Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Desenvolvimento capitalista e meio ambiente



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Desenvolvimento capitalista e meio ambiente

Quando as Ciências Sociais se referem a desenvolvimento econômico ou de

outra natureza, em geral  remetem-nos  à trajetória do sistema  capitalista de

produção,   sua   difusão   e   força   política   em   se   manter   e   se   transformar.   O

desenvolvimento se realiza no espaço global, mas de modo descontínuo nas

diversas nações e regiões do mundo. Por trás da imagem de um mundo unido

pela globalização, há, na realidade, um mundo dividido, no qual o contraste

entre ricos e pobres aumenta cada vez mais.

Nesse   contexto   de   crescimento   da   população   nos   países   mais   pobres,

globalização   da   economia   e   degradação   ambiental,   o   desenvolvimento   do

capitalismo assume uma hegemonia global: alguns países detêm considerável

poder de dominação sobre outros. Desse arranjo econômico-político entre os

países configura-se uma divisão internacional do trabalho em que o perfil de

cada   país   é   determinado   em   relação   ao   que   produz,   seja   matéria-prima

(madeira,   grãos,   minérios,   etc.),   sejam   produtos   industrializados,   que

empregam   mais   ou   menos   tecnologia   na   sua   produção,   com   mão   de   obra

qualificada ou não. Os benefícios do desenvolvimento capitalista, porém, não

se estendem da mesma maneira a todos os povos e países, pois uma parte

considerável da população mundial não tem acesso a eles.

LEGENDA:   Trabalhadores   carregam   carvão   vegetal   produzido   de   madeira

extraída ilegalmente no município de Rondon do Pará, 2012. O carvão é usado,

entre outras  coisas, na produção  de aço pela indústria  siderúrgica.  O setor

carvoeiro é um dos líderes em denúncias de condições de trabalho análogas às

de escravidão.

FONTE: Mario Tama/Getty Images



Os   países   mais   desenvolvidos   costumam   ser   os   maiores   poluidores,

consumidores e exploradores de recursos naturais, quando realizado o cálculo



per   capita.   O   cientista   político   Elmar   Altvater   (1938-)   mostra   como   isso   se

desdobra   no   que   diz   respeito   a   padrões   de   consumo   e   de   exploração   dos

recursos. Por um lado, o pequeno grupo de países desenvolvidos consome,

proporcionalmente, um volume muito grande de recursos naturais; boa parte

desses recursos é fornecida pelos demais países, que ao fim acabam tendo um

acesso muito mais limitado a eles. Para Altvater, o desafio não é apenas o de

democratizar o acesso a esses recursos, pois isso ampliaria ainda mais os

problemas   ambientais   enfrentados   atualmente.   Seria   necessário,   então,

promover uma mudança radical nos hábitos de produção e consumo e investir

cada vez mais em recursos renováveis e não poluidores.




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