Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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A juventude é um período relativamente longo de nosso ciclo vital que envolve muitas transformações biológicas e

[... ] coloca os sujeitos sob novos olhares sociais, que interferem nas suas ações e psiquismo. Estes olhares não são iguais, nem incidem sobre a mesma faixa etária, pois cada sociedade, grupo e classe social reservam um determinado período para que se realize a passagem da dependência infantil para a autonomia da idade adulta.

CASTELO BRANCO, Maria Teresa. Jovens sem-terra: identidades em movimento. Curitiba: Ed. da UFPR, 2003. p. 25.

Tal qual a criança é submetida a um processo de socialização, o jovem está sujeito a normas, regras de comportamento e valores, conforme o contexto social em que vive. A sociedade estabelece alguns papéis a cumprir, atribuindo expectativas e realizações às pessoas em cada circunstância e fase da vida, e algumas dessas atribuições são esperadas dos jovens. Formam-se, assim, determinadas representações sociais da juventude, que resultam de diferentes concepções de educação e dão origem a cobranças por ações políticas. Nessa fase podem ocorrer, porém, rupturas nesse processo de socialização: apesar de continuarem a ser culturalmente educados e orientados pelos adultos, os jovens reelaboram informações e recomendações recebidas de outras fontes ao construir sua identidade.

A juventude é representada conforme a sociedade, a época histórica e a classe social que a definem.

O conceito de juventude nada expressa se não for tratado em seu contexto histórico e sociocultural. A definição das faixas etárias que são consideradas "jovens", por exemplo, varia de acordo com a relação que se estabelece entre pais e filhos. O texto a seguir, sobre a França medieval, mostra uma situação em que a ideia de juventude em si não existia.

Na Idade Média, a Igreja enfraquecera o poder paternal ao reconhecer a validade dos casamentos [... ], desde que os rapazes tivessem treze anos e meio e as raparigas onze anos e meio. E, a partir do século XII, ela considerava o casamento um sacramento que os cônjuges se davam a si próprios por troca de consentimentos. [... ] [Séculos depois] Os protestantes - incluindo os anglicanos - viam [... ] o consentimento dos pais como tão essencial ao casamento como o consentimento dos esposos.

FLANDRIN, Jean-Louis. Famílias: parentesco, casa e sexualidade na sociedade antiga. Lisboa: Editorial Estampa, 1992. p. 141-142.

LEGENDA: A litografia ao lado retrata o casamento entre uma baronesa e um barão franceses de pouca idade (no detalhe acima), em Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), em 1204, mostrando que a ideia de juventude nem sempre existiu ou correspondeu à contemporânea.

FONTE: Giraudon/The Bridgeman Art library/Keystone/Museu Condé, Chantilly, França.



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Naquela época, na Europa ocidental, a expectativa de vida da população era muito baixa (entre a nobreza, da qual há mais registros, mal passava dos 40 anos) e os pais definiam os papéis dos filhos, sem que infância e adolescência configurassem estilos de vida e identificações sociais próprias. Na sociedade medieval, e ainda durante muitos séculos, as pessoas se casavam numa idade que, hoje, consideraríamos precoce. Já na Idade Moderna, precisavam da autorização dos pais para contrair matrimônio. Esses exemplos mostram que infância e juventude são construções históricas, não universais: não foram necessariamente pensadas nem vividas de modo igual em outros tempos e sociedades.




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