Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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; acesso em: 2 fev. 2016) também é uma excelente opção. Arquivos de outros estados também disponibilizam materiais na internet - procure-os em um site de busca. Alguns jornais e revistas de grande circulação também disponibilizam on-line seus acervos ou parte deles. Se houver em sua cidade uma biblioteca com um acervo interessante, é recomendável levar os estudantes para conhecê-lo; assim, eles verão os meios em seus formatos originais e poderão tomar contato com a atividade e os procedimentos da arquivologia e da biblioteconomia.

Na etapa 4, espera-se que os estudantes percebam uma mudança na abordagem das Ciências Sociais, que se aprimoraram na desnaturalização dos

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fenômenos e na superação de preconceitos e do senso comum. Contribui para isso o aperfeiçoamento dos métodos quantitativos, como a estatística, e da estrutura para pesquisa. A avaliação com relação à posição da mídia vai variar conforme a publicação escolhida; o importante é que a abordagem midiática seja comparada à das Ciências Sociais.



Revisar e sistematizar

1. Resposta pessoal. Sociedade é um conjunto de relações sociais entre diferentes indivíduos e grupos sociais, os quais se comunicam, convivem, entram em conflito, debatem, interagem; enfim, é a expressão da natureza social e gregária do ser humano. Uma grande evidência de que a sociedade existe são nossos hábitos cotidianos, relacionados àquilo que Norbert Elias denomina "ordem oculta", uma ordenação dos fatos determinada por essa vida em comum de que os indivíduos partilham.

2. As Ciências Sociais e, especialmente a Sociologia, demonstraram que as justificativas baseadas em diferenças biológicas, étnicas, etárias e de gênero escondiam um caráter de organização e hierarquização da sociedade que favorecia a dominação de muitos por alguns. As diferenças citadas eram, portanto, usadas como pretexto para as desigualdades, e não a causa delas. Os preconceitos e as relações desiguais são reproduzidos em ações do cotidiano, nas imagens que os meios de comunicação de massa produzem, entre outras formas.

3. As Ciências Sociais encontram e especificam seu objeto de estudo nas transformações sociais. Por isso, as mudanças renovam seus métodos e fazem seu olhar voltar-se para os novos processos que se estabelecem nas diferentes sociedades. É possível dizer que as inovações tecnológicas e a comunicação em rede afetaram a sociedade, mas não alteraram substancialmente as principais questões com que trabalham as Ciências Sociais. A tecnologia e a comunicação aceleraram mudanças em valores e hábitos sociais, graças à maior e mais intensa difusão de informação e de mercadorias entre pessoas e países. Porém, como mostra Octavio Ianni, os princípios da sociedade atual reiteram questões históricas; portanto, os fundamentos das relações sociais e da sociedade capitalista não foram alterados pela tecnologia, como se vê na permanência de questões como as desigualdades sociais e a exclusão social.

4. As classes sociais são parte da nossa estrutura social. Alguns teóricos interpretam-nas como uma das formas de estratificação social presentes na sociedade, considerada típica do sistema capitalista. São agrupamentos de pessoas que ocupam diferentes posições na estrutura de produção e relacionam-se entre si de forma complementar e antagônica; as classes sociais têm interesses distintos, mas são interdependentes. Segundo Marx, as relações sociais entre as classes constituem a base da estrutura social e fundamentam-se principalmente no poder econômico. Teríamos como classes fundamentais, de um lado, a dos capitalistas (donos dos meios de produção), e, de outro, o proletariado (trabalhadores que vendem sua força de trabalho aos capitalistas).

Para Weber, a estratificação social configura-se pela diferenciação dos indivíduos em estratos ou camadas sociais. O lugar deles na sociedade estaria relacionado à sua posição econômica, mas as diferenças não seriam apenas relacionadas à propriedade. Envolveriam também o status e o partido - ou seja, as hierarquias seguiriam critérios baseados em prestígio, renda e poder político.

Olin Wright elabora sua teoria com base nas contribuições de Marx e de Weber. Para ele, a classe capitalista exerce o controle dos investimentos, dos meios físicos de produção e detém o poder sobre a mão de obra. Já os gerentes constituiriam uma classe contraditória, por tentarem conciliar os interesses dos patrões, de um lado, e dos empregados, de outro, na medida em que não são os proprietários dos meios de produção, mas detêm controle gerencial parcial sobre eles.

Para Bourdieu, as diferentes classes sociais podem ser identificadas conforme seu acesso a bens materiais e simbólicos. Assim, a distinção



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social se deve ao acesso ao capital econômico e aos bens culturais e de conhecimento dominantes, e depende, portanto, não só de fatores econômicos, mas também de prestígio.



5. A desigualdade social é qualquer situação de privilégio social de alguns indivíduos e grupos em relação a outros. Ela pode se dar em razão da riqueza, do status, da discriminação em função da cor da pele, do gênero, da origem étnica, entre outros fatores. As desigualdades têm relação com a dominação social porque sempre refletem relações de poder. No Brasil, a desigualdade social se apresenta de diversas formas e origina-se na herança histórica colonial, fundada na expropriação de riquezas naturais, na concentração da posse e da propriedade da terra, no trabalho escravo, na família patriarcal e no patrimonialismo. Hoje, a desigualdade de classes permanece em razão da concentração de renda ou da riqueza e da perpetuação de grupos políticos tradicionais no poder. Além disso, articula-se com formas veladas de discriminação étnico-raciais e com a resistência à concessão de direitos à população. Com isso, persistem a má distribuição de renda, a desigualdade no acesso a bens materiais e simbólicos, problemas de moradia, discriminações de gênero e outras formas de exclusão.

6. Uma das mais importantes teorias sobre a dominação social é a de Max Weber. Para ele, um estrato social domina outros ao encontrar nestes, submissão, que pode se dever a conveniências, costumes, entre outros fatores. Essa submissão garante à dominação legitimidade, que se deve a um ou mais fatores dentre três: o racional-legal (obediência às leis e à administração pública), o tradicional (por costume) e o carismático (devoção a um líder em função de seus atributos pessoais). As classes dominantes têm diferentes estratégias de manutenção nessa posição: uma delas é o acesso ao ensino (e ao ensino determinado pelos parâmetros daquela classe), de modo a garantir que os membros de suas famílias saiam em posição de vantagem de antemão e ocupem, posteriormente, posições privilegiadas na sociedade.

Já para Vilfredo Pareto, há dois tipos de elite: uma ampla, que chegou a um elevado ponto da hierarquia profissional, e uma restrita, que é quem de fato exerce a direção política. Assim, esse segundo grupo mantém-se no controle de instituições como o Estado, impedindo as transformações necessárias para solucionar as desigualdades sociais.



7. A globalização ocorre de forma multidimensional e tem efeitos positivos e negativos. As novas tecnologias de informação e comunicação e a melhoria dos sistemas de transporte favorecem a conexão global, a transposição de fronteiras mesmo sem deslocamento espacial, o contato e as trocas interculturais. Porém, em lugar da construção de relações sociais mais justas e igualitárias entre pessoas ou países, parece existir uma ampliação das desigualdades, principalmente em decorrência da globalização econômico-financeira. O mesmo processo social que, em uma ponta, favorece o avanço da ciência e da tecnologia e permite a sofisticação dos sistemas de produção pode, na outra, gerar exclusão social mediante expansão das taxas de desemprego, da pobreza e das dificuldades de acesso de parcelas da população aos bens de consumo e ao conhecimento. Os efeitos da globalização se fazem sentir localmente, principalmente em países periféricos, embora, como diz Robert Castel, os países centrais também não estejam imunes, como provam crises recentes, como a iniciada em 2008.

Teste seu conhecimento e habilidades

1. b;

2. e;

3. b;

4. c.

Atividades complementares

1. Um mural: as desigualdades sociais

Neste capítulo, focalizamos a reprodução da desigualdade social e a análise que a Sociologia, como ciência, faz dela. Para estimular a discussão dessa temática, você pode solicitar aos estudantes que pesquisem, em jornais, livros, revistas e sites, imagens como fotografias, charges, cartuns e infográficos que retratem ou comentem as múltiplas



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formas da desigualdade social no Brasil e/ou no mundo. É importante lembrar os estudantes de referenciar a fonte do material.

Peça-lhes que, em grupos, classifiquem e apresentem o material pesquisado. Oriente-os a indicar na apresentação: do que se trata; por que escolheram aquela imagem/foto/charge; que realidade o material pesquisado representa e como ele o faz; que região ele retrata; qual é o contexto histórico; etc. Cabe a você, professor, fomentar a discussão, indagando os estudantes sobre o fenômeno das desigualdades sociais e sua constituição como objeto de estudo da Sociologia.

Após a discussão, um mural coletivo pode ser montado. Oriente os estudantes a ordenar as imagens seguindo critérios de desigualdades: etnia, classes sociais, gênero ou qualquer outro possível e válido. No final, analise com os grupos as faces das relações sociais retratadas, sempre chamando a atenção para os conceitos-chave do capítulo.

Tanto a discussão quanto a construção do mural podem articular conteúdos da Sociologia com os da Geografia (regiões ou estados brasileiros com maior desigualdade de renda, por exemplo); com os da História (contextualizando a desigualdade, explicando por que ela se concentra e é reforçada em algumas regiões do país).

2. Links para outras atividades



O texto, o contexto e a mediação: uma introdução à abordagem de Antonio Candido para a correlação entre literatura e sociedade.

Esta sequência didática, articulada com o texto sobre Antonio Candido, apresenta possibilidades de análise sociológica baseada em textos literários.

· Texto introdutório disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensinosociologia.fflch.usp.br/files/Max_texto.pdf. Acesso em: 2 fev. 2016.

· Roteiro de atividades disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensinosociologia.fflch.usp.br/files/Max_repert%C3%B3rio.pdf. Acesso em: 2 fev. 2016.

Leituras recomendadas

CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1980.

O livro apresenta o capitalismo no Brasil com base nos estudos de autores clássicos sobre a gênese e o desenvolvimento desse sistema.

CATTANI, Antonio; DÍAZ, Laura (Org.). Desigualdades na América Latina: novas perspectivas analíticas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2005.

Reúne questões sobre desigualdade social e pobreza sob o ponto de vista de autores diversos.

DUPAS, Gilberto. Atores e poderes na nova ordem global: assimetrias, instabilidades e imperativos de legitimação. São Paulo: Ed. da Unesp, 2005.

As formas de poder econômico e social (o Estado e a sociedade) são questionadas diante da força das corporações globais.

SCHWARTZMAN, Simon. Pobreza, exclusão social e modernidade: uma introdução ao mundo contemporâneo. São Paulo: Augurium, 2004.

Exame sociológico das raízes e problemas da desigualdade social e da pobreza no contexto do desenvolvimento científico e tecnológico.

FONTE: Claudio Muñoz/Acervo do artista



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Capítulo 3

A FAMÍLIA NO MUNDO DE HOJE

Aqui começam as orientações para o Capítulo 3 (p. 77 a p. 106).

No Capítulo 3, a família é estudada como instituição social, em seus diferentes arranjos. Muitos desses arranjos são hoje reconhecidos em razão da mudança no entendimento do que constitui uma família, processo em que os estudos empreendidos pelas Ciências Sociais tiveram papel decisivo. Fatores como a acelerada urbanização, as mudanças no mercado de trabalho, a ampliação dos níveis de escolarização e a transformação de valores e hábitos contribuíram para essa transformação. O significado de família, seu papel em diferentes tempos, o significado do parentesco em diferentes culturas, a ideologia patriarcal, as relações de gênero, os diferentes arranjos familiares e a relação entre Estado, sociedade e família estão entre os conteúdos abordados.

Conceitos-chave: família, laços de parentesco, relações de dominação, família nuclear, família extensa, instituições sociais, integração social, socialização, papéis sociais, família patriarcal, famílias monoparentais, relações de gênero.

Objetivos do capítulo para o estudante

· Compreender que, atualmente, família designa grupos distintos que não se restringem à estrutura composta de pai, mãe e filhos vivendo sob um mesmo teto.

· Compreender o papel dos laços de parentesco e dos vínculos de afinidade na formação de relações de parentesco, entre as quais as familiares.

· Reconhecer que a ideologia patriarcal influenciou as configurações de famílias, o reconhecimento delas como tais e o estabelecimento de relações hierárquicas no interior das famílias nas sociedades ocidentais, incluindo a brasileira.

· Identificar que o grupo familiar é dinâmico, sofre influências do contexto social e promove estratégias para permitir que seus membros conquistem melhores condições de vida.

· Compreender a influência de transformações sociais, como a urbanização, as mudanças no mercado de trabalho, a ampliação dos níveis de escolarização, a mudança de valores e hábitos nas transformações por que passou a instituição família em nossa sociedade.

· Identificar que as famílias contemporâneas dividem cada vez mais a socialização (transmissão de valores e comportamentos) com a escola, os meios de comunicação e outras instituições sociais.

· Analisar como as novas formas de sociabilidade e de socialização das crianças, no ambiente doméstico e fora dele, tornam mais complexos os relacionamentos familiares. Entre os membros da família, os papéis sociais, regras e responsabilidades precisam ser negociados e renegociados.

Questão motivadora

O estudo do capítulo poderá começar pela atividade Pausa para refletir (p. 84), com a apresentação da reprodução da obra Cena da família de Adolfo Augusto Pinto (1891), de José Ferraz de Almeida Júnior. Antes da atividade com as questões,



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você pode solicitar à turma que observe o contexto retratado e procure compreender as posições sociais das personagens na tela. Peça aos estudantes uma análise detalhada dos diferentes elementos que compõem a pintura, a fim de localizar diferenças de idade, de gênero, de etnia, de atividades realizadas, de disposição no ambiente, etc.



Dica

Para ultrapassar o nível de percepção visual e de primeiras impressões sobre o fenômeno família, conduza a discussão buscando tratar tanto da perspectiva antropológica sobre as relações de parentesco quanto das implicações de um arranjo familiar específico (a família patriarcal). Nesse debate, verifique se a turma apreendeu os conceitos de instituição social e de arranjos familiares, bem como suas possibilidades de mudança e as implicações disso.

Avaliação

Sugerimos uma avaliação tanto individual como em grupos, com base em um complemento à atividade da seção Debate (p. 96) sobre o fragmento do texto "Cresce o número de famílias chefiadas por mulheres". Para auxiliar os estudantes a refletir sobre as informações e análises apresentadas no texto, solicite-lhes, com antecedência, que tragam imagens (recortes de revistas, reproduções de obras de arte, etc.) com mulheres em situação de responsabilidade pela manutenção da família. A discussão pode ser orientada pela seguinte questão: "De que modo as informações apresentadas pelo texto refletem uma mudança mais profunda em curso nas convenções sociais e nos valores da sociedade brasileira?".

Estratégias de ensino-aprendizagem: um exemplo no Capítulo 3

São muitas as estratégias de ensino-aprendizagem que as Ciências Sociais favorecem: leituras, exercícios escritos, exposições orais, sistematizações, esquemas de estudo, roteiros de pesquisa, painéis, júris, seminários, relatórios, debates, discussões sobre diferentes argumentos, utilização de recursos visuais (vídeos, cinema, fotos, obras de arte, etc.).

Para o Capítulo 3, exemplificamos com a opção pela utilização de imagens. Além do prazer visual que proporciona, a apreciação de obras de arte propicia a interpretação de contextos e representações sociais. Nesse sentido, sua orientação é fundamental para que os estudantes recorram a ferramentas e à postura crítica das Ciências Sociais a fim de passar das primeiras impressões a uma análise mais rigorosa.

Além do trabalho com a obra do pintor Almeida Júnior, sugerimos como atividade complementar um debate sobre o filme Pai patrão (direção de Paolo Taviani e Vittorio Taviani, Itália, 1977). Se possível, projete-o em sala de aula. Oriente os estudantes a observar, enquanto assistem ao filme, diversos aspectos da produção, do contexto histórico representado e das situações: época, local, cenários, composição da família, suas características, os papéis dos seus membros, a relação entre os pais, entre os pais e os filhos, etc. Sugira um debate com base nessa observação, lembrando a todos das regras de respeito à opinião do outro e das formas de argumentação. Um roteiro possível: quais são as semelhanças e as diferenças entre o que se concebe como família atual e a família retratada? Quais são os processos históricos que ocorreram para que se processassem tais mudanças? Qual é o papel do pai naquela família? Como é o comportamento do filho? Qual é o papel da mulher na família do filme e nas atuais?

Complemento teórico

Além dos textos e obras sugeridos na seção As Ciências Sociais na biblioteca, recomendamos ao professor a leitura deste trecho de um texto de Pierre Bourdieu (1930-2002). Ao explorar as dimensões objetivas e subjetivas da família como instituição social em que os laços afetivos são progressivamente construídos, conclui com a imagem fixada no tempo de uma foto de família.

[...] se é verdade que a família é apenas uma palavra, também é verdade que se trata de uma palavra de ordem, ou melhor, de uma categoria, princípio coletivo de construção da realidade coletiva. [...] A família é um princípio de construção ao mesmo tempo imanente aos indivíduos (enquanto coletivo incorporado) e transcendente em relação a eles, já que se reencontram sob forma objetivada em todos os outros. [...] Esse é o círculo de reprodução da ordem social. [...] Se a família aparece como a mais natural das categorias, e se está destinada, por isso, a fornecer o

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modelo de todos os corpos sociais, é porque a categoria do familiar funciona, nos habitus [uma lei tácita (nomos) da percepção e da prática que fundamenta o consenso sobre o sentido do mundo social], como esquema classificatório e princípio de construção do mundo social e da família como corpo social específico, adquirido no próprio seio de uma família como ficção social realizada. [...]

Para compreender como a família passa de uma ficção nominal a grupo real, cujos membros estão unidos por intensos laços afetivos, é preciso levar em conta todo o trabalho simbólico e prático que tende a transformar a obrigação de amar em disposição amorosa e a dotar cada um dos membros da família de um "espírito de família" gerador de devotamentos, de generosidades, de solidariedades (ele se expressa tanto nas inúmeras trocas comuns e continuadas da vida cotidiana, trocas de dádivas, de serviços, de ajuda, de visitas, de atenções, de gentilezas etc., quanto nas trocas extraordinárias e solenes das festas familiares - frequentemente sancionadas e eternizadas por fotografias que consagram a integração da família reunida).

BOURDIEU, Pierre. O espírito de família. In: BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996. p. 124-133.

Comentários sobre as atividades

Pausa para refletir (Almeida Júnior - pintura)

1. Resposta pessoal. Oriente os estudantes a descrever o ambiente de maneira mais detalhada possível, caracterizando-o como um espaço privado familiar. Peça-lhes que procurem perceber aspectos como a propriedade ou o uso de objetos por algum personagem da obra, de modo que, nas demais questões desta atividade, eles possam depreender interpretações disso. A posição de cada indivíduo nesse espaço também pode indicar aspectos importantes da família retratada.

2. O fato de as crianças estarem em volta da mãe, que executa um trabalho doméstico, indica que a função a ela atribuída naquela família é cuidar do lar e dos filhos. Enquanto isso, o pai permanece mais distante das crianças, exercendo uma atividade intelectual (estuda ou lê uma carta). Repare na grande quantidade de filhos dessa família, algo incomum no Brasil de hoje (especialmente em famílias de alta renda, como parece ser a retratada na tela). Isso faz com que os mais velhos cuidem dos menores, ajudando a mãe nas tarefas. O tom de pele de toda a família é semelhante.

3. Resposta pessoal. Pela distância do pai em relação aos filhos e às tarefas domésticas, permanecendo em um espaço privilegiado da cena, há indícios de que se trata de uma família patriarcal, na qual ele exerce poder sobre os demais membros.

4. Enquanto a mulher exerce tarefas domésticas (cuidar dos filhos e costurar), o homem se empenha em uma atividade intelectual. Entre as crianças, o menino mais velho também se diferencia dos outros, pois não ajuda mais a mãe nos cuidados com a casa e a família; em vez disso, parece seguir os passos do pai lendo - ou observando - algo sobre a mesa. Já a filha mais velha acompanha atentamente o modo de bordar ou cerzir da mãe.

Encontro com cientistas sociais (Durkheim)

A resposta à questão é pessoal. Procure avaliar se os estudantes conseguem estabelecer relações entre o trecho da obra de Durkheim, o conteúdo do boxe e suas realidades cotidianas. Sempre que optar pelo compartilhamento das respostas em sala, procure evitar que os estudantes passem por constrangimentos.



Debate (Ipea)

1. No Brasil, os dados de pesquisas nacionais mostram que cresceu o número de famílias chefiadas por mulheres.

2. Entre as implicações sociais e culturais das transformações no âmbito familiar estão: alteração nos papéis familiares de homens e mulheres; mudança nas concepções de masculinidade e feminilidade; maior equiparação entre homens e mulheres no mercado de trabalho (pelo aumento da escolaridade e da qualificação profissional das mulheres); ampliação na concepção das relações de gênero.

Comentários para enriquecer o debate:



· O trabalho doméstico, em uma visão produtiva e capitalista, não gera valor diretamente, não produz mercadorias concretas.

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Porém, ele oculta um valor indireto, importante na reprodução da força de trabalho, uma vez que o trabalhador depende das tarefas domésticas; quando esse trabalho é executado por outra pessoa, aquele tempo é liberado para o trabalho. Com a crescente participação da mulher em trabalhos fora do lar, a reivindicação por igualdade não se resume à equiparação da remuneração, mas também a uma divisão igualitária das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos.



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