Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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A religiosidade no Brasil

O Brasil é um Estado laico, ou seja, legalmente o Estado é independente e não está submetido aos desígnios de qualquer confissão religiosa. Os cidadãos brasileiros têm a garantia constitucional de poder professar a religião que desejarem, sem discriminações. Diz o inciso VI do artigo 5 da Constituição Brasileira: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".

Tem aumentado no mundo o número de grupos religiosos, que em sua maioria representam cisões nas denominações religiosas mais antigas. É o caso, na América Latina e no Brasil, da expansão de grupos protestantes e pentecostais. Embora os católicos ainda sejam a maioria da população brasileira, a proporção com relação ao total caiu de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010, de acordo com o Censo Demográfico 2010, do IBGE. Já os seguidores de denominações evangélicas, que representavam 15,4% da população em 2000, chegaram a 22,2% em 2010 - um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas. Algumas pesquisas antropológicas discutem a tese de que a conversão a esses novos grupos religiosos seria, em parte, uma reação à situação de pobreza e de marginalidade da população.

FONTE: Adaptado de: Censo Demográfico 2010. Disponível em: www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa. Acesso em: 9 jul. 2015.

FONTE: Adaptado de: Censo Demográfico 2010. Disponível em: www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa. Acesso em: 9 jul. 2015. Créditos dos Mapas: Portal de Mapas/Arquivo da editora

O Censo 2010 também aponta um aumento, no mesmo período, do número de pessoas que se declaram sem religião, de 7,3% para 8% da população brasileira. Para a antropóloga brasileira Regina Novaes (1952-), uma explicação possível para esse crescimento, sobretudo entre os jovens, está menos relacionada ao ateísmo e mais a formas de ligação com o sagrado que se desvinculam de instituições religiosas. Essas formas se expressam numa espiritualidade individualizada e também na participação em manifestações coletivas, como festas religiosas e seus símbolos.



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Ainda de acordo com o Censo, os seguidores da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% em 2010, enquanto a população que se declara espírita passou de 1,3%, em 2000, para 2%, em 2010. Embora sejam contingentes populacionais pequenos, a presença dessas religiões é significativa nas representações sociais e nas manifestações culturais e artísticas brasileiras.

É comum ouvir que o Brasil é um país em que o sincretismo religioso está muito presente, ou seja, no qual elementos de cultos e doutrinas diferentes se combinam e são reinterpretados. Para o antropólogo e sociólogo francês radicado no Brasil Pierre Sanchis (1928-), o sincretismo não é próprio do campo da religião, mas da cultura, e procede de uma relação desigual entre duas culturas ou religiões. Essa desigualdade é consequência de relações históricas de dominação de classe, dominação política ou hegemonia cultural, em que elementos de uma religião subjugada ou discriminada são incorporados às práticas religiosas dominantes. Assim sendo, é preciso considerar a diferença entre declarações de identidade (associadas à instituição religiosa), em geral captadas pelo Censo, e declarações de convicções (associadas à vivência e às crenças dos indivíduos).

LEGENDA: Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, foi um médium, filantropo e um dos expoentes do espiritismo. Foto de 1978.

FONTE: Acervo FSP/Folhapress

No conjunto das manifestações religiosas brasileiras, a umbanda seria a expressão ideológica da integração do negro à sociedade nacional, segundo o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974). No período colonial e do Brasil Império, a repressão dos colonizadores portugueses e luso-descendentes, primeiro, e das autoridades oficiais, depois, às religiões africanas e afro-brasileiras levaram os seus adeptos a fazerem adaptações para escapar da perseguição. Foi assim que entidades divinas como os orixás do povo ioruba e os inquices dos povos bantos foram associados a santos católicos, como o exemplo das associações entre a orixá Iemanjá e a inquice Dandalunda com Nossa Senhora, ou entre a orixá Iansã e Santa Bárbara. A umbanda, fundada no século XX, resultou da sistematização de um processo maior de modificações, como a crença na manifestação de espíritos errantes em sessões mediúnicas e o abandono de rituais de sacrifício.

Já o candomblé é a mais difundida entre as religiões trazidas pelos grupos africanos para o Brasil. Seus rituais costumam ser embalados por cantos, em terreiros, como são chamados os locais de culto aos orixás, onde se realizam oferendas aos deuses e são feitas consultas espirituais. Tais locais são cuidados e dirigidos por um pai (babalorixá) ou uma mãe (ialorixá) de santo.

As religiões dos indígenas brasileiros são tão diversas quanto os povos que habitam o território nacional, e muitas delas ainda hoje são praticadas. Recentemente houve aumento de pesquisas sobre elas por parte dos etnólogos.

LEGENDA: Fiéis durante lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador (BA). Foto de 2014.

FONTE: João Alvarez/Folhapress

Glossário:


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