Explosões atribuídas aos Boko Haram deixam mortos na Nigéria
G1,
21
set.
2015.
Disponível
em:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/explosoes-atribuidas-aos-boko-
haram-deixam-mortos-na-nigeria.html. Acesso em: 22 set. 2015.
Décimo monge tibetano ateia fogo ao corpo em protesto na China
ESTADAO.com.br,
26
out.
2011.
Disponível
em:
www.estadao.com.br/noticias/internacional,decimo-monge-tibetano-ateia-fogo-
ao-corpo-em-protesto-na-china,790716,0.htm. Acesso em: 09 jul. 2015.
As manchetes acima, publicadas em diversas mídias no Brasil, destacam
conflitos em que diferenças religiosas são apresentadas como causa. Esses
conflitos, entretanto, não são os únicos. Podemos citar também, por exemplo,
as ações desencadeadas pelo Exército Republicano Irlandês, o IRA, inseridas
em uma disputa na Irlanda do Norte entre protestantes que desejam continuar
integrados ao Reino Unido e católicos que querem a união com a República da
Irlanda. A guerra entre palestinos e israelenses, desde a criação do Estado de
Is rael, em 1948, também está relacionada (embora não se limite) à questão
religiosa. O aspecto religioso também é invocado na disputa entre Índia e
Paquistão pela posse da região da Caxemira, de maioria muçulmana,
configurada como uma batalha entre hindus e muçulmanos. Em países
africanos - especialmente República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi
-, nos anos 1990, violentos embates foram apresentados como de caráter
étnico-religioso.
Será que é possível generalizar a denominação de tais conflitos como "guerras
religiosas"? Até que ponto a religião é realmente um fator determinante nesses
episódios? Será que, por trás da justificativa da religião, não existem outras
razões? Essas são questões que as Ciências Sociais e a História buscam
responder.
No conflito pela região da Caxemira (norte da Índia e do Paquistão) são
comuns as referências a diferenças religiosas. A historiografia, porém, aponta
também outros fatores motivadores para os conflitos, como as consequências
da colonização inglesa da região nos séculos anteriores e as divisões
incentivadas pela Inglaterra no período em que os indianos lutavam por sua
independência.
LEGENDA: Míssil exibido durante um desfile de comemoração do Dia da
República em Nova Délhi, Índia, 2015. A exposição de aparatos militares ao
público é uma maneira de intimidar oponentes políticos.
FONTE: B. Mathur/Reuters/Latinstock
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No caso do conflito entre árabes e judeus na Palestina, vale assinalar que,
apesar das guerras, da violência e sobretudo do ódio que o caracterizam nos
dias de hoje, povos de fé islâmica e judaica mantiveram relações harmoniosas
durante um longo período da história. Isso ocorreu na época em que os árabes
ocuparam a península Ibérica (711-1492), quando os judeus que lá viviam
desfrutaram de liberdade religiosa e cultural. Outro exemplo são as pequenas
colônias judaicas remanescentes no Oriente Médio que viviam em paz com a
maioria muçulmana há menos de um século.
A alegação de intolerância religiosa ou étnica, portanto, não parece suficiente
para explicar o conflito entre esses povos. Isso nos leva a considerar as
disputas políticas e os fatores sociais e econômicos em jogo.
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