Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Educação para o presente

Em nossa sociedade cheia de ambivalências e contradições, o conhecimento científico tem ocasionado mudanças, fazendo avançar a tecnologia. Também se alteram a organização social e a econômica diante de novos interesses e valores. A ambivalência seria uma característica do mundo contemporâneo, segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-), para quem vivemos na "modernidade líquida". Nela, vivemos o oposto da segurança, da confiança, da estabilidade que ele vê em épocas anteriores. O próprio Bauman dá exemplos de "liquefação" nos hábitos culturais, ao mostrar a quebra de padrões de comunicação e coordenação das instituições que serviam de referência para as ações dos indivíduos e das coletividades humanas, como a família, a classe, a escola, o bairro. O que se apresentava "sólido", "seguro", orientador de ações individuais e coletivas, foi afetado pela dispersão, pela inconsistência, pela liberação de "ações -escolhas possíveis". Em outras palavras:

[...] os poderes que liquefazem passaram do "sistema" para a "sociedade", da "política" para as "políticas da vida" - ou desceram do nível "macro" para o nível "micro" do convívio social.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 14.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

A tecnologia é um conhecimento específico altamente desenvolvido que se articula, na sociedade capitalista, com os processos educacionais. Na sociedade moderna, o aperfeiçoamento tecnológico não se limita às máquinas e aos equipamentos: relaciona-se também com o conjunto das ideias sobre a sociedade e o conhecimento.

A produção que se automatiza torna-se autorregulável e, em tese, libera o ser humano para a esfera do não trabalho. As máquinas, que antes realizavam funções básicas, agora realizam operações complexas, múltiplas, amplas e por tempo prolongado. No entanto, aquele que domina e controla esse processo continua sendo o ser humano.

Neste mundo novo, a sobrevivência econômica está ligada, como jamais esteve, à competência da mão de obra e até dos consumidores - portanto, de populações inteiras. A educação fundamental - quer dizer, o ensino universalizado e eficaz do idioma, da matemática, das ciências - virou condição prevalente do desenvolvimento econômico.

RIBEIRO, Sérgio. Construir o saber. In: Veja 25 anos: reflexões para o futuro. São Paulo: Abril, 1993. p. 208.

Consideradas as novas configurações da competição econômica no capitalismo atual, o domínio da tecnologia define tanto a posição dos países no mercado internacional como a dos indivíduos no interior das sociedades. Dessa forma, cresce a pressão sobre a escola no sentido de redefinir seus conteúdos para integrar os alunos às novidades tecnológicas.

O filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas (1929-) vê nesse momento da sociedade moderna a instrumentalização da técnica e da ciência. Por meio da ideologia, de modo sutil, o progresso técnico-científico é posto a serviço do sistema - ou seja, do dinheiro e do poder - e acima das demais questões.

LEGENDA: Público participa de feira de robótica em João Pessoa (PB). Foto de 2014.

FONTE: João Medeiros/Fotoarena/Folhapress



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A forma privada da valorização do capital e a existência de uma chave de distribuição das compensações sociais [...] permanecem, como tais, fora de discussão. O que aparece então como variável independente é um progresso quase autônomo da ciência e da técnica, do qual depende, de fato, a mais importante variável singular do sistema, a saber, o crescimento econômico. Resulta daí uma perspectiva na qual o desenvolvimento do sistema social parece ser determinado pela lógica do progresso técnico-científico.

HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência enquanto "ideologia". In: Textos escolhidos (Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas). São Paulo: Abril Cultural, 1975, p. 303-333, 321.

Por esse ponto de vista, uma educação que apenas atualizasse as competências e os conhecimentos técnicos, sem problematizá-los de forma crítica, perpetuaria um modelo controlador de sociedade. Habermas propõe que a educação não seja apenas uma maneira de dar ao ser humano acesso ao conhecimento mas também de formar o indivíduo para reelaborar esse conhecimento no sentido da emancipação e da transformação social.


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