Entre alegrias, conflitos e angústias, o jovem na sociedade ocidental vive um
período no qual se questiona e busca sua própria identidade, construída
mediante relações familiares ou com integrantes de outros segmentos sociais,
como colegas de escola, de trabalho e de lazer.
Parte importante da identidade é construída na interação do indivíduo com o
meio social, ao definir traços comuns de conduta que implicam a ideia de
pertencimento a um coletivo. Numa sociedade globalizada como a atual, a
interação entre realidades locais e global marca os processos identitários.
A identidade da juventude se relaciona com cada época e contexto
sociocultural e pode ser percebida pelo comportamento, pela forma de se vestir
ou pelo consumo musical, entre muitos outros aspectos.
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As representações sociais da juventude ora trazem atributos juvenis positivos,
relacionados à mudança social, ora acentuam uma dimensão negativa,
acarretada pelos problemas de emprego e pela falta de perspectivas. A
socióloga brasileira Helena Abramo exemplifica: se, nos anos 1960, a
juventude era um "problema" por protagonizar uma crise de valores e um
conflito de gerações situado principalmente no terreno ético e cultural, a partir
da década de 1970 os "problemas" do emprego e da entrada do jovem na vida
produtiva praticamente transformaram a juventude em categoria econômica.
Nesse sentido, a juventude atual vê-se incentivada, especialmente pela
publicidade, ao individualismo e ao consumismo - comportamento
caracterizado pelo consumo em larga escala de bens materiais e simbólicos,
ainda que estes não apresentem utilidade prática.
LEGENDA: Três momentos da história da China: ao fundo, uma das
edificações da Cidade Proibida, sede do poder imperial chinês até 1912; no
muro, o retrato de Mao Tsé-tung (1893-1976), líder do movimento que
implantou o socialismo no país em 1949; em primeiro plano, jovem com
penteado e trajes da moda de influência ocidental contemporânea. Foto de
2011.
FONTE: Louis Quail/In Pictures/Corbis/Latinstock
LEGENDA: Jovem observa vitrine em shopping center no Rio de Janeiro (RJ),
em 2015. Como a juventude também se tornou categoria econômica, empresas
criam estratégias de venda direcionadas a esse público.
FONTE: Ana Branco/Agência O Globo
Entre 2013 e 2014, houve em grandes cidades brasileiras um fenômeno que
ficou conhecido como "rolezinho". Jovens, em geral moradores das periferias,
organizavam pelas redes sociais grandes encontros em shopping centers para
passear, namorar, cantar, entre outras coisas. Isso gerou uma reação tanto de
frequentadores e consumidores quanto dos gerentes desses estabelecimentos,
que buscaram impedir esses jovens de frequentarem, em grupos, tais espaços.
Desse contexto surgiram debates não apenas sobre os próprios rolezinhos,
como também sobre os motivos para a reação a eles.
Um elemento central em muitas das análises é que a tensão entre
organizadores e frequentadores dos rolezinhos, de um lado, e consumidores e
comerciantes dos shopping centers, de outro, decorreria da segregação social
presente na sociedade brasileira. Fenômenos como o do rolezinho estão
diretamente ligados ao estímulo ao consumo promovido pelos criadores desses
centros de consumo, que acabam se tornando também espaços de lazer com
usos não previstos por seus criadores.
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Veja a seguir uma interpretação sociológica para tais fenômenos, alinhada com
a análise do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-) de que a satisfação
dos consumidores é a maior ameaça para a sociedade de consumo:
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