China, em 2015.
FONTE: AsiaTravel/Shutterstock
ESTUDAREMOS NESTE CAPÍTULO:
as motivações e as estratégias empregadas pela Sociologia, pela
Antropologia e pela Ciência Política no estudo da sociedade
contemporânea. Ao evidenciar e explicar fenômenos como as
desigualdades sociais - demonstrando que não são "naturais", e sim
sociais -, as Ciências Sociais desvendam os mecanismos de dominação
social. Nas próximas páginas, você vai conhecer outros fenômenos e
abordagens, bem como aprimorar a sua capacidade de investigar, indagar
e refletir sobre a sociedade em que vive.
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As transformações da sociedade
De alguma maneira todos interagimos com os fatos que acontecem no mundo,
seja porque os estudamos, seja por estarmos informados sobre a nossa
comunidade, cidade, país e o mundo: um show, eleições, um desastre aéreo, a
safra recorde de grãos, a reforma da escola, as recentes crises econômicas
mundiais, entre tantas outras ocorrências.
No caminho para a escola, para o trabalho ou em outros percursos diários,
mesmo sem querer, vamos sendo informados sobre notícias divulgadas pelas
emissoras de rádio, pelas conversas paralelas que ouvimos nas ruas e nos
transportes públicos, pelas manchetes que estampam as capas de revistas e
jornais nas bancas e pelas publicações nas redes sociais. É uma quantidade
enorme de informações que nos dizem e não nos dizem respeito.
A principal função dos meios de comunicação é nos manter informados sobre
os acontecimentos. Na maioria dos casos, a repercussão das informações
veiculadas adquire proporções gigantescas, parecendo fugir ao nosso controle.
Mas como se chegou a esse ponto? É preciso ter em mente que vivemos em
sociedade. Isso significa que participamos de um complexo conjunto de grupos
sociais que têm laços entre si por meio do idioma, da cultura e das relações
pessoais, produtivas e de trabalho entre as pessoas. Assim, indivíduo e
sociedade influenciam um ao outro o tempo todo. O filósofo e sociólogo francês
Edgar Morin (1921-) mobiliza nossa compreensão sobre a relação entre
indivíduo e sociedade, que diz respeito à nossa própria forma de organização
social.
O ser humano define-se, antes de tudo, como trindade
indivíduo/sociedade/espécie: o indivíduo é um termo dessa trindade. Cada um
desses termos contém os outros. Não só os indivíduos estão na espécie, mas
também a espécie está nos indivíduos; não só os indivíduos estão na
sociedade, mas a sociedade também está nos indivíduos, incutindo-lhes, desde
o nascimento deles, a sua cultura. [...] a cultura e a sociedade permitem a
realização dos indivíduos; as interações entre os indivíduos permitem a
perpetuação da cultura e a auto-organização da sociedade.
MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade da humanidade. 3ª ed. Porto
Alegre: Sulina, 2005. p. 51-52.
FONTE: Felipe Rocha/Arquivo da editora
O século XX e as duas primeiras décadas do século XXI apresentaram
profundas e intensas transformações no modo de viver em sociedade:
fronteiras e alianças entre países se alteram; as grandes potências tentam
manter sua posição dominante; muitos povos e nações clamam por paz e
justiça; avanços tecnológicos surpreendem; a quantidade e a variedade de
informações aumentam; artistas e ativistas buscam ser ouvidos, vistos ou lidos.
As estruturas familiares se diversificam; instituições tradicionais da política ora
ganham, ora perdem credibilidade; a economia se torna mundialmente
interligada. Regimes políticos entram em colapso; mobilizações sociais
convergem e divergem sobre problemas e soluções para os problemas
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de seu tempo. Estamos imersos em mudanças que afetam nossos hábitos,
costumes, modo de pensar, estilo de vida, visão do mundo, forma de organizar
a vida coletiva. As mudanças sociais resultam de fatores culturais, políticos,
econômicos, religiosos que intervêm nas diversas dimensões da sociedade,
dando-lhe outro sentido.
Ao analisarmos tantas e tão aceleradas mudanças, poderemos perceber o que
é "ser contemporâneo". Ser contemporâneo é "estar no mundo", no presente,
participar do "aqui e agora" e, de certo modo, captar os anseios do nosso
tempo.
FONTE: Elio Rizzo/CB/DA Press
FONTE: Pascal Rossignol/Reuters/Latinstock
FONTE: Matt Rourke/Associated Press/Glow Images
LEGENDA DAS FOTOS: Cenas da vida contemporânea: jovens fazem
grafitagem em Guará, região administrativa de Brasília (DF), em 2011;
voluntária dá aula de francês para imigrantes em Calais, França, em 2015;
trabalhador opera robô em indústria de produtos plásticos em Hatfield, Estados
Unidos, em 2013. Entre outros aspectos, as Ciências Sociais se dedicam a
estudar as características e as transformações da cultura, das tecnologias, dos
direitos políticos e das relações sociais.
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Mesmo com a quantidade de notícias que recebemos, algumas mudanças
passam despercebidas porque, na maioria dos casos, já estamos acostumados
às transformações e ao seu ritmo e amplitude: chips minúsculos controlam
grandes máquinas e sistemas; a caneta que usamos na escola muitas vezes
nem é produzida em nosso país; computadores são fabricados em formatos e
tamanhos variados; telefones celulares nos conectam com inúmeros lugares e
pessoas. Com as constantes mudanças tecnológicas, temos a necessidade de
nos adaptar a valores e situações em rápida mutação.
Embora de modo heterogêneo e em diferentes graus, as tecnologias e os
processos de modernização vão aproximando, cada vez mais, campo e cidade.
Tal aproximação, contudo, não significa o desaparecimento de determinados
hábitos e características do mundo rural, trazendo novos desafios
interpretativos para as Ciências Sociais.
Para aqueles que têm acesso à comunicação, o mundo torna-se "pequeno",
muito próximo, mas não necessariamente mais igual. As relações sociais
continuam assimétricas, entre pessoas e nações. Embora a realidade em
nosso entorno se mostre com novas roupagens, o modo como a sociedade se
organiza perdura em suas características gerais.
Os cientistas sociais indagam constantemente sobre o que se altera e o que
permanece, o que rompe com estruturas antigas e o que se constitui como
novo na sociedade. As Ciências Sociais analisam e tentam explicar o que está
acontecendo nos âmbitos político, econômico, cultural e social da realidade
complexa que existe sob a aparência das mudanças sociais.
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