Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Quais são as constatações de Orwell ao deparar com a questão do desemprego na Grã-Bretanha da década de 1920? 2



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1. Quais são as constatações de Orwell ao deparar com a questão do desemprego na Grã-Bretanha da década de 1920?

2. Como era visto o desempregado no contexto da crise capitalista europeia do início do século XX? Em sua opinião, essa imagem condiz com a realidade ou trata-se de uma visão preconceituosa?

3. Agora, converse com seus colegas e responda: essa visão sobre o desempregado ainda é comum nos dias de hoje? Por quê?

LEGENDA: Fila de candidatos a uma vaga de emprego em uma indústria na cidade de Sorocaba (SP), em 2015.

FONTE: José Maria Tomazela/Agência Estado

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O trabalho na era da globalização

O sociólogo francês Robert Castel (1933-2013) localizou nas transformações do mundo do trabalho, sobretudo nas últimas décadas do século XX, grandes ameaças que assombram a sociedade contemporânea: o crescimento do desemprego, a precarização do trabalho, a fragmentação da classe trabalhadora e o comportamento individualista. Esses fatores deixam parte da população mundial sem perspectivas de inclusão social, ou seja, de ter acesso e participar de determinadas instituições ou instâncias da sociedade, como o sistema educacional, o cuidado com a saúde, os direitos sociais básicos. Políticas públicas de habitação, educação e trabalho são exemplos de meios para promover a inclusão social e atenuar as desigualdades sociais.

A desigualdade no âmbito do trabalho vem se intensificando à medida que se ampliam os postos de trabalho precários, ou seja, sem estabilidade e com menos garantias para o trabalhador. Também se reduzem os empregos formais - aqueles empregos protegidos pelas leis trabalhistas - e os contratos por tempo indeterminado, enquanto são ampliadas as formas de trabalho de tempo parcial, instável, sem jornada definida, etc. A diminuição da estabilidade salarial, que significa remuneração fixa e paga em determinado dia do mês, tem provocado questões sociais preocupantes nas últimas décadas. Uma parcela dos trabalhadores se vê ameaçada de perder o emprego em razão das oscilações na economia ou ainda pelo fato de suas profissões correrem o risco de perder a relevância ou, simplesmente, desaparecerem.

Essas mudanças que configuram redução da estabilidade do trabalhador ou, conforme o contexto, precarização das condições de trabalho ou de salários, ocorrem com maior frequência nos países pobres e emergentes, onde se concentram os empregos menos qualificados, em razão da divisão internacional do trabalho. Esse fenômeno se iniciou com os países mercantilistas e suas colônias, no século XVI, e hoje está ligado à globalização econômica.

FONTE: Ricardo Ribas/Fotoarena

FONTE: Arquivo Hulton/Getty Images

LEGENDA DAS FOTOS: Acima, vendedor ambulante em praia de Florianópolis (SC), em 2014. À direita, uma profissão hoje quase extinta: telefonistas inglesas transferem chamadas, em foto de 1945. Uma das questões sociais emergentes no mundo contemporâneo é a diminuição dos postos formais de trabalho e a ampliação do mercado informal.



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No modelo atual da divisão internacional do trabalho, as empresas transnacionais, em geral sediadas em países de economia desenvolvida, optam por estabelecer filiais de suas indústrias em regiões que ofereçam mão de obra farta e barata. A ausência de leis trabalhistas ou uma fiscalização deficiente, que dificulta seu cumprimento, aliadas às condições precárias do mercado de trabalho dos países menos desenvolvidos, favorecem a ampliação dos lucros. São consequências desse processo: o desemprego, uma classe trabalhadora com grandes diferenças internas quanto à qualificação e às condições de trabalho (o que contribui para desuni-la) e a desigualdade que se aprofunda entre as classes sociais.

O desemprego e a precariedade no mercado de trabalho não se restringem aos países pobres ou em desenvolvimento. Em 2008 iniciou-se nos Estados Unidos uma crise que se alastrou para outras economias desenvolvidas e aprofundou as dificuldades financeiras e sociais também nos países europeus. Desde então esses países vêm experimentando grandes deficits de postos no mercado de trabalho: não há espaço para idosos ou jovens sem experiência nem para aqueles que não possuem qualificação. Esses são os "excluídos" do sistema capitalista, afirma Castel - não estão integrados socialmente, não produzem nem consomem.

A "inutilidade social" daqueles que não têm lugar no mercado de trabalho também os desqualifica em outras esferas da sociedade, como na participação política. Esses indivíduos ficam desprovidos da cidadania, o que agrava as desigualdades sociais. A sociedade de maneira geral, por meio de suas instituições, costuma estabelecer critérios para o acesso dos cidadãos aos serviços públicos, ao emprego e ao consumo. Assim, alguém que não tem instrução suficiente e fica muito tempo desempregado ou que se insere apenas em postos de trabalho e atividades informais, sem garantia de rendimentos e sem endereço fixo, por exemplo, tende a permanecer em situação precária. Isso ocorre na medida em que o emprego formal (que garante direitos) e o qualificado (que remunera melhor), as vagas em escolas e creches, o acesso ao consumo e o reconhecimento social são destinados prioritariamente àqueles que têm como atestar suas qualificações e habilidades, suas condições de vida, de saúde e de cidadania.

Os países desenvolvidos ainda são os que mais atraem trabalhadores de outros países. Porém, cada vez mais trabalhadores migram das economias avançadas, particularmente dos países europeus, para países em desenvolvimento, à procura de trabalho que garanta melhores condições de vida para si e suas famílias. De acordo com relatório da OIT (2013), há 231,5 milhões de pessoas vivendo em países diferentes daquele onde nasceram. Esses grandes fluxos migratórios são provocados por diversos fatores políticos, econômicos e culturais, entre outros (guerras, conflitos étnicos, crise, escassez de emprego e oportunidades de trabalho, etc.) e têm aumentado neste início de século.

Ainda segundo a OIT, embora tenha havido redução da pobreza entre os trabalhadores do mundo, no início dos anos 2000, cerca de 900 milhões de trabalhadores nos países em desenvolvimento ainda não atingiram uma renda de US$ 2 por dia e permanecem pobres, representando um terço do total dos trabalhadores.

LEGENDA: Homens de diferentes partes da África e da Ásia em campo de refugiados em Calais, na França. Foto de 2016. Conflitos e guerras também afetam as oportunidades de trabalho, levando milhões de pessoas a procurar melhores condições de sobrevivência em outros países.

FONTE: Philippe Huguen/Agência France-Presse




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