cidade de Sorocaba (SP), em 2015.
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O trabalho na era da globalização
O sociólogo francês Robert Castel (1933-2013) localizou nas transformações
do mundo do trabalho, sobretudo nas últimas décadas do século XX, grandes
ameaças que assombram a sociedade contemporânea: o crescimento do
desemprego, a precarização do trabalho, a fragmentação da classe
trabalhadora e o comportamento individualista. Esses fatores deixam parte da
população mundial sem perspectivas de inclusão social, ou seja, de ter
acesso e participar de determinadas instituições ou instâncias da sociedade,
como o sistema educacional, o cuidado com a saúde, os direitos sociais
básicos. Políticas públicas de habitação, educação e trabalho são exemplos de
meios para promover a inclusão social e atenuar as desigualdades sociais.
A desigualdade no âmbito do trabalho vem se intensificando à medida que se
ampliam os postos de trabalho precários, ou seja, sem estabilidade e com
menos garantias para o trabalhador. Também se reduzem os empregos
formais - aqueles empregos protegidos pelas leis trabalhistas - e os contratos
por tempo indeterminado, enquanto são ampliadas as formas de trabalho de
tempo parcial, instável, sem jornada definida, etc. A diminuição da estabilidade
salarial, que significa remuneração fixa e paga em determinado dia do mês,
tem provocado questões sociais preocupantes nas últimas décadas. Uma
parcela dos trabalhadores se vê ameaçada de perder o emprego em razão das
oscilações na economia ou ainda pelo fato de suas profissões correrem o risco
de perder a relevância ou, simplesmente, desaparecerem.
Essas mudanças que configuram redução da estabilidade do trabalhador ou,
conforme o contexto, precarização das condições de trabalho ou de salários,
ocorrem com maior frequência nos países pobres e emergentes, onde se
concentram os empregos menos qualificados, em razão da divisão
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