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Movimentos de mulheres e relações familiares
8 de março
[...]
me perdoe poeta e contista
nem beleza
nem mulher
são fundamentais
por que sobrepor o epíteto
ou o gênero à espécie?
fundamental é ser
mulher e
ponto. [...]
mulher é homem que volta do
trabalho e alimenta os filhos
homem é mulher que põe pra
dormir e conta histórias
essa androginia das funções
ensina novo conceito:
essência é mais [...]
Trechos do poema de Juarez Poletto. In: POLETTO, Juarez. Vaidade. Curitiba: Mileart, 2002. p. 59.
A ideologia patriarcal difundiu atitudes de dominação masculina e de submissão da mulher não apenas no âmbito doméstico como também em outras esferas sociais. Mudanças nas ideias e nos costumes de uma sociedade são processos lentos, e isso também vale para a transformação nas relações de gênero, próprias de cada contexto social e que envolvem relações de poder e tensões tanto por diferenças biológicas quanto psicoculturais.
LEGENDA: Manifestação contra a violação dos direitos das mulheres realizada no Dia Internacional da Mulher, no Rio de Janeiro, em 2015.
FONTE: Anderson Barbosa/Folhapress
Na família, a diferenciação de papéis masculinos e femininos é, em geral, reforçada pela educação. Em busca da igualdade nas relações de gênero, os movimentos feministas e outros movimentos sociais conquistaram vitórias contra a opressão. Mas, segundo os estudiosos desses temas, há muito a fazer para a construção da igualdade, seja no ambiente doméstico (em que os homens partilham pouco as tarefas com as mulheres), seja no trabalho (no qual a mulher ainda tem dificuldade de acesso a cargos e funções de altos salários).
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LEGENDA: Tirinha de Alexandre Beck, de 2014, ironiza a divisão de tarefas entre homens e mulheres no ambiente doméstico.
FONTE: Alexandre Beck/Acervo do cartunista
Os movimentos feministas têm atuado em muitos países, visando assegurar a participação da mulher de forma igualitária nas diversas instâncias da sociedade. Algumas de suas principais bandeiras são: o sufrágio universal, a participação em igualdade de condições no mercado de trabalho, a valorização dos serviços domésticos, o direito sobre o próprio corpo, o combate à violência e à opressão. Esses movimentos têm promovido modificações importantes em diversas instituições sociais, como o direito ao exame de DNA e o reconhecimento de paternidade, a criminalização da violência doméstica (no Brasil, mediante a Lei Maria da Penha), a instituição da licença-paternidade e a ampliação da licença-maternidade. As lutas feministas também transformaram o campo simbólico: por causa delas, mudamos a forma de compreender os diferentes papéis que a mulher pode ocupar na sociedade.
Desde o século XX, a família patriarcal tem se modificado, tendência que se deve às mudanças no mundo do trabalho e na educação, segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells (1942-). Os movimentos sociais, especialmente os feministas, e a rapidez na difusão das ideias, em tempos de globalização, também colaboraram com as mudanças nas relações de gênero, afetando diretamente a legitimação de diversas configurações familiares. Durante esse período, as mulheres conquistaram a cidadania, garantindo o recebimento de salário e de direitos trabalhistas, o registro de bens em seus nomes, o direito à herança, à educação superior, entre outros.
Glossário:
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