Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Além   das  relações   simbólicas



Yüklə 1,85 Mb.
Pdf görüntüsü
səhifə99/471
tarix01.01.2022
ölçüsü1,85 Mb.
#106913
1   ...   95   96   97   98   99   100   101   102   ...   471
Silvia Maria de Ara jo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi M.docx

90

Além   das  relações   simbólicas  que   nos   tornam   "pai",   "mãe",   "filho"   num

sistema de parentesco, a Antropologia tem se dedicado também a entender de

que   forma   a   organização   da   vida   comum   em   grupos   de   parentesco   ou

"famílias" influencia a construção de nossas visões de mundo. Janet Carsten,

uma antropóloga britânica, diz em seu livro After Kinship ["Após o parentesco",

sem   publicação   em   português]   que   a   "casa"   tem   uma   dimensão   física   -   o

espaço, as paredes, os objetos -, mas também uma dimensão simbólica. Ela é

formada pelas pessoas e pelas visões de mundo que orientam suas relações

umas   com   as   outras,   com   os   objetos   e   com   o   espaço,   relações   essas

exercitadas nos rituais do dia a dia. Segundo essa autora, a forma como a casa

está organizada, a forma como seus habitantes fazem as refeições ou dividem

tarefas são importantes momentos de construir, transmitir e reafirmar valores,

conceitos e visões de mundo.

Pierre Bourdieu partia dessa mesma percepção utilizando a instituição familiar

como   objeto   em   estudos   de   variados   assuntos,   entre   eles   o   de   como   a

estrutura desigual da sociedade se mantém de forma tão sólida. As famílias e

outros   grupos   sociais   transmitem   a   seus   membros   uma   série   de   valores,

formas de se comportar e visões de mundo, criando uma identidade própria

que   lhes   permite   dizer   quem   são   seus   "semelhantes".   Esse   conjunto   de




maneiras   de   agir   e  sentir   que   os   indivíduos   de   um   grupo   ou   classe   social

compartilham   entre   si,   chamado  habitus,   os   predispõe   a   realizar   práticas

particulares semelhantes relacionadas a aspectos como ocupação, educação,

renda,   preferências   artísticas,   etc.   A   transmissão   desse   conjunto   de

propriedades simbólicas é uma das formas que os grupos com mais poder na

sociedade têm para manter seu  status. Informações sobre a vida familiar e

cotidiana das pessoas são ferramentas centrais para os estudos sociológicos.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

A Sociologia e a Ciência Política abordam também a questão do poder e da

dominação de determinados grupos familiares e sua perpetuação nos cenários

políticos internacional e brasileiro, tendo por base a análise da riqueza e de

genealogias   que   revelam   as   imbricações   entre   as   redes   de   parentesco,   a

riqueza e o poder político dessas famílias. Provam, portanto, que esses grupos

se   utilizam   de   inúmeras   estratégias   para   manter   a   coesão   do   grupo,   seus

valores,  sua  sobrevivência  e,   conforme  o   caso,   seus   privilégios,   prestígio   e

poder. Exemplo literário de uma família oligárquica tradicional no Brasil está na

trilogia  O   tempo   e   o   vento,   de   Érico   Veríssimo   (1905-1975),   que   narra   a

histórica saga de Ana Terra e Pedro Missioneiro. Veja na página ao lado a

árvore genealógica dessa família.

Vertentes   da  Sociologia   veem  a  família  por  diversos  ângulos.   Os   cientistas

sociais  que  adotam  a  metodologia   funcionalista   procuram   ver  na  família   as

necessidades sociais que  ela satisfaz,  como  o  controle da sexualidade  e a

procriação, o sustento dos seus membros e a garantia de um status social, a

socialização, o cuidado e a proteção das crianças.

Glossário:


Yüklə 1,85 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   95   96   97   98   99   100   101   102   ...   471




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin