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Boxe complementar:
Conflitos sociais
Para compreendermos melhor os contextos de confrontos inspirados por
motivos religiosos, é interessante nos determos sobre o conceito sociológico de
conflito social. Não é simples defini-lo, pois o risco de confrontação entre
adversários, indivíduos e/ou grupos remete à natureza do próprio sistema
social. Vejamos, então, algumas das diferentes concepções sociológicas de
ontem e de hoje.
Os teóricos do darwinismo social, como o filósofo inglês Herbert Spencer
(1820-1903), consideravam o conflito um ponto central para a compreensão da
presença do ser humano na face da Terra, na medida em que acreditavam na
"evolução" da sociedade como decorrente da "sobrevivência do mais forte". Já
a vertente funcionalista, inaugurada por Durkheim, contrapõe consenso e
conflito. Os funcionalistas reconhecem uma "dimensão conflitual" na sociedade,
ou seja, uma tensão permanentemente moderada pela solidariedade social.
Porém, consideram as situações conflituosas (conflitos étnico-raciais, guerras,
revoluções, etc.) disfuncionais, estados patológicos da sociedade que põem em
risco a integração social.
Com Weber, o conflito social passa a ser visto como uma ação cotidiana,
resultado de uma relação de concorrência entre indivíduos. Na teoria
weberiana, como cada um tem a intenção de fazer triunfar sua própria vontade,
o conflito perde o seu caráter "patológico" e aplica-se a todo sistema social.
Para algumas teorias, os conflitos sociais são responsáveis pelas mudanças
históricas centrais, como a interpretação dialética de Marx da luta de classes. O
norte-americano Lewis Coser (1913-2003) faz uma abordagem funcionalista da
teoria do conflito, considerando-o a mola para a renovação e a mudança da
sociedade, por gerar novas normas e novas instituições. Outro sociólogo
contemporâneo, o alemão Ralf Dahrendorf (1929-2009), observa que a
sociedade contemporânea vai institucionalizando o conflito, ou seja, origina
instituições de regulação dos conflitos, em que os parceiros se acertam e
recorrem a mediações e formas de conciliação próprias do mundo industrial.
Fim do complemento.
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