diretamente ligados a ela. As fronteiras entre trabalho e família quase
inexistiam.
se confundia com a moradia do trabalhador: instrumentos de trabalho,
laborais - o escritório, a fábrica, a loja, a oficina, etc. Essa distância física,
entretanto, desde as últimas décadas do século XX, foi quebrada com o avanço
das tecnologias de informação e comunicação (TIC): surgiram os trabalhadores
a distância, conectados ao negócio por meio dos computadores, muitas vezes
instalados em domicílio, com toda a informatização dos processos produtivos,
associando ainda mais máquinas e equipamentos ao trabalhador.
Se o teletrabalho é uma das modalidades que emergiu a partir da revolução
informacional desde os anos 1970, o trabalho em domicílio, isto é, quando o
trabalhador o realiza em casa, também ganha espaço e, em alguns setores
econômicos, torna-se uma realidade. Nesse caso, as fronteiras entre o tempo
de trabalho e o de descanso desaparecem, tornando indistintos os espaços
público, do trabalho, e privado, da casa.
Fim do complemento.
159
Os direitos dos trabalhadores, conquistados pelas lutas sociais, visaram
assegurar regras trabalhistas para conter a exploração do trabalhador. São
conquistas quanto à segurança, à possibilidade de fazer carreira, de receber
salários fixos ao final do mês. Acontece que esse processo se interrompeu nos
anos 1970, por meio de políticas neoliberais que tentaram desconstruir os
direitos do trabalhador e flexibilizar as práticas do trabalho, como resposta à
série de crises que acabaram com a chamada "era dourada" do capitalismo,
em curso desde 1945. Isso, somado ao processo de reorganização das
empresas, que buscaram transferir a produção para novas fronteiras do
trabalho, como a China e outros países de baixo custo de mão de obra,
contribuiu para o aumento de formas de trabalho precário e que contrariam
direitos humanos e as normas constitucionais. São exemplos disso o trabalho
forçado, o trabalho infantil, as condições insalubres de trabalho, entre outros.
O geógrafo britânico David Harvey, em seu livro O novo imperialismo, destaca
que vivemos hoje um regime de acumulação por espoliação. Esse processo
inclui a expropriação de terras de populações pobres e a privatização de bens
públicos, um processo histórico antigo que tem se atualizado como forma de
acumulação do capital, e, por fim, a espoliação dos direitos da classe
trabalhadora.
LEGENDA: Trabalhadores reciclam leitores de CD em uma oficina em Guiyu,
na China, em 2015. A cidade é um dos principais locais de despejo de lixo
eletrônico do mundo, recebendo até 15 mil toneladas de resíduos por dia. Os
trabalhadores estão sujeitos a contaminação por metais pesados e a condições
insalubres de trabalho e os moradores sofrem com a contaminação dos rios e
solos.
FONTE: Tyrone Siu/Reuters/Latinstock
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