As implicações da terceirização
Em geral, as empresas terceirizadas assumem funções auxiliares nas
empresas contratantes, como limpeza, segurança, cozinha, transporte, ou
fornecem componentes prontos (por exemplo, peças ou sistemas para uma
indústria automotiva). Muitas vezes, porém, há a terceirização da atividade-fim,
ou seja, a atividade fundamental da empresa contratante. É o que acontece,
como exemplifica o sociólogo brasileiro Sandro Ruduit Garcia (1976-), quando
uma empresa prestadora de serviços de telecomunicações transfere para
outras empresas as tarefas de instalação de terminais telefônicos.
Reflexo da pressão, cada vez maior no capitalismo contemporâneo, pela
redução de gastos e aumento de lucros, a terceirização contribui para a
precarização das condições de trabalho e de salários. Em alguns casos, as
empresas terceirizadas oferecem salários abaixo da média a seus funcionários,
a fim de tornarem-se competitivas e de serem contratadas por outras
empresas. Em outros, para dar contornos de legalidade ao trabalho de
indivíduos sem registro, as contratantes exigem que o trabalhador faça seu
registro como uma microempresa para, em seguida, contratá-lo como pessoa
jurídica. Nesses casos, além de ficar desprovido dos direitos trabalhistas, o
trabalhador precisa arcar com os encargos tributários e outras despesas de
manutenção de uma empresa.
LEGENDA: A charge de Laerte, de 2013, retrata quanto o trabalhador
terceirizado está exposto à instabilidade em relação aos direitos trabalhistas.
FONTE: Laerte/Acervo do artista
Fim do complemento.
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Apesar dessas condições desfavoráveis para os trabalhadores terceirizados,
boa parte do empresariado e dos parlamentares e alguns estudiosos da
economia do trabalho viram na regulamentação da terceirização medida
necessária para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no
mercado internacional e uma forma de modernizar a legislação brasileira.
LEGENDA: Protesto contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, em
São Paulo (SP), 2015.
FONTE: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
E você, o que pensa sobre a terceirização? Você conhece alguém da sua
família e/ou tem amigos que trabalham em uma empresa terceirizada?
Converse com eles a respeito e veja o que pensam da condição deles.
A tendência a flexibilizar a produção, o trabalho e os produtos perpassa todas
as esferas da sociedade e a própria vida dos indivíduos, do mercado de
trabalho aos padrões de consumo, analisa o filósofo austro-francês André Gorz
(1923-2007). Com o intuito de atingir outros mercados, surgem novos setores
de produção, e as empresas intensificam os investimentos em inovações
comerciais, tecnológicas, mercadológicas e organizacionais. Esses são
aspectos fundamentais do fenômeno que o geógrafo britânico David Harvey
(1935-) denomina acumulação flexível.
As condições de trabalho tornam-se precárias em razão da redução do número
de trabalhadores contratados e de sua incorporação como terceirizados à
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