Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Giddens refere-se à família como um local de luta entre a tradição



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Giddens refere-se à família como um local de luta entre a tradição e a modernidade, que revela uma nova sensibilidade racional diante da realidade. Os conflitos geracionais dentro das famílias são um exemplo concreto dessas tensões. Dessa forma, o processo de redução da influência do patriarcalismo foi acelerado com a difusão das novas informações e ideologias em escala mundial, modificando alguns dos valores sociais.

Um exemplo dessas modificações é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A ideia de uma infância que deve ser protegida pela sociedade como um todo, inclusive pelo Estado, nem sempre existiu. Até o século XIX, as "crianças" eram consideradas "miniadultos", que trabalhavam legalmente e, no caso das meninas, casavam por vontade de suas famílias. Crianças podiam até ser vendidas como mão de obra para trabalhos domésticos, na lavoura ou em fábricas. A difusão de um ideal de infância e o reforço desse ponto de vista por diversos países, principalmente por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), modificaram as práticas em relação à infância em grande parte do mundo.

Essas informações, valores, ideologias e visões sociais afetaram diretamente o direito e o Estado, trazendo novas possibilidades às famílias e aos relacionamentos conjugais, com algumas consequências que podemos constatar: o aumento do número de separações e divórcios, a dificuldade em compatibilizar o trabalho com a rotina da família e a distinção entre sexualidade e reprodução. Outros fatores que influenciam a formação de novos arranjos domésticos são as uniões tardias, os relacionamentos informais, o envelhecimento da população e a maior mortalidade entre os homens.

Também os movimentos pelo respeito à diversidade sexual colaboram com as mudanças no âmbito familiar, pois questionam a heterossexualidade como norma social. Isso abriu espaço para o reconhecimento de arranjos familiares fundados em relações homoafetivas, termo usado para referir-se aos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. A união civil de duas pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por elas, possíveis em alguns países, refletem alterações nos valores da sociedade referentes às relações familiares, pois passam a reconhecer e a respeitar a diversidade. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal legitimou pela primeira vez, em 2011, a união entre homossexuais, concedendo-lhes os mesmos direitos civis de que dispõem os casais heterossexuais, como, o direito à herança, ao plano de saúde do cônjuge, entre outros.

Outras mudanças podem ser observadas no que diz respeito às ideias que temos hoje sobre conjugalidade, família e relacionamentos. Muitos casais jovens têm preferido manter relações duradouras e estáveis sem a oficialização contratual por meio de matrimônio. A possibilidade de ter abertamente relacionamentos curtos e não monogâmicos também é um fenômeno recente. Ambos os casos são indicativos dessa mudança de valores.

LEGENDA: Foto do primeiro casal homossexual a formalizar seu casamento no Brasil. Tal fato ocorreu em Jacareí (SP), em 28 de junho de 2011.

FONTE: Lucas Lacaz Ruiz/Futura Press

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