Juventude: um tempo de preparação e responsabilidades
FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora
Atualmente, a condição de adulto é reconhecida socialmente quando se supõe
que o indivíduo completou seu desenvolvimento biológico, psíquico e
emocional, bem como atingiu um potencial para exercer a cidadania plena.
Assim, o adulto é aquele considerado capaz de trabalhar para sustentar a si e a
outros; de maneira geral, está pronto para gerar e cuidar de filhos e para tomar
decisões na sociedade, o que implica uma mudança tanto nos direitos como
nos deveres.
No século XX, diante das exigências da sociedade industrial, análises
sociológicas e históricas consideraram a juventude um tempo de preparação
para tarefas complexas, relativas à produção e a relações sociais mais
diversificadas. Ultimamente, atribui-se à escola o papel de preparar as pessoas
para a vida adulta e, com isso, desenvolveu-se a ideia de que os jovens, até
certa idade, deveriam ficar livres das obrigações produtivas e do trabalho, mas
com o dever e a oportunidade de estudar. Nesse sentido, a juventude seria um
tempo socialmente dedicado à formação para a cidadania, e o Estado deveria
garantir as condições para tal.
Muitos autores, porém, criticaram essa ideia, afirmando que ela tem um viés
classista. Isso porque ela se aplica apenas aos filhos das classes socialmente
privilegiadas, enquanto filhos de trabalhadores pobres têm dificuldades de
acesso à escola e muitas vezes precisam trabalhar desde a infância.
Cabe-nos, portanto, fazer uma distinção entre condição juvenil e situação
juvenil:
Condição juvenil é o modo como uma sociedade constitui e atribui significado a
esse momento do ciclo da vida, que alcança uma abrangência social maior,
referida a uma dimensão histórico-geracional.
Situação juvenil diz respeito à maneira como tal condição é vivida a partir dos
diversos recortes referidos às diferenças sociais - classe, gênero, etnia, etc.
ABRAMO, Helena. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO,
Helena; BRANCO, Pedro (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de
uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Instituto
Cidadania, 2005. p. 42.
LEGENDA: Jovem faz seu título de eleitor em Ribeirão Preto (SP), em 2012.
FONTE: Alfredo Risk/Futura Press
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Podemos, então, nos referir a "juventudes", e não apenas a uma "juventude",
compreendendo que diferenças e desigualdades sociais tornam essa condição
heterogênea. Diversos perfis de jovens surgem de acordo com a classe social,
a situação econômica, o acesso à educação e ocupações variáveis; enfim,
conforme a sociedade e suas conjunturas.
Em alguns contextos, grupos jovens de diferentes gerações podem ser
caracterizados na sociedade como pertencendo a um mesmo "movimento". Um
exemplo dessas caracterizações é a expressão "juventude transviada", usada
para se referir aos jovens que iam contra as regras de comportamento
dominantes para chocar as gerações mais velhas e se afirmar como
"diferentes" na década de 1950, nos Estados Unidos.
LEGENDA: Encontro de motociclistas em São Francisco, Estados Unidos, em
meados dos anos 1950. Jaqueta de couro, motocicleta e rock'n'roll faziam parte
do cotidiano da "juventude transviada" naquele país.
FONTE: Underwood Archives/Getty Images
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