Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Silvia Maria de Ara jo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi M.docx

mercado   de   trabalho  dos   países   menos   desenvolvidos,   favorecem   a

ampliação dos lucros. São consequências desse processo: o desemprego, uma

classe trabalhadora com grandes diferenças internas quanto à qualificação e às

condições de trabalho (o que contribui para desuni-la) e a desigualdade que se

aprofunda entre as classes sociais.

O desemprego e a precariedade no mercado de trabalho não se restringem aos

países pobres ou em desenvolvimento. Em 2008 iniciou-se nos Estados Unidos

uma crise que se alastrou para outras economias desenvolvidas e aprofundou

as   dificuldades   financeiras   e   sociais   também   nos   países   europeus.   Desde

então   esses   países   vêm   experimentando   grandes  deficits  de   postos   no

mercado de trabalho: não há espaço para idosos ou jovens sem experiência

nem para aqueles que não possuem qualificação. Esses são os "excluídos" do

sistema   capitalista,   afirma   Castel   -   não   estão   integrados   socialmente,   não

produzem nem consomem.

A   "inutilidade   social"   daqueles   que   não   têm   lugar   no   mercado   de   trabalho

também os desqualifica em outras esferas da sociedade, como na participação

política.  Esses  indivíduos  ficam  desprovidos da cidadania, o  que agrava as

desigualdades   sociais.   A   sociedade   de   maneira   geral,   por   meio   de   suas

instituições,   costuma   estabelecer   critérios   para   o   acesso   dos   cidadãos   aos

serviços públicos, ao emprego e ao consumo.  Assim,  alguém que  não tem

instrução suficiente e fica muito tempo desempregado ou que se insere apenas

em postos de trabalho e atividades informais, sem garantia de rendimentos e




sem endereço fixo, por exemplo, tende a permanecer em situação precária.

Isso ocorre na medida em que o emprego formal (que garante direitos) e o

qualificado (que remunera melhor), as vagas em escolas e creches, o acesso

ao consumo e o reconhecimento social são destinados prioritariamente àqueles

que   têm  como   atestar   suas   qualificações   e  habilidades,   suas   condições  de

vida, de saúde e de cidadania.

Os   países   desenvolvidos   ainda   são   os   que   mais   atraem   trabalhadores   de

outros  países.  Porém,  cada  vez  mais  trabalhadores migram das economias

avançadas,   particularmente   dos   países   europeus,   para   países   em

desenvolvimento, à procura de trabalho que garanta melhores condições de

vida para si e suas famílias. De acordo com relatório da OIT (2013), há 231,5

milhões   de   pessoas  vivendo  em  países   diferentes  daquele   onde  nasceram.

Esses grandes fluxos migratórios são provocados por diversos fatores políticos,

econômicos e culturais, entre outros (guerras, conflitos étnicos, crise, escassez

de emprego e oportunidades de trabalho, etc.) e têm aumentado neste início de

século.


Ainda   segundo   a   OIT,   embora   tenha   havido   redução   da   pobreza   entre   os

trabalhadores do mundo, no início dos anos 2000, cerca de 900 milhões de

trabalhadores nos países em desenvolvimento ainda não atingiram uma renda

de US$ 2 por dia e permanecem pobres, representando um terço do total dos

trabalhadores.

LEGENDA: Homens de diferentes partes da África e da Ásia em campo de

refugiados em Calais, na França. Foto de 2016. Conflitos e guerras também

afetam as oportunidades de trabalho, levando milhões de pessoas a procurar

melhores condições de sobrevivência em outros países.

FONTE: Philippe Huguen/Agência France-Presse




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