foi ampliada. Assim, o desemprego dos negros de renda alta, entre 1992 e
2002, aumentou 68%, enquanto o dos brancos dessa classe de rendimento
cresceu 46,2%. De acordo com o comportamento do desemprego, pode-se
observar que a discriminação racial alcançou novas formas de manifestação,
ainda mais sofisticadas. A taxa de desemprego dos negros pobres cresceu
menos, uma vez que estes tenderam a estar associados, em geral, às
ocupações mais precárias, enquanto o desemprego dos negros de média e alta
renda explodiu, provavelmente porque, em um contexto de escassez de
empregos especializados, o preconceito racial atuou como um requisito
decisivo na contratação. Assim, a discriminação racial passou a excluir de
ocupações mais nobres aqueles que, depois de muito esforço, haviam
alcançado maior renda e escolaridade.
POCHMANN, Marcio. Desempregados do Brasil. In: ANTUNES, Ricardo (Org.).
Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006. p. 64-65.
O gráfico a seguir faz um recorte de uma das realidades do mercado de
trabalho. Nele, é possível observar que, além das mulheres em condições de
trabalho mais precarizadas, a informalidade (o trabalho sem garantias mínimas
e sem carteira assinada) atinge majoritariamente a população preta e parda
(conforme definição do IBGE), uma vez que quase a metade dos trabalhadores
desse grupo com mais de 16 anos são informais. Segundo o IBGE, em
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2004/2013, apesar da crescente
formalização nos últimos anos, a distância que separa a população ocupada de
cor preta e parda da população ocupada de cor branca, no que se refere às
características de inserção no mercado de trabalho, pouco se alterou.
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