FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004/2013.
Mecanismos de discriminação étnico-racial no país se revelam na dinâmica do
mercado de trabalho. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese), realizado em 2010, mostra que a
população negra teve uma trajetória desfavorável para se manter ou ascender
no emprego, quando comparada com a dos não negros, nas principais Regiões
Metropolitanas do país. Aproximadas, as taxas de desemprego por cor, entre
2007 e 2010, indicam um maior número de desempregados negros. Em razão
da pobreza de parte dessas famílias, a entrada dos jovens no mercado de
trabalho costuma ser precoce, dificultando a conclusão dos estudos de nível
básico e o ingresso no ensino superior ou em cursos de qualificação. Por
exercerem trabalho precário, muitas vezes informal, essas pessoas precisam
permanecer mais tempo trabalhando para obter o direito de aposentadoria.
A segmentação do mercado de trabalho e as diversas formas de discriminação
estão, quase sempre, associadas à má distribuição da renda e à falta de
políticas sociais que valorizem o indivíduo. Atualmente, cotas e outras ações
afirmativas visam ampliar o acesso a bens ou serviços essenciais para as
parcelas menos favorecidas da população, promovendo a participação e
facilitando o acesso desses segmentos aos serviços oferecidos pelo poder
público.
Essas políticas de inserção tendem a amenizar o problema, mas se
concentram nas consequências, e não nas causas. A reserva de vagas em
universidades públicas e os programas oficiais de financiamento da educação
são algumas das formas de compensar parcialmente as dificuldades no acesso
de grande parte da população em idade escolar à educação de qualidade.
Porém, para uma efetiva repercussão dos efeitos da formação no mercado de
trabalho, é necessário mais tempo e investimentos, e, para uma participação
igualitária, outros fatores precisam somar-se à educação.
A educação formal e a qualificação profissional são importantes, mas não são
suficientes para a geração de empregos ou para garantir a manutenção das
pessoas em seus postos de trabalho. Principalmente se atitudes
discriminatórias, sejam elas de gênero, étnico-racial ou outras, mantiverem-se.
LEGENDA: Manifestação por cotas raciais nas universidades públicas, em São
Paulo (SP), em 2014.
FONTE: Taba Benedicto/Futura Press
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