Duas grandes vertentes metodológicas marcam os estudos das Ciências
propõem um pensamento sobre a realidade social.
O positivismo na proposta de Comte
A consolidação do sistema capitalista e da burguesia, nos séculos XVIII e XIX,
encontrou suporte teórico no positivismo. Essa filosofia social distingue-se
pela observação e experimentação dos fenômenos, privilegiando a evidência
dos fatos.
A abordagem positivista faz uso dos métodos e dos critérios das Ciências
Naturais, sobretudo da Biologia, para explicar a sociedade. Auguste Comte,
autor da obra Curso de Filosofia positiva (publicada entre 1830 e 1842), que lhe
garantiu o título de fundador do positivismo, considerava que a ciência tem
normas preestabelecidas e se constitui num instrumento de transformação e
domínio da realidade física e social. Vem dessa ideia de controle da ordem
social o lema "prever para prover".
Comte, o primeiro autor a utilizar o termo Sociologia, recomendava estudar a
sociedade com o mesmo espírito que se estudam as ciências da natureza, isto
é, livre de juízos de valor - sem a interferência de preconceitos, opiniões e
valores do pesquisador nas análises. Em sua origem, a Sociologia foi marcada
pela visão de que a sociedade e os seus fenômenos poderiam ser apreendidos
e explicados de forma objetiva, com neutralidade da parte do investigador, a
fim de alcançar um conhecimento neutro, "positivo", fundamentado na
experiência, nos fatos verificados, testados e quantificados.
Ao buscar estabelecer os fundamentos gerais das explicações acerca da
ordem e da mudança social, Comte elaborou a Lei dos três estados (ou
estágios) da História, referindo-se à evolução da estrutura social e política e
aos ramos do conhecimento humano. Esse é um tipo de pensamento
evolucionista-social, que pressupõe uma ideia de progresso, organizado em
etapas universais. Assim, na história da humanidade, três estágios se
sucederiam:
· o teológico, cujas explicações associariam os acontecimentos "às ações de
um ou mais deuses";
· o metafísico (transitório), no qual os elementos explicativos da evolução
seriam a natureza e a razão, ou seja, entidades abstratas;
· o
positivo, que culminaria na busca de leis científicas para descrever e
explicar os fenômenos sociais, seguindo os passos das demais ciências.
O emprego de métodos das ciências da natureza para testar o conhecimento
sobre a realidade social implicava verificar os dados, as informações, admitir
explicações gerais, teorias abrangentes, e chegar a "verdades" ou certezas das
afirmações sobre a realidade. Como explicar os fenômenos sociais, uma
realidade tão distinta da realidade dos fenômenos naturais?
A influência do positivismo permanece na ciência, até mesmo nas Ciências
Sociais, em um conjunto de parâmetros teórico-metodológicos, no qual
conhecimento objetivo e verdade absoluta são equivalentes. As ações sociais,
no entanto, são históricas, acontecem numa realidade concreta,
contextualizada e em contínuo processo.
LEGENDA: Auguste Comte, fundador do positivismo, em retrato de Tony
Toullion, c. 1850.
FONTE: SPL/Latinstock
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