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Desigualdade social e dominação
LEGENDA: A desigualdade social está presente em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, enquanto alguns cidadãos têm acesso a moradias seguras e a condições dignas de sobrevivência, outros se veem forçados a morar em regiões sujeitas a enchentes, correndo o risco de terem suas casas inundadas e seus pertences destruídos. Na foto de 2015, vista aérea da comunidade do Morro do Papagaio e edifícios de classe média, em Belo Horizonte (MG).
FONTE: Delfim Martins/Pulsar Imagens
Por ser considerada injusta e desumanizadora, a desigualdade tem sido criticada e combatida em diversas instâncias da sociedade. Ela se apresenta nas situações do cotidiano, como nas relações de classe, em que os trabalhadores estão subordinados ao capital; ou nas relações de gênero, como a histórica opressão sofrida pelas mulheres, em tempos e sociedades diversas. Há desigualdade também nas relações entre as diferentes etnias, como na exploração dos europeus do século XIX sobre os latino-americanos, asiáticos e africanos; ou, ainda, na dominação dos Estados Unidos sobre os países da América Latina no século XX.
As múltiplas expressões das desigualdades sociais revelam o fenômeno da dominação social. Em sua origem sociológica, esse fenômeno foi tratado por Max Weber como a probabilidade de encontrar submissão a uma determinada ordem por diversos motivos: conveniência, mera inclinação pessoal ou costume. Mas, nas relações sociais, em geral, a dominação apoia-se em bases jurídicas que lhe dão "legitimidade". Nesse aspecto, o fato de o Estado organizar o poder político institucionalizado contribui para um complexo ordenamento de deveres e direitos na sociedade.
LEGENDA: Charge do cartunista Laerte, publicada no jornal Folha de S.Paulo, em 2010, sobre relações de gênero.
FONTE: Laerte/Acervo do cartunista
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Em sua teoria da dominação, Weber reconhece três tipos puros de dominação social: a legal (presente na obediência às leis e às ações da burocracia, ou seja, da administração pública), a tradicional (presente na relação entre senhor e súditos) e a carismática (proveniente da devoção afetiva a um líder/herói, em razão de virtudes pessoais).
A dominação é fenômeno de comando de um grupo sobre outro e supõe que os dois lados estejam condicionados a essa situação, pondera o sociólogo brasileiro Pedro Demo (1941-). Nessa lógica, há os dominantes e os dominados, o que não significa que estes não se rebelem. Leia e reflita sobre o fenômeno, sempre presente e atual na sociedade.
A dominação, como desigualdade, é fenômeno dialético, porque estabelece uma "identidade de contrários". Quer dizer, os dois lados se repelem, porque são desiguais, mas se atraem, porque um não existe sem o outro. Há nele uma dose de tensão que o torna histórico [...]. Cabem nele também os fenômenos de influência consensual como podem ser encontrados num grupo de amigos, numa comunidade religiosa, numa família. Aí também existe o fenômeno da liderança, da obediência, do seguimento de normas. Pelo fato de a autoridade ser aceita ou eleita pela maioria e até mesmo por aclamação geral, isto não retira o âmago da questão: há desigualdade.
DEMO, Pedro. Sociologia: uma introdução crítica. São Paulo: Atlas, 1983. p. 27-28.
No dia a dia podemos perceber quanto a sociedade brasileira ainda reproduz formas de discriminação a indivíduos de grupos sociais distintos. Assim como as mulheres, os afrodescendentes são historicamente discriminados no mercado de trabalho e em outras instituições. Os meios de comunicação e o sistema educacional muitas vezes reforçam essas formas de discriminação social, reproduzindo a desigualdade. Nos anúncios publicitários, por exemplo, pardos e negros, geralmente, aparecem em pequeno número, embora constituam a maioria da população brasileira.
Debate
Reunidos em grupos e com base na letra da música e na leitura deste capítulo, debatam sobre os contrastes sociais presentes na sociedade brasileira.
Todo dia o sol da manhã
vem e lhes desafia,
traz do sonho pro mundo
quem já não o queria:
palafitas, trapiches, farrapos,
filhos da mesma agonia.
E a cidade que tem braços abertos
num cartão-postal,
com os punhos fechados na vida real
lhes nega oportunidades,
mostra a face dura do mal.
OS PARALAMAS DO SUCESSO. Alagados. In: Os Paralamas do Sucesso, 1986. EMI.
FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora
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