1. Em linhas gerais, qual é o conteúdo desse documento e quais países participaram desse acordo?
2. É correto afirmar que ele representa um avanço parcial para a humanidade no despertar da consciência ecológica? Por quê?
3. Você acha que esse protocolo incentivou pesquisas tecnológicas em busca de alternativas energéticas e do uso sustentável dos recursos? Dê exemplos encontrados em sua pesquisa.
A construção da natureza
A Antropologia contemporânea também contribuiu para o estudo recente das causas e consequências da intervenção humana ao apresentar estudos questionando a própria definição do que é natureza. Trabalhos como o da antropóloga britânica Marilyn Strathern (1941-), por exemplo, mostram que a divisão entre natureza e cultura que a sociedade ocidental costuma realizar não tem um correspondente exato em outras sociedades. Ou seja, a própria ideia do que seja natureza é uma criação.
Outros antropólogos notam que, na sociedade ocidental, costuma-se considerar a natureza como algo a ser dominado, e são frequentes as associações entre natureza e grupos sociais dominados. Disso derivam consequências ambientais como as que vimos até aqui, mas também consequências sociais - por exemplo, as desigualdades produzidas entre homens e mulheres, estudadas por Sherry Ortner (1941-), ou entre diferentes povos.
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Para o filósofo e antropólogo Bruno Latour (1947-), a ciência é o centro da cosmologia da sociedade ocidental e precisa ser estudada pelos antropólogos de maneira similar àquela que eles adotam para estudar a cosmologia de outras sociedades. Ao separar natureza e cultura (ou natureza e sociedade), a sociedade ocidental atribuiu o estudo de tudo o que fosse considerado não humano à ciência, como se esta fosse separada da política. Aquilo que é não humano é visto como sem história, obedecendo a regras imemoriais. Assim, acredita-se que a ciência produz verdades inquestionáveis, quando, na realidade, ela se fundamenta em acordos entre seus "porta-vozes autorizados" - a comunidade de cientistas. Esses consensos resultam de pesquisas de laboratório e são apresentados como se os fatos falassem por si próprios, embora a própria situação de laboratório seja construída fora de condições ditas naturais.
LEGENDA: A produção das verdades científicas em laboratório reforça a construção da ideia de separação entre seres humanos e natureza. Porém, é em si mesma contraditória, por se tratar de uma reprodução de aspectos "naturais" em um ambiente construído - é um exemplo do que Latour classifica de híbrido. Na foto, de 2013, bióloga manipula bactérias em laboratório em Nijmegen, Holanda.
FONTE: Dominik Asbach/laif/Glow Images
Os cientistas fizeram valer, por sua autoridade, um entendimento a respeito do que é natureza e de como ela funciona, e isso fez com que as pessoas passassem a identificar a natureza como algo separado delas, e não como algo do qual fazem parte. Por meio dessa diferença de entendimento, os chamados modernos tentam se diferenciar das sociedades vistas como não modernas, nas quais a separação e a submissão da natureza pela cultura não estavam colocadas nesses termos.
O antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro (1951-) vai um passo além e considera a progressiva separação e criação de desigualdades entre o humano e o não humano - e, depois, entre outros grupos humanos - um fator de exclusão e destruição. Assim, tentar compreender as diferenças entre os modos como cada sociedade considera os diferentes seres é um ponto de partida para as sociedades ocidentais alterarem suas próprias formas de agir.
O ser humano não somente se relaciona com o meio ambiente, mas é parte dele. Para alguns cientistas sociais, seria mais correto pensarmos em natureza-cultura como uma única coisa.
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