar fixo nela, o normando permaneceu estático à soleira da porta.

Nervosa, Alana mudou de posição na cadeira.

— O que foi? — perguntou. — Por que está me olhando desse jeito?

Por um instante, acreditou que ele não fosse responder.

— Você causa problemas em situações inesperadas, saxã.

— O que quer dizer?

— Só isso. De agora em diante, não vai mais servir os sol­dados. Servirá apenas a mim.

— O quê? — Alana perguntou, indignada. — Já não tem escravas suficientes a seu dispor?

Merrick se aproximou até quase colar o corpo em Alana.

— Você não entendeu, senhora? Resolvi que seus deveres agora são outros.

Ela o fitou, desconfiada.

— Como assim? Você nunca disse que queria...

— Vejo que entendeu. Vai me servir, saxã. Fará o que eu quiser. Quando eu quiser.

Por um instante, tudo o que ela pôde fazer foi encará-lo em total perplexidade.

— Acha mesmo que não sei o que pretende? — Alana por fim explodiu. — Quer judiar de mim por eu ter tenta­do fugir!

Merrick acariciou o rosto delicado.

— Não. Faço isso para agradar a mim mesmo. E você vai me satisfazer, mulher.

— Prefiro ficar encarcerada no calabouço sem nunca mais ver a luz do dia!

— Disso eu não duvido. Aliás, pensei em fazer algo seme­lhante. Você é uma tentação, saxã, e admito ter sido tolo por imaginar que ninguém a molestaria. Notei o jeito famélico com que meus homens a olharam esta noite.

— Não — Alana negou, surpresa. — Está enganado.

— Não estou. Eles a despiram com os olhos. Cobiçaram você sem disfarçar. Mas somente eu terei aquilo que dese­jam. Não vou dividi-la com ninguém e todos saberão disso.

— E quanto a mim? E minhas vontades? — ela desaba­fou. — E ainda se pergunta por que tento fugir daqui! Meu Deus, eu faria um pacto com o diabo só para me livrar de você, normando!

— Prefere Raoul?

Raoul. A menção daquele nome a fazia estremecer de repulsa. Mas Alana odiava Merrick ainda mais por causa da zombaria sádica à qual a submetia. Acima de tudo, odia­va-o pelo poder que exercia sobre ela.

— Não? Folgo em saber. — Merrick pousou as mãos sobre os ombros de Alana. — Vai me servir do jeito e na hora que eu desejar. E começará esta noite. — O tom de voz foi tão suave que ela sentiu um arrepio súbito. Seria deleite ou medo?

Merrick a tomou nos braços. Estavam tão colados que Alana não sabia discernir as próprias batidas do coração. Ela fechou os olhos, ciente de uma estranha sensação inte­rior. Certamente não queria ser beijada... ou queria?

Mas os lábios másculos não a beijaram porque houve uma batida violenta à porta.

— Meu senhor — alguém gritou. — Venha. Seu sobrinho, Simon... Temo que ele esteja morrendo!

Capítulo VIII

O humor de Raoul estava péssimo. Um dia, jurou a si mes­mo, Merrick não seria o senhor todo-poderoso. Sim, um dia os papéis se inverteriam!

Após percorrer alguns passos, um movimento chamou-lhe a atenção. Escondida sob a sombra de uma porta aberta esta­va a meia-irmã de Alana. Ela tentou fugir ao perceber que fora descoberta, mas Raoul foi mais ligeiro. Com um grunhido de raiva, ele a puxou.

— Maldita mulher, sei o que pretende. Estava me espio­nando, não estava? — ele perguntou.

— Talvez eu devesse fazer a mesma pergunta a você! — Sybil atacou.

Raoul não refutou.

— Sim, vi você no hall quando eu falava com Alana — Sybil disse. — Escondeu-se embaixo da escada para escutar o que dizíamos. — Ela sorriu. — Raoul, acho que temos mui­to em comum.

A saxã o fitou com explícito atrevimento. As mãos pousa­ram nos quadris generosos. Ela não se abalava com o decote do vestido que expunha a protuberância dos seios fartos.

— Mais do que imagina — Raoul murmurou.

Sybil nem sequer estremeceu diante do olhar lascivo. Pelo contrário, correspondeu ao gesto. Ali estava uma mulher que tinha consciência do poder que exercia sobre os homens e o usava para tirar vantagem, Raoul pensou. Um traço admirável, embora não permitisse que mulher nenhuma o controlasse. Não, preferia admirá-la de maneira mais prazerosa.

Um desejo primitivo já começava a borbulhar dentro dele. Seus olhos brilharam. As duas irmãs, embora fossem diferen­tes, eram lindas. O orgulho arrogante havia sido ferido por aquela que desejava. Mas se contentaria, por enquanto, com a outra.

Raoul pegou uma vela do espigão preso à parede. Rapidamente esquadrinhou o primeiro cômodo que viu. Não havia armas ou baús. Portanto, ninguém voltaria ao quarto para pernoitar.

Sybil deu um gritinho quando ele a puxou com força.

— Vi o jeito que olha para Merrick. Você o quer — Raoul grunhiu. — E eu quero sua irmã. Então vamos nos divertir nesse ínterim.

No mesmo segundo, ele a abraçou com violência e a bei­jou em igual intensidade.

— Pare — Sybil disse quando finalmente conseguiu uma brecha para respirar. — Não precisa ser agressivo. Não vou rejeitá-lo.

— Por que não, mulher? Não despreza os normandos como sua irmã?

— Não — ela respondeu. — Não ligo se é ou não normando. Você tem charme, é musculoso — Sybil percorreu o corpo de Raoul com os olhos — e bem-dotado pelo que pos­so observar.

Pelo jeito, não é tão fria quanto Alana. Sybil riu.

— Eu lhe dou minha palavra, Raoul, que vou agradá-lo muito mais que ela.

Ele permitiu que Sybil se desvencilhasse. Sem o menor pudor, ela deixou o vestido escorregar pelos ombros. Depois foi a combinação e, segundos depois, estava nua.

Lascivo, Raoul a observava. Os seios fartos e alvos possuíam mamilos enormes. As curvas sinuosas do corpo o seduziam. Sem tirar os olhos dele, Sybil lambeu a ponta dos dedos e acariciou os mamilos para intumescê-los.

Excitado, Raoul despiu-se e começou a acariciar o pró­prio membro, enquanto Sybil brincava com o próprio corpo.

Ao perceber por que Raoul respirava rapidamente, ela sentiu ondas de calor percorrendo o local secreto entre suas coxas. No mesmo instante, ajoelhou-se diante do soldado.

— Permita-me — pediu.

Raoul apoiou-se na parede e gemeu de prazer. Aquela mulher o levava ao paraíso.

— Chega. — Ele a levantou e a beijou com volúpia. Sybil se entregou sem reservas. — Diga-me, mulher. Está tão pre­parada quanto aparenta? — Raoul indagou, ainda beijando-a.

Como resposta, Sybil abriu as pernas, convidativa. Afoito, Raoul a acariciou.

— Sempre me perguntei — ela disse com um sorriso sedu­tor — como vocês, normandos, fazem sexo. — Os olhos de Raoul cintilaram. — Mostre-me, normando. Mostre-me sua proeza com sua lança de aço.

Então Raoul a agarrou pelos quadris e a ergueu para pene­trá-la. O ritmo frenético originou espasmos de êxtase em Sybil. Ela se amparou nos braços de Raoul e um suspiro de profundo arrebatamento emergiu de sua garganta.

A união foi selvagem e avassaladora. Não usaram a cama nem mesmo a mesa. Havia apenas respiração ofegante e gemidos, os sons da luxúria.

Dada a aparência debilitada, Simon estava muito doente. Com o rosto pálido, o rapaz se contorcia de dor no chão. Merrick ajoelhou-se ao lado dele.

— Simon — chamou, preocupado. — Meu Deus, garoto, o que há com você?

Simon era pura agonia.

— Minha barriga — ele gemeu. — Há espadas em minha barriga. — Simon tinha o olhar suplicante. — Ajude-me, tio. Por favor, ajude-me.

Nunca em toda sua vida Merrick se sentira tão impoten­te. Um medo acre o dominou. Temia que seu sobrinho pudes­se morrer.

Não... não! Isso não podia acontecer. Geneviève confiara o único filho a seus cuidados. Não podia decepcioná-la... não podia decepcionar Simon!

A mente de Merrick girava. Não haviam trazido nenhum físico da Normandia. Aliás, não havia ninguém a quem pudessem recorrer. Como aquilo acontecera? Como?

De súbito, uma possibilidade lhe surgiu.

— Levem o menino para o quarto em frente ao meu — ele ordenou. Em seguida, marchou até seus aposentos.

Alana pulou da cadeira quando a porta se abriu.

— Como ele está? — perguntou. — Simon está bem?

— Talvez você possa me responder, senhora. — Merrick cerrou os dentes.

O semblante era terrível demais. Alana sentiu a boca ressecar. O ar se tornou pesado e quente ao extremo.

— Não entendo o que quer dizer — ela declarou.

— Prefere bancar a inocente, mas vou descobrir a verdade.

Alana gritou quando Merrick apertou-lhe o braço e a arrastou até o outro cômodo. Estava zonza quando ele parou ao lado de uma cama. Seu coração se apertou ao ver o esta­do de Simon.

— Ele passou a maior parte do dia com você, saxã — Merrick esbravejou. — E alguém os viu discutir. Isso é obra sua? Lançou algum feitiço sobre meu sobrinho para que adoecesse e morresse?

Que ultrajante! Agora era Alana quem se magoava por ele imaginar que pudesse ser tão cruel.

— Não! Por Deus, ele é apenas um garoto...

— Um normando. E você deixou muito claro como se sente a nosso respeito.

Alana olhou para Simon. Ficou evidente que o jovem padecia de alguma moléstia. Os joelhos estavam flexiona­dos e ele gemia constantemente. Ela tocou-lhe a testa. A pele ardia como fogo e estava banhada de suor.

— Eu jamais machucaria seu sobrinho — ela murmurou. — Eu nunca feriria ninguém.

Merrick bufou e se virou.

— Espere! — Alana correu atrás dele. — Posso ajudá-lo, se me deixar.

— Você? — Merrick a fitou com desgosto.

— Sim. Minha mãe era a curandeira da aldeia. Eu a auxi­liei várias vezes ao longo dos anos, desde que aprendi a andar.

Sem nada dizer, ele meramente a encarou.

— Pergunte a Sybil, se não acredita em mim. Pergunte aos aldeões. Eles não mais quiseram se relacionar comigo depois que ela faleceu, mas Deus é testemunha de que minha mãe me ensinou tudo sobre ervas e poções.

Com a mão trêmula, Alana tocou o braço de Merrick. Mesmo assim, ele continuou calado.

— Por favor — ela implorou. — Só poderei ajudar Simon, se você permitir.

Quando imaginou que ele declinaria, escutou-o dizer:

— Sem truques, saxã. Apenas cure-o. Se fizer algo mais, pagará muito caro.

Alana assentiu. Um tremor a percorreu quando se virou. Precisava salvar o sobrinho de seu algoz. Ela examinou Simon, enquanto sua mente trabalhava furiosamente. A mãe lhe ensinara tudo, entretanto, como usasse pouco suas habi­lidades, receava tê-las esquecido. Rezou para se lembrar. E rezou para que Simon sobrevivesse.

Pois, do contrário, ela também morreria.

Provavelmente alguma força divina olhava por ela naque­le dia. Alana agradeceu ao fato de ter tido a precaução de pegar a bolsa com as ervas de sua mãe. Simon ardia em febre, embora tremesse de frio da cabeça aos pés. A dor dilacerava seu corpo todo. Ele se agitava de tal maneira que não conse­guia repousar.

Alana preparou um chá que ajudaria a aliviar a eóli­ca. Merrick a espiava, sempre atento, sempre em guarda. Deixava-a tão nervosa que ela quase derrubou o cálice onde pusera o líquido quente.

Respirando fundo, olhou para ele.

— Precisa me vigiar o tempo todo? Merrick cruzou os braços.

— Eu a estou vigiando para me certificar de que não vai envenená-lo.

— Não quero envenená-lo. Preparei algo para aliviar a dor de barriga.

— É mesmo? — Ele cheirou o chá. — O odor é fétido, saxã.

— Se o tranqüilizar, normando, posso beber o líquido primeiro.

Assim que Merrick assentiu, Alana tomou um gole gene­roso do chá. Após um momento, ele concedeu.

— Prossiga.

Decidida a esquecer a presença de Merrick, Alana se concentrou no enfermo. A condição de Simon se agravava. O jovem não conseguia engolir nada. A febre aumentava.

Em princípio, supôs que Simon houvesse ingerido alguma comida estragada. Mas ninguém além dele tinha adoecido. Mais de uma vez, ocorreu-lhe que Merrick podia ter razão.

Alguém realmente envenenara seu sobrinho.

Passou toda a noite trocando compressas frias que apli­cava no corpo do garoto. Ele permanecia inconsciente e não conseguia ingerir nem comida nem água. A eólica continua­va a prevalecer. A respiração tornou-se rápida e laborio­sa. Os lábios racharam e a pele ficou tão pálida quanto um pergaminho.

Alana começou a se desesperar. A mãe lhe avisara inú­meras vezes que tais sinais eram perigosos. Só conseguiria ajudá-lo, se Simon conseguisse beber o chá!

De repente, resolveu tentar outro método. Pegou um peda­ço de junco e o encheu de chá. Como a planta cilíndrica fosse fina, ela podia encaixá-la no canto da boca de Simon e fazê-lo beber gota após gota o chá que havia preparado. Com uma paciência infinita, Alana lá permaneceu horas a fio, rezando para que o organismo do jovem absorvesse doses suficientes do preparado a fim de eliminar a cólica.

Durante três longos dias, não arredou pé da cabeceira de Simon. Merrick continuava a vigiá-la. O fato de ele examinar cada movimento atrapalhava sua concentração. Em várias ocasiões, ordenou em vão que ela saísse para descansar. Sem dúvida, o normando acreditava que ela não fosse conseguir salvar o sobrinho. Mas ela provaria a Merrick que não havia mentido, custasse o que custasse.

Seus esforços foram recompensados na noite do terceiro dia. A febre se foi. A respiração de Simon estava quase nor­mal. Ele dormia tranqüila e profundamente.

Alana deduziu que a crise havia passado. O alívio que sentiu foi gigantesco. Bêbada de cansaço, resolveu recostar-se por um minuto apenas. Fecharia os olhos só por um instante.

Foi assim que Merrick a encontrou quando voltou ao quar­to depois de jantar. Sentada em um banco, ela estava inerte e com a cabeça baixa, dormindo, ele concluiu.

Em silêncio, aproximou-se da cama. Notou que a tez de Simon voltava ao normal e que ele parecia estar repousando em paz. Tocou então a testa do sobrinho. Graças a Deus, a febre desaparecera!

Merrick voltou a atenção a Alana. A despeito dos esfor­ços de endurecer o coração, havia algo de vulnerável enquan­to ela dormia.

— Saxã — chamou-a em um murmúrio suave. Parou e, após viver um raro momento de indecisão, tocou-lhe o ombro. — Saxã — disse um pouco mais alto. Mesmo assim ela nem sequer se mexeu.

Estava exaurida, Merrick concluiu, um tanto surpreso. Ela não permitira que ninguém a substituísse nos cuidados para com Simon. Nunca vira uma mulher tão teimosa como ela! Embora o irritasse, tal traço era digno de respeito. Não podia recriminá-la. Se não fosse por Alana, Simon estaria morto.

Determinado, chamou uma criada para vigiar o sono do sobrinho e, quando retornou ao quarto, tomou Alana nos braços. Deus, ela pesava um pouco mais que uma criança.

Em seus aposentos, puxou as cobertas de pele e a acomo­dou na cama. Tirou os trapos de couro que cobriam os pés delicados para, em seguida, livrá-la do vestido encardido. Mas a tarefa não terminou. Ao desamarrar o laço da combi­nação, notou que o tecido, de tão puído, rasgou quando ten­tou puxá-lo.

Uma estranha sensação o assolou. Não era do tipo que ousava desprezar uma tentação tão adorável quanto aquela. Nua e maravilhosa, Alana, mesmo adormecida, parecia ter sido feita para o deleite de um homem. Podia contar cada costela de Alana, embora ela houvesse engordado um pouco desde que chegara a Brynwald.

Os seios pequenos possuíam mamilos rosados. O ventre movia-se lentamente, revelando o sono tranqüilo. Uma penugem dourada cobria o tesouro entre as pernas. Apesar de ser magra, Alana emanava uma feminilidade que atiçava a fome sexual de Merrick. Na pele alva não havia nenhuma mácula. Sabia que se a tocasse, a sensação seria de pura seda.

Ele não conseguia se conter. Os lábios carnudos estavam entreabertos. Era como se ela implorasse para ser beijada. De súbito, foi exatamente isso que Merrick desejou: beijá-la sem cessar. Provar a essência de Alana. Perder-se dentro dela para sentir as chamas ardentes da paixão.

Com a ponta do dedo, ele traçou o mamilo rosado. A pele arrepiou-se e enrijeceu. Ele ficou fascinado. Mesmo dormin­do, Alana correspondia. Ela o desafiava e seria capaz de lutar com ele até o fim, mas o corpo sensual não era tão imune a ele quanto ela pretendia.

Um sorriso lânguido curvou-lhe os lábios. Caso desco­brisse que ele a tocava desse jeito, Alana o amaldiçoaria sem dó nem piedade.

Contudo, Merrick não abusaria daquela fragilidade. Não, ele a queria desperta. Almejava observá-la quando a levasse ao clímax. Desejava escutá-la gemer de paixão e sentir o cor­po feminino estremecer de êxtase.

Engolindo o arrependimento, ele se despiu. Quando se aproximou da vela para apagá-la, divisou o brilho dourado de um par de olhos encarando-o embaixo da cadeira.

Era o gato, o mesmo que deixara marcas das garras em seu ombro.

Marchou até a porta e a abriu.

— Saia! — ordenou em voz baixa ao gato. — Vá embora, seu felino miserável!

Depois de balançar o rabo, o gato correu em direção à porta e saiu.

Finalmente Merrick conseguiu paz para se deitar ao lado de Alana. Puxou-a para si e fechou os olhos. Em instantes, adormeceu profundamente.

Mas Alana não conseguia paz.

Estava tão cansada, tão exaurida que, embora houvesse adormecido rapidamente, o sono não representou um bálsamo curativo. Na profundidade do abismo obscuro no qual se refugiara, a mente agitada não lhe dava sossego. Um espíri­to das trevas a atormentava. E havia o sonho, o sonho que ela temia...

As imagens emergiram novamente.

Eram as mesmas, mas diferentes...

Ela estava perto do mar. O odor de água salgada era inconfundível. A força do vento erguia seus cabelos e suas saias. O som das ondas chegava a seus ouvidos. A linha divi­sória entre o oceano e o céu parecia enegrecida.

Mas, de uma só vez, o aroma do mar se tornou o fedor da morte, saturado e nauseante. Imagens e formas se contorciam e circulavam em todas as direções. As trevas avançavam e a envolviam aponto de impedi-la de respirar. Desesperada para fugir, começou a correr, como se espíritos malignos a perseguissem. Sim, talvez fosse verdade porque ele apare­ceu outra vez.

Estava sentado em seu corcel negro. Sob o elmo, os olhos cintilavam. O pavor a congelou por dentro. Ele ergueu a espada. Mesmo paralisada de medo, pôde ver aquela lâmina descer em sua direção...

Não conseguia se mexer. Só podia gritar e gritar e gritar...

— Saxã, acorde! Está segura. Escutou, menina? Está segura.

Segura? Alana reconheceu a voz. Reconheceu os bra­ços fortes que a seguravam. Em algum ponto distante de sua mente, sabia que despertava. A luz da vela iluminava sua cabeceira. Mas a outra parte de si não conseguia compreen­der tal conforto, muito menos vindo dele!

Não! Nunca estaria segura. Naquele instante, só sabia que Merrick era o que mais temia... tudo que mais a apavorava.

— Não me toque! — Aos prantos, Alana pulou da cama e colou-se à parede, agarrada a uma pilha de peles.

— Que loucura é essa? — Merrick indagou, agastado. — Foi um sonho. Entendeu? Os sonhos não são reais. Não podem machucá-la.

— Está enganado. Não é apenas um sonho. Vai acontecer. Acredite, vai acontecer.

— Fale-me do sonho, saxã. — Ela nada disse. Permaneceu estática, como se o terror a tivesse paralisado. — Vamos, Alana — ele pediu outra vez. — Conte-me o que a assus­ta tanto.

Sôfrega, ela meneou a cabeça.

— Vi a morte — sussurrou. — Vi as trevas. Vi você.




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