matrículas no Ensino Médio: no início dos anos 1990 eram menos de 4
milhões, número que passou para mais de 9 milhões de estudantes
matriculados na primeira década do século XXI.
Porém, como vimos, apenas 61,1% dos 10,4 milhões de jovens entre 15 e 17
anos estavam matriculados no Ensino Médio. Dos jovens dessa faixa etária,
15,7% sequer estudavam, ou por terem abandonado os estudos ainda no
Ensino Fundamental, ou por nunca terem ido à escola. Os demais estavam
defasados e ainda cursavam o Ensino Fundamental. Também é baixo o
número de concluintes do Ensino Médio.
O que acontece com os jovens? A luta pela sobrevivência no mercado de
trabalho (ou às margens dele) os tira da escola antes da hora? A escola não
lhes desperta interesse?
Primeiramente, é preciso se perguntar qual é a finalidade do Ensino Médio em
nosso país: cultura geral ou profissional? De um lado, temos a proposta de um
ensino de caráter humanístico, que visa dar ao aluno uma formação geral e
básica. De outro lado, há os que defendem um ensino "profissionalizante",
destinado a encaminhar os jovens para o mercado de trabalho. Esse dilema
nos coloca face a face com a relação entre educação e trabalho, evidenciando
que juventude e formação para o trabalho são temas ainda pouco discutidos
em nossa sociedade.
Educação e qualificação profissional, no entanto, não são sinônimos. O
trabalho significa a possibilidade de independência econômica, enquanto se
espera da escola o desenvolvimento de saberes para o aperfeiçoamento do ser
humano em vários aspectos.
Porém, enquanto persistirem as desigualdades sociais, muitos jovens
continuarão abandonando os estudos para buscar complementar a renda
familiar e, assim, estarão mais restritos para se inserir profissionalmente.
Adolescentes do programa Jovem Aprendiz reformam móveis do Palácio do
Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília (DF), em 2010.
Programas como esse se propõem a inserir o jovem estudante no mercado de
trabalho.
FONTE: Lula Marques/Folhapress