Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


O lugar do trabalho na vida em sociedade



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O lugar do trabalho na vida em sociedade

As mudanças no mundo do trabalho e na economia mundial ocorridas nas últimas décadas do século XX levaram cientistas sociais europeus a questionar se o trabalho ainda detinha uma posição central na organização da sociedade. Para alguns, como o alemão Jürgen Habermas (1929-), conceitos como trabalho e capital perderam espaço para outros como informação e conhecimento. Habermas considera que é o plano do simbólico (propiciado pela comunicação) que organiza a vida social na contemporaneidade, enquanto o trabalho garantiria apenas a subsistência.

Essa posição foi rejeitada por autores como o sociólogo brasileiro Ricardo Antunes (1953-). Segundo Antunes, o trabalho ainda é essencial, pois continua sendo responsável pela produção tanto de riquezas (apropriadas pelos capitalistas) quanto de sentido simbólico (para os trabalhadores).

As transformações decorrentes das novas tecnologias também provocaram alguns pensadores a questionar o futuro do trabalho material. Os autores italianos Antonio Negri (1933-) e Maurizio Lazzarato (1955-) e o norte-americano Michael Hardt (1960-) acreditam que as características dos sistemas flexíveis de produção (que veremos em detalhes no Capítulo 5) permitem a libertação do trabalho material. Para eles, nas formas flexíveis o trabalhador, sem a incumbência de tarefas mecânicas, poderia intervir diretamente no processo de trabalho e recuperar sua autonomia.

Vale destacar as duas principais críticas a essa visão. A primeira, feita por pensadores marxistas, é a de que o trabalhador flexível é mais explorado e gera mais-valia maior para o capitalista. A segunda é a de que nem mesmo nos países do capitalismo central, como os Estados Unidos, o Japão e os da Europa Ocidental, o trabalho material está perto de desaparecer - setores como o da construção civil mostram isso.

O trabalho é um dos principais fatores estruturantes das relações sociais e compartilha essa condição com outras dimensões da vida, como o consumo e o lazer.



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O trabalho em crise

É fato que a sociedade contemporânea se estrutura, em parte, pelo trabalho organizado socialmente. O desenvolvimento de tecnologias de automação, comunicação e de informática reduziu o emprego do trabalho humano nas tarefas, mas não o substituiu. Em alguns casos, gerou a necessidade de novas funções assalariadas, como nas áreas de tecnologia da informação (TI), informática e serviços, mas continuamos a ser uma sociedade produtora de mercadorias, bens e serviços que são trocados continuamente.

Persiste, no entanto, a preocupação com o futuro do trabalho. Basta notar o crescimento das formas de contratação flexíveis (por tempo determinado, terceirizados, temporários, etc.) em vários contextos. Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre desemprego, de 2013, mostra que apenas um quarto da população trabalhadora no mundo tem uma relação estável de trabalho e prevê que "até 2019, o desemprego vai atingir 213 milhões" e "o número de pessoas sem uma ocupação deve se manter globalmente [em média] no nível atual de 6% até 2017" (Global Employment Trends 2013. International Labour Office, Genebra).

Enquanto o tempo de trabalho se estende para uma parcela de trabalhadores multifuncionais (isto é, que desempenham múltiplas tarefas), milhões de outros indivíduos ficam desempregados. Como viverão as pessoas que não encontrarão emprego? No gráfico a seguir, podemos acompanhar as taxas de desemprego em diversas regiões do mundo.


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