Intelectuais leem o mundo social
O relato e as considerações do filósofo e pedagogo Mario Sergio Cortella (1954-) provocam-nos a respeito da importância do conhecimento como construção social:
Certa vez, quando tinha 15 anos de idade e estava na 1ª série do 2º grau, meu professor de Matemática ensinava a fórmula para o cálculo da raiz do delta; de repente, decidi fazer-lhe uma pergunta inconveniente e pragmática: "Professor, para que serve isso?" Ele deu uma resposta da qual nunca mais me esqueci e que, quando abracei a carreira docente, serviu-me como sinal de alerta: "Um dia você vai saber!".
Ora, a partir daquele instante e, como qualquer adolescente, tomei uma sábia decisão: se um dia iria saber, pensei ser melhor esperar esse dia chegar e... me desinteressei pelo assunto; claro que decorei a fórmula (até hoje a sei de cabeça) e, ignorantemente, passei de ano. Não esperava que o professor fizesse uma longa explanação sobre a utilidade daquele saber; desejava, apenas, uma mínima informação que conectasse aquela abstração matemática com o mundo vivo. [...]
Reafirmemos uma questão básica: se o Conhecimento é relativo à história e à sociedade, ele não é neutro; [...] o Conhecimento é também político, isto é, articula-se com as relações de poder. [...] Dessa forma, é preciso que recoloquemos o problema de seu sentido social concreto.
CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 116-117 e 127.
· Você concorda com a tese do autor? Com que tipo de conhecimento você pensa que a escola tem o compromisso?
Fim do complemento.
Dostları ilə paylaş: |