Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny


Burguesia: na página 20. Capitalismo



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Burguesia: na página 20.
Capitalismo: na página 23.
Estratificação social: na seção Conceitos sociológicos, página 369.

Sessão de cinema



O mercador de Veneza EUA, 2005, 138 min. Direção de Michael Radford.

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Cary Brokaw/Michael Cowan/Barry Navidi/Jason Piette

Adaptação da peça homônima de William Shakespeare, o filme se passa na Veneza do século XVI e aborda o repúdio da sociedade europeia à prática econômica da usura (cobrança de juros).

1492. A conquista do Paraíso

Espanha/França/Inglaterra, 1992, 148 min. Direção de Ridley Scott.



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Gaumont/Légende Enterprises

O filme retrata os últimos 20 anos de vida de Cristóvão Colombo – desde que se convenceu de que a Terra era redonda até sua decadência e morte. Ele mostra o encontro dos europeus com as civilizações que habitavam as terras (América) que, supostamente, seriam as Índias.
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Construindo seus conhecimentos



MONITORANDO A APRENDIZAGEM

1. O que significa dizer que a sociedade feudal era uma sociedade estamental? (Consulte o verbete “Estratificação” na seção Conceitos sociológicos na página 369).

2. As Grandes Navegações possibilitaram a exploração do Mar Tenebroso, hoje conhecido como Oceano Atlântico. Assim, os europeus puderam ter acesso a lugares longínquos e desconhecidos, dando início a um processo considerado por alguns historiadores como a “primeira globalização”. Você concorda com esse significado atribuído às viagens marítimas dos séculos XV e XVI? Por quê?

3. O Iluminismo foi um movimento cultural que difundiu a convicção de que a razão e a ciência deveriam ser a base para a compreensão do mundo. Explique como a confiança na razão contribuiu para transformações políticas na modernidade.

4. Leia atentamente o texto a seguir.

A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo econômico que rompeu com as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo não europeu; mas foi a França que fez suas revoluções e a ela deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de praticamente todas as nações emergentes, e a política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917 foi em grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então resistido às ideias europeias inicialmente através da influência francesa. Essa foi a obra da Revolução Francesa.

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. p. 71-72.

■ As revoluções Industrial e Francesa são marcos importantes para o entendimento das transformações da modernidade. Na análise do autor, de que forma cada uma delas contribuiu para essas transformações?



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DE OLHO NO ENEM

1. (Enem 2013)

TEXTO I

Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

TEXTO II

É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
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A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se



(A) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
(B) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
(C) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
(D) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
(E) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.

2. (Enem 2012)

TEXTO 1

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO 2

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume



(A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
(B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
(C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
(D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
(E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

3. (Enem 2011)

Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.

SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.

O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre



(A) fé e misticismo.
(B) ciência e arte.
(C) cultura e comércio.
(D) política e economia.
(E) astronomia e religião.
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4. (Enem 2012)

Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os liberou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.

KANT, I. Resposta à pergunta: O que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa



(A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
(B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
(C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
(D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
(E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

ASSIMILANDO CONCEITOS

1. Leia atentamente o quadrinho a seguir.

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Nilson


“A Caravela”, tira publicada no Jornal do Brasil, 5 set. 2005.

a) Quem são os personagens investidos de poder retratados no primeiro quadro? A que tipo de sociedade eles estão associados?

b) De acordo com seu conhecimento histórico, os “reprimidos” no terceiro quadro representam quais segmentos sociais?

c) Cite e explique alguns fatores que contribuíram para que o “logo desisto” do último quadro se transformasse em “logo resisto” a partir do século XVIII.
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OLHARES SOBRE A SOCIEDADE

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Leia atentamente o texto a seguir.



O QUE É UM MODERNO?

A modernidade possui tantos sentidos quantos forem os pensadores ou jornalistas. Ainda assim, todas as definições apontam, de uma forma ou de outra, para a passagem do tempo. Através de um adjetivo moderno, assinalamos um novo regime, uma aceleração, uma ruptura, uma revolução do tempo. Quando as palavras “moderno”, “modernização” e “modernidade” aparecem, definimos, por contraste, um passado arcaico e estável. Além disso, a palavra encontra-se sempre colocada em meio a uma polêmica, em uma briga onde há ganhadores e perdedores, os Antigos e os Modernos. “Moderno”, portanto, é duas vezes assimétrico: assinala uma ruptura na passagem regular do tempo; assinala um combate no qual há vencedores e vencidos. Se há hoje tantos contemporâneos que hesitam em empregar este adjetivo, se o qualificamos através de preposições, é porque nos sentimos menos seguros ao manter esta dupla assimetria: não podemos mais assinalar a flecha irreversível do tempo, nem atribuir um prêmio aos vencedores. Nas inúmeras discussões entre os Antigos e os Modernos, ambos têm hoje igual número de vitórias, e nada mais nos permite dizer se as revoluções dão cabo dos antigos regimes ou os aperfeiçoam.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 1994. p. 15.

Ao longo do curso de Sociologia você terá oportunidade de conhecer diferentes visões sobre a modernidade. Esperamos que reflita e desenvolva uma opinião própria a respeito do que vem a ser “modernidade” e suas diversas interpretações.



1. Para começar esse empreendimento, responda às questões a seguir.

a) De acordo com o filósofo e antropólogo Bruno Latour, “moderno” refere-se a um tipo de pessoa ou povo, a um tempo ou um espaço? Como “moderno” e “modernidade” são caracterizados?

b) De acordo com o texto, seria difícil definir vencedores e derrotados no embate entre “antigos” e “modernos”. Considerando a contemporaneidade e os processos abordados neste capítulo, você concorda com a afirmação do autor? Explique.

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EXERCITANDO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA
Tema de redação do Vestibular FGV – Administração (2010)

No mundo moderno, cuja legitimidade é baseada na liberdade e igualdade de seus membros, o poder não se manifesta abertamente como no passado. No passado, o pertencimento à família certa e à classe social certa dava a garantia, aceita como tal pelos dominados, de que os privilégios eram “justos” porque espelhavam a “superioridade natural” dos bem-nascidos [...].

A ideologia principal do mundo moderno é a “meritocracia”, ou seja, a ilusão, ainda que seja uma ilusão bem fundamentada na propaganda e na indústria cultural, de que os privilégios modernos são “justos” [...]. O ponto principal para que essa ideologia funcione é conseguir separar indivíduo da sociedade [...]. O “esquecimento” do social no individual é o que permite a celebração do mérito individual, que em última análise justifica e legitima todo tipo de privilégio em condições modernas.

Jessé Souza. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009. p. 43.

Escreva uma redação argumentativa discutindo o texto acima, na qual, além de seu ponto de vista sobre as ideias defendidas pelo autor, estejam explícitos os seguintes aspectos:

■ em que consiste a meritocracia?

■ por que o autor considera a meritocracia uma “ilusão”?

■ de que maneira a meritocracia se manifesta na realidade brasileira?


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2 Saber o que está perto



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Coleção particular

Rua de um bairro pobre de Londres (Dudley Street), 1872. Litogravura do ilustrador francês Gustave Doré (1832-1883).

A Sociologia – ou ciência da sociedade – nasceu na segunda metade do século XIX. Por que ela surgiu só nesse momento, se a vida em sociedade existe desde tempos remotos e muitos dos problemas que a humanidade enfrenta até hoje a acompanham de longa data? Relações de grupo, formação de instituições, exercício do poder, manifestações e experiências culturais, tudo isso é muito antigo, mas a Sociologia é uma ciência historicamente recente. Por que essa defasagem?

O tempo histórico que possibilitou o nascimento da Sociologia foi aquele que se sucedeu às duas grandes revoluções ocorridas no século XVIII, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, cujos desdobramentos alteraram profundamente a vida de homens, mulheres, jovens, crianças e idosos. Essas mudanças provocaram expectativas e incertezas: o que era considerado certo foi caindo em descrédito, o que se julgava válido foi questionado. Os valores que orientavam a conduta das pessoas perderam gradativamente o sentido, sem que houvesse acordo sobre os novos valores que regeriam a vida em sociedade dali em diante. Em momentos como esses, ficam expostas as dificuldades e inseguranças de pessoas, grupos e instituições.

Nesse sentido, podemos dizer que a Sociologia surgiu com o compromisso de responder às questões que se apresentavam no dia a dia das pessoas que viviam nas cidades. Embora tenha se voltado também para o contexto rural, foi o ambiente urbano que possibilitou seu desenvolvimento, pois se configurou como área de conhecimento.

Nas cidades modernas, as diferenças e distâncias entre ricos e pobres acentuaram-se; a precariedade das relações de trabalho ficou evidente; as moradias foram desigualmente distribuídas; surgiram as tentativas de renovação dos valores vigentes; havia resistência a obedecer ao que estava determinado; o sofrimento de quem não conseguia proteção exigia atenção, assim como os maus-tratos e as injustiças; enfim, havia muitos problemas que, ainda hoje, você pode identificar em sua comunidade.
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Basta olhar com atenção à sua volta.

Nesse ambiente urbano, que abrigava um número cada vez maior de habitantes, o desafio era explicar por que as pessoas se distribuíam de forma tão desigual, ou, ainda, manter na mesma sociedade, compartilhando o mesmo tempo e território, grupos com pensamentos e atitudes tão diversos. Portanto, o desafio intelectual da Sociologia era compreender e explicar as diferenças entre aqueles que, mesmo fisicamente próximos, viam-se e/ou eram vistos distintamente.

Ainda hoje a noção de diferença e seus correlatos – diferenciação, distinção e desigualdade – é muito importante para a Sociologia. Tomemos a distinção por sexo ou a chamada “desigualdade de gênero”. Mulheres e homens não são tratados da mesma maneira em situações semelhantes. O mercado de trabalho nos mostra isso claramente: mesmo exercendo as mesmas funções, mulheres ainda ganham salários menores do que os homens. Nos grupos etários também percebemos distinções: pessoas de idades diferentes podem ser discriminadas ou por serem mais novas ou mais velhas. Há casos ainda de diferenciação por grupos étnicos, ou seja, grupos que apresentam traços físicos e culturais considerados, em alguns casos, mais aceitáveis pela sociedade e, em outros, menos. Tomemos como exemplo os indígenas e os negros no Brasil. Esses grupos étnicos foram escravizados pelos colonizadores e até hoje sofrem preconceito por parte da sociedade. Também há casos de estranhamento e intolerância entre os que professam religiões diferentes da que é mais aceita em determinada comunidade, além dos casos de preconceito em relação aos que não professam nenhuma religião. E podemos ainda citar os diversos estilos de fazer política que separam grupos como “mais modernos” ou “mais atrasados”, “mais progressistas” ou “mais conservadores”.

Veja que a lista pode ser grande. Basta ficarmos atentos aos sinais que a sociedade nos dá sobre as diferenciações. Eles aparecem nos comentários, na imprensa, nas brincadeiras, nas conversas informais, nas piadas e, até mesmo, em livros didáticos. A diferenciação e os preconceitos que dela se desdobram são um tema clássico da Sociologia, que pode ser tomado como área de conhecimento e uma de suas principais motivações.

Resumindo, a proximidade entre indivíduos, possibilitada pelo avanço das cidades modernas, contribuiu para as comparações. Foi olhando para si mesmo e para os outros que convivem no mesmo espaço e tempo que os indivíduos puderam perceber as diferenças. É possível indagar por que de perto as pessoas ficam tão diferentes ou por que são tratadas de forma tão distinta.

Ao longo do século XIX, quando se impulsionou o processo de industrialização, houve um grande desenvolvimento das ocupações e especializações. O quadro da diferenciação ficou mais visível, e o desafio de explicar e compreender, mais urgente.

Os fundadores da Sociologia sofriam o impacto dos problemas e das novidades daquele momento. Um século e meio depois, voltamos a eles e ainda encontramos em seus escritos fontes inspiradoras e até sugestões para lidar com questões do tempo presente. As Ciências Sociais e, principalmente, a Sociologia, sempre estiveram atentas aos problemas urgentes e às situações de crise. Essa é uma das razões pelas quais dizemos que a Sociologia desenvolve o senso crítico, a capacidade de análise e o aprendizado específico para refletir sobre o que se passa ao redor.

Diferenciação social

Relaciona-se com o estabelecimento de hierarquias. Lugares e posições são referências para indicar quem ou quais grupos são superiores ou inferiores; mais prestigiados ou desprezados. Essas diferenças são acompanhadas de julgamentos de valor, ou seja, são justificadas por algum argumento que confirma a própria diferença. Quem nunca ouviu que pobres são pobres porque não se esforçam o suficiente? Que os negros são bons de samba e futebol, mas que não são intelectualmente capazes para ocupar profissões de prestígio; que as mulheres são talentosas para cuidar da casa, mas não se adéquam ao mundo do trabalho, ou seja, o mundo de fora da casa; que homossexuais são frágeis e não aguentam a rotina e a disciplina de trabalho... Esses são exemplos, entre tantos outros possíveis, de mostrar e marcar a diferença entre as pessoas, justificar situações desiguais e estabelecer uma escala hierárquica que vai do menos ao mais, do menor ao maior, do pior ao melhor.


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A Sociologia e a crítica do tempo presente

Vamos explorar um exemplo concreto: você já ouviu falar que homens e mulheres são movidos por interesses materiais? É como se fizesse parte da natureza das pessoas querer mais, cobiçar mais, acumular bens e vendê-los a outros. Uma corrente importante da economia, originária do pensador Adam Smith (1723-1790), orientou-se por essa crença e falou da “mão invisível do mercado”, capaz de equilibrar os desacertos gerados pelo próprio mercado. Deixado em seu livre curso, o mercado organiza a vida, dá valor ao que tem valor, tira de circulação o que não é mais desejado, organiza as pessoas em torno do movimento de trocas. Se algo sair errado é porque alguma coisa atrapalhou o livre curso do mercado.

Os economistas alinhados a Adam Smith defendem que as sociedades se formaram motivadas por uma inclinação de todos os indivíduos pelas atividades econômicas de compra e venda. Para eles, o livre movimento de pessoas e produtos, a circulação de bens e a troca de mercadorias contribuíram para o progresso e o bem-estar cada vez maior das populações. O mercado, espaço onde essas trocas são feitas, seria uma consequência natural e espontânea desse modo de viver. Portanto, esse modo de viver é natural, ou seja, as pessoas são naturalmente assim. Esta última frase iguala todos os indivíduos, todas as épocas históricas, todas as culturas. É contra essa crença generalizada que Karl Polanyi (1886-1964) argumenta.

Karl Paul Polanyi

(Viena, Império Austro-Húngaro, 25 de outubro de 1886 – Ontário Canadá, 23 de abril de 1964.)

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Arquivo pessoal

Karl Polanyi, 1953.

Austríaco de nascimento, mas de família húngara, Karl Polanyi foi filósofo e antropólogo. Seu livro mais conhecido – A grande transformação: as origens de nossa época (1944) – tornou-se importante referência para os cientistas sociais. Nessa obra, Polanyi procurou mostrar que, ao lado do mercado autorregulável, está a sociedade impondo limites, defendendo os interesses da comunidade e fortalecendo os laços sociais.

O progresso econômico amplia o conforto e o bem-estar, mas deixa seus deserdados. O mercado liberta, mas também aprisiona; emprega, mas retira as pessoas do emprego; expõe uma variedade imensa de produtos, mas lembra aos que não têm como pagar o quanto eles estão fora da vida econômica. Quando falamos dos progressos da indústria, sobretudo da produção industrial em massa como a que vemos hoje, nem sempre refletimos sobre os custos humanos causados por tanta acumulação. Os bens estão disponíveis para aqueles que podem comprar, os objetos são expostos nas vitrines, os divertimentos são anunciados para que as pessoas os adquiram, e aqueles que vendem bons produtos por melhores preços acabam sendo preferidos pelos compradores. Mas nem todos são compradores e, se compram, não o fazem da mesma maneira. A Sociologia, em seus primórdios, preocupou-se com a compreensão desses contrastes – os sinais contrários de um mesmo fenômeno e seus efeitos sobre a vida das pessoas comuns.

Essa área do conhecimento voltou-se também para outro aspecto fundamental: os indivíduos nem sempre têm no interesse econômico a motivação exclusiva para suas ações. Nem tudo pode ser explicado pelas regras do mercado ou da economia, ainda que muitas das ações causadas por outros sentimentos resultem em benefícios ou ganhos econômicos. É importante compreender esses sentimentos que “ligam” a vida das pessoas e dão sentido a ela. Afinal, são eles que informam as maneiras distintas de os grupos, as culturas e as sociedades se constituírem.

As revoluções modernas que originaram a Sociologia estimularam o individualismo e propiciaram a liberdade para que os indivíduos pudessem manifestar seus pensamentos, deslocar-se sem restrições, escolher seus destinos amorosos e definir suas profissões. Uma conquista e tanto! Um processo longo, considerado uma revolução.

No entanto, se todos procurarem exclusivamente os próprios interesses, se olharem apenas para si, como será possível fazer alguma coisa pelo conjunto? Em outras palavras: Como haverá sociedade – ou seja, a vida coletiva – se cada um considerar apenas o próprio bem-estar? O individualismo será capaz de eliminar a vida coletiva? Ou melhor, será que, cuidando dos indivíduos, poderemos construir o bem comum? Repare que são indagações como aquelas feitas por Karl Polanyi a respeito da aposta no mercado como organizador da vida coletiva. E foram perguntas desse tipo que também estimularam a imaginação dos autores que, neste livro, serão apresentados a você.


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A Sociologia nos ajuda, portanto, a refletir sobre as opiniões que temos. Ela nos ensina a suspeitar de nossas certezas mais arraigadas. É um campo do conhecimento que modifica nossa percepção do dia a dia e, assim, contribui para alterar a maneira de vermos nossa vida e o mundo que nos cerca. Voltando à crítica feita à Sociologia, mencionada por Anthony Giddens – de que ela trata do que todo mundo sabe em uma linguagem que ninguém entende –, podemos concordar com a primeira parte, contanto que o final seja modificado: a Sociologia trata daquilo que já sabemos de uma maneira que não conhecíamos antes.

Há outro autor, chamado Peter Berger, que torna isso ainda mais claro ao descrever o trabalho do sociólogo. Vejamos a seguir o que ele escreveu a respeito.

A maior parte do tempo, o sociólogo aborda aspectos da experiência que lhe são perfeitamente familiares, assim como à maioria dos seus compatriotas e contemporâneos. Estuda grupos, instituições, atividades de que os jornais falam todos os dias. Mas as suas investigações comportam outro tipo de paixão da descoberta. Não é a emoção da descoberta de uma realidade totalmente desconhecida, mas a de ver uma realidade familiar mudar de significação aos nossos olhos. A sedução da sociologia provém de ela nos fazer ver sob outra luz o mundo da vida cotidiana no qual todos vivemos.

BERGER, Peter. Comprendre la sociologie: son rôle dans la société moderne. Paris: Centurion-Resma, 1973. p. 30. (Tradução nossa.)

Há muitas formas diferentes de compreender o que é sociedade, assim como há muitas maneiras de “fazer Sociologia”. Ciência se faz com teorias, métodos, conceitos. No caso da Sociologia, há um leque de teorias e métodos, uma série quase infinita de conceitos, muitas vezes divergentes, e um sem-número de propostas de pesquisa. A ideia de uma ciência que não tenha uma resposta única para o mesmo problema pode parecer incoerente ou descabida, mas talvez seja justamente essa pluralidade de formas de ver o mundo e de responder à pergunta “O que é sociedade?” que torna a Sociologia tão fascinante.

Uma das lições mais interessantes da Sociologia é que sempre devemos desconfiar de tudo que se apresenta como “sempre foi assim” ou “é assim porque é”. Os sociólogos gostam de comparar diferentes padrões de relacionamento e de pensar em arranjos alternativos. Ainda que, por vezes, discordem uns dos outros, sempre concordam em um ponto essencial: o segredo do ofício reside em ver o geral no particular, a individualidade no contexto social, o estranho no familiar. Esse seria o fundamento básico da “imaginação sociológica”. E podemos usar essa “imaginação” em várias situações para pensar sobre os temas mais inusitados.

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Marko Djurica/Reuters/Latinstock

Economia e sociedade: manifestantes na entrada do Parlamento, em Atenas, capital da Grécia, reivindicando ao governo um acordo com líderes da zona do euro. O país sofre com a crise econômica desde 2008, e em 2015 a dívida monetária somava em torno de 320 bilhões de euros. Fotografia de 2015.
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Da Europa do século XIX ao Brasil do século XXI

Os primeiros observadores do mundo social trataram de um conjunto razoavelmente homogêneo de questões relacionadas a ele. Mas, apesar de todos enxergarem os mesmos problemas, reagiram a eles de maneiras diferentes e os analisaram de ângulos distintos. A Sociologia surgiu, assim, das reações peculiares que os pensadores e observadores do mundo social tiveram diante das mesmas questões. Isso significa que a Sociologia é um campo fértil de respostas diferentes a uma pergunta comum: Como a vida em sociedade é possível?

O século XXI não eliminou os problemas encontrados no século XIX, no entanto muitos deles foram enfrentados com ganhos substanciais. Trata-se de conquistas da sociedade e da Sociologia. Da sociedade, porque refletem a mobilização de grupos sociais, classes e associações por melhoria de condições de vida e pelo atendimento, ainda que parcial, de seus interesses. Da Sociologia, por ela ter se constituído em ciência inquirindo e tentando responder às questões que afetam a vida em sociedade.

Entre as políticas que resultaram da movimentação da sociedade, destacam-se a legislação trabalhista, que protege mais os trabalhadores; a justiça, que garante os direitos civis a grupos que antes nem sequer podiam reivindicá-los; e o direito à educação, que é estendido a um número cada vez maior de habitantes. A extensão dos benefícios sociais tornou-se rea li da de para uns segmentos, ainda que não atinja a outros. Problemas e desafios contemporâneos têm estreita relação com as vitórias alcançadas em mais de um século – por exemplo, a urbanização acelerada, o fluxo crescente de pessoas que se deslocam para conhecer lugares ou para morar em outras cidades, entre outros. A melhoria de vida que trouxe o conforto dos carros e dos climatizadores de ar, com os consequentes problemas de congestionamento nas ruas, de poluição do ar e de uso excessivo de energia, é um exemplo da complexidade da vida social. O planeta ficou pequeno para tantos indivíduos motorizados? O que fazer? Reduzir a inclusão de pessoas no progresso e no estado de bem-estar? Produzir tecnologia para barrar o estrago? Educar para preservar os recursos naturais?

Todas essas são questões atuais que povoam e provocam a imaginação sociológica aqui e em muitos outros países. Reproduzimos a mensagem da socióloga brasileira Elisa Pereira Reis a respeito do desafio contemporâneo imposto à Sociologia, que tem mérito duplo: confirmar a importância dos estudos dos primeiros observadores do mundo social e, ao mesmo tempo, mostrar como o tempo presente continua provocando a imaginação e nos desafiando a encontrar outras respostas a problemas que nos são apresentados.

Agenda para as Ciências Sociais

A vida das pessoas e das sociedades está sempre passando por mudanças. Entretanto, há épocas em que o ritmo e a abrangência das transformações são de tal ordem que somos levados a questionar nossas certezas de longa data. O mundo atual parece estar passando por um desses momentos. O processo ao qual nos referimos como globalização diz respeito, na verdade, a uma série de mudanças que vêm ocorrendo em escala global.

No plano cultural, há três mudanças em particular que não podem ser ignoradas pelas Ciências Sociais. Uma delas é a emergência de uma consciência ecológica que traduz uma nova maneira de pensar a relação entre os humanos e a natureza. A concepção, até bem pouco tomada como trivial, sugeria que a natureza precisava ser conquistada com a ajuda da tecnologia. Hoje, diferentemente, mais e mais se difunde a percepção segundo a qual nosso desafio é cuidar da natureza. É preservando-a que asseguramos o futuro da sociedade. É cuidando dela que preservamos a galinha dos ovos de ouro.

Uma segunda transformação cultural de enorme impacto é entender a autoridade pública, a organização de interesses pelo mercado e a sociedade civil como três princípios de organização social. Ou seja, se antes o Estado e o mercado eram vistos como os dois princípios de que dispunha a sociedade para organizar a vida coletiva, agora a própria sociedade civil é percebida como um terceiro tipo de recurso, a solidariedade. Finalmente, outra grande mudança cultural contemporânea é a nova maneira de perceber as relações entre diferença, igualdade e desigualdade. Se o mundo moderno nasce recusando as diferenças estamentais para introduzir o valor da igualdade, hoje reconhecemos que diferença e igualdade não devem ser tomadas sempre como princípios excludentes. Ao contrário, muitas vezes, para lograr a igualdade precisamos reconhecer as diferenças.

REIS, Elisa P., 2012. Texto escrito para esta obra.
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Estamos, assim, diante de uma situação particularmente interessante. A Sociologia nos ensina a pensar a respeito dos problemas que estão a nosso redor. No entanto, nós mesmos vivemos as situações sobre as quais devemos refletir. Portanto, somos ao mesmo tempo quem estuda e quem vive as situações que queremos estudar. Em parte, somos modificados pelo que acontece; em parte, modificamos o que está perto. O conhecimento que temos se altera à medida que novos problemas nos desafiam. Foi por isso que Elisa Reis nos apresentou as mudanças recentes que instigam as Ciências Sociais a se repensar a propor alternativas de entendimento mais adequadas ao movimento contemporâneo. O conhecimento que se renova e que se torna público modifica a própria situação. Interessante essa ciência que se constrói para pensar sobre problemas e se modifica em função dos conhecimentos que produzimos sobre eles, bem como pela percepção que temos deles.



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Eric Feferberg/AFP

Instalação do artista Olafur Eliasson, parte da Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas (COP21) de 2015, sediada em Paris, França.
A obra, intitulada Ice Watch, foi construída com 12 calotas de gelo da Groenlândia e montada em frente à Praça do Pantheon, em Paris, e representa um relógio de gelo. O objetivo é que as pessoas circulem por dentro do relógio e observem a passagem do tempo em cada calota, interagindo assim com a instalação. Desafios de nosso tempo que fazem parte do programa de estudos das Ciências Sociais: economia global, desenvolvimento sustentável, pluralidade cultural, consolidação da democracia e organização da sociedade civil.

Recapitulando

Neste capítulo, você recebeu um convite para nos acompanhar em uma viagem de conhecimento, uma jornada intelectual que tem a ciência da sociedade, isto é, a Sociologia, como percurso. Muitas perguntas motivam essa nossa viagem pelo tempo – do século XIX ao século XXI – e pelo espaço – da Europa ao Brasil. São indagações que giram em torno de uma curiosidade central que animou os fundadores da Sociologia e continua a inspirar os cientistas sociais contemporâneos: Como é possível a vida em sociedade?

Ao longo do percurso, pretendemos provocar em você o que o sociólogo norte-americano Charles Wright Mills chamou de “imaginação sociológica”. A intenção é que, ao fim da jornada, a Sociologia possa ajudá-lo a desenvolver a capacidade de análise crítica a respeito daquilo que o cerca.


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Leitura complementar


Em defesa da Sociologia

O que é que há com a Sociologia? Por que causa tamanha irritação a tantas pessoas? Alguns sociólogos poderiam responder “ignorância”; outros, “medo”. Por que medo? Ora, porque consideram sua matéria algo arriscado e frustrante. A Sociologia, costumam afirmar, tende a subverter: ela questiona as premissas que desenvolvemos sobre nós mesmos, como indivíduos, e acerca dos contextos sociais mais amplos nos quais vivemos. [...]

A Sociologia é uma disciplina [...] que se preocupa, sobretudo, com a modernidade – com o caráter e a dinâmica das sociedades modernas e industrializadas. [...] Entre todas as ciências sociais, a Sociologia estabelece uma relação mais direta com as questões que dizem respeito à nossa vida cotidiana – o desenvolvimento do urbanismo moderno, crime e punição, gênero, família, religião e poder social e econômico.

Considerando que a pesquisa e o pensamento sociológicos são mais ou menos indispensáveis na sociedade contemporânea, é difícil depreender algum sentido das críticas que acusam os estudos desses aspectos de não trazerem nenhum esclarecimento – de serem senso comum embalado em jargões um tanto desenxabidos. Embora trabalhos específicos de pesquisa possam sempre ser questionados, ninguém poderia argumentar que não há nenhum propósito em, por exemplo, realizar estudos comparativos sobre a incidência de divórcio em diferentes países. Os sociólogos envolvem-se em todos os tipos de pesquisa que [...] acabam revelando-se interessantes, sendo considerados relevantes pela maioria dos observadores [...].

Na atualidade, a pesquisa social constitui parte tão integrante de nossa consciência que passamos a considerá-la natural. Todos nós dependemos dessa pesquisa para identificar o que efetivamente consideramos senso comum – “o que todo mundo sabe”. Todos sabemos, por exemplo, que as taxas de divórcio são elevadas na sociedade de hoje; no entanto, tal “conhecimento óbvio”, claro, depende de trabalhos de pesquisa social realizados com regularidade, quer sejam conduzidos por pesquisadores do governo, quer por sociólogos pertencentes aos círculos acadêmicos.

Isso explica, até certo ponto, a sina que persegue a Sociologia de ser tratada como menos original e menos fundamental à nossa existência social do que realmente o é. [...] Hoje, por exemplo, muitas pessoas perguntam se um líder tem carisma, discutem a questão do pânico moral ou falam a respeito do status social de alguém – todas noções que tiveram origem no discurso sociológico.

GIDDENS, Anthony. Em defesa da Sociologia. São Paulo: Unesp, 2001. p. 11 e 14-16.

Fique atento!


Definição dos conceitos sociológicos estudados neste capítulo.
Desigualdade: no verbete “Igualdade/desigualdade” da seção Conceitos sociológicos, página 371.
Diferenciação social: na página 31.
Individualismo: na seção Conceitos sociológicos na página 371.

Sessão de cinema



Oliver Twist

Várias nacionalidades, 2005, 130 min. Direção de Roman Polanski.



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R.P. Productions/Runtean II Ltd./Etic Films

Filme baseado no clássico da literatura inglesa Oliver Twist (1838), do romancista Charles Dickens (1812-1870). A obra trata do fenômeno da delinquência provocado pelas condições precárias da sociedade inglesa do século XIX.

Os miseráveis

EUA, 1998, 131 min. Direção de Billie August.



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Mandalay Entertainment/Tristan Pictures

Filme baseado no clássico da literatura francesa Os miseráveis (1862), de Victor Hugo (1802-1885). Trata-se de uma crítica às injustiças sociais praticadas na França pós-revolucionária (século XIX).
Página 37

Construindo seus conhecimentos



MONITORANDO A APRENDIZAGEM

1. As transformações pelas quais as sociedades ocidentais passaram no Período Moderno contribuíram para a construção de saberes científicos voltados para o estudo das sociedades. Explique como esse processo colaborou para o surgimento da Sociologia.

2. Conhecer o mundo social não é tarefa exclusiva da Sociologia. Todas as sociedades produziram e produzem conhecimento sobre o mundo social.

a) Cite exemplos de outras áreas cujo objeto de estudo seja o mundo social e explique-os.

b) Em qual tipo de conhecimento do mundo social a Sociologia se enquadra? Por quê?

c) Ao ler o subtítulo A Sociologia e a crítica do tempo presente, você deve ter percebido que a Economia e a Sociologia são disciplinas científicas que lidam com o mundo social, mas sob diferentes perspectivas. Que outras disciplinas científicas tomam o mundo social como objeto de estudo? Você reconhece as especificidades de cada uma delas?

3. Você aprendeu que a Sociologia é uma ciência em permanente transformação porque a sociedade, seu objeto de estudo, também se transforma permanentemente. Escreva uma lista com dois ou três temas ou questões sociais que você gostaria de compreender melhor e justifique por que os escolheu. Dos temas que você escolheu, qual coincidiu com os escolhidos pela turma e qual interessou apenas a você? De acordo com o que aprendeu neste capítulo, a Sociologia desenvolve estudos de amplo interesse social ou se dedica a temas que, na maioria das vezes, passam despercebidos pela maioria das pessoas?

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DE OLHO NO ENEM

1. (Enem 2010)

A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX?



(A) a facilidade em se estabelecer relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.

(B) o desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.

(C) a construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.

(D) a grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística.

(E) o alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.
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2. (Enem 2015)

Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.

SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult-CE, 2001 (adaptado).

Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a



(A) melhoria da qualidade da produção industrial.
(B) redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
(C) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
(D) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
(E) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.

3. (Enem 2015)

Só num sentido muito restrito, o indivíduo cria com seus próprios recursos o modo de falar e de pensar que lhe são atribuídos. Fala o idioma de seu grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a sua disposição apenas determinadas palavras e significados. Estas não só determinam, em grau considerável, as vias de acesso mental ao mundo circundante mas também mostram, ao mesmo tempo, sob que ângulo e em que contexto de atividade os objetos foram até agora perceptíveis ao grupo ou ao indivíduo.

MANNHEIM, K. Ideologia e utopia. Porto Alegre: Globo, 1950 (adaptado).

Ilustrando uma proposição básica da sociologia do conhecimento, o argumento de Karl Mannheim defende que o(a)



(A) conhecimento sobre a realidade é condicionado socialmente.
(B) submissão ao grupo manipula o conhecimento do mundo.
(C) divergência é um privilégio de indivíduos excepcionais.
(D) educação formal determina o conhecimento do idioma.
(E) domínio das línguas universaliza o conhecimento.

ASSIMILANDO CONCEITOS

O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento anual que acontece desde 2001, organizado por diversos movimentos sociais de países de todos os continentes que buscam alternativas para a transformação social global. Em sua origem, o FSM foi proposto como contraponto ao Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), realizado anualmente em janeiro.



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FSM


Cartaz do Fórum Social Mundial de 2015, na Tunísia.

1. De acordo com o que você leu no subtítulo A Sociologia e a crítica do tempo presente, você relacionaria o Fórum Social Mundial a qual autor: Adam Smith ou Karl Polanyi? Justifique sua resposta.

2. Em sua opinião, as pessoas e os grupos agem exclusivamente por interesses econômicos ou haveria outras motivações para suas ações?
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OLHARES SOBRE A SOCIEDADE

1. Leia atentamente os textos a seguir.

TEXTO 1

Quando os homens passam pelas experiências de uma subjetividade privatizada e ao mesmo tempo percebem que não são tão livres e tão diferentes quanto imaginavam, ficam perplexos. Põem-se a pensar acerca das causas e do significado de tudo que fazem, sentem e pensam sobre eles mesmos. Os tempos estão maduros para uma psicologia científica.

FIGUEIREDO, L. C. M. Psicologia: uma introdução; uma visão histórica da psicologia como ciência. São Paulo: Educ, 1991. p. 30.

TEXTO 2

O primeiro fruto dessa imaginação [sociológica] é a ideia de que o indivíduo só pode compreender a sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu próprio período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele.

MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980 [1959]. p. 12.

■ Estamos acostumados a pensar que a Sociologia trata do mundo social e a Psicologia, da subjetividade dos indivíduos. De acordo com os dois textos, é possível compreender o indivíduo isolando-o de seu contexto social? Explique e justifique seu ponto de vista.



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EXERCITANDO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA
TEMA DE REDAÇÃO DO VESTIBULAR DA UERJ (2012)

O texto abaixo foi extraído de uma entrevista com o historiador Eric Hobsbawm (1917-2012):

Há uma diferença entre esses movimentos de jovens educados nos países do Ocidente, onde, em geral, toda a juventude é fenômeno de minoria, e movimentos similares de jovens em países islâmicos e em outros lugares, nos quais a maioria da população tem entre 25 e 30 anos. Nestes países, portanto, muito mais do que na Europa, os movimentos de jovens são politicamente muito mais massivos e podem ter maior impacto político. O impacto adicional na radicalização dos movimentos de juventude acontece porque os jovens hoje, em período de crise econômica, são desproporcionalmente afetados pelo desemprego e, portanto, estão desproporcionalmente insatisfeitos. Mas não se pode adivinhar que rumos tomarão esses movimentos. […] Mas eles só, eles pelos seus próprios meios, não são capazes de definir o formato da política nacional e todo o futuro. […] De qualquer modo, devo dizer que está a fazer-me perguntas enquanto historiador, mas sobre o futuro. Infelizmente, os historiadores sabem tanto sobre o futuro quanto qualquer outra pessoa. Por isso, as minhas previsões não são fundadas em nenhuma especial vocação que eu tenha para prever o futuro.

HOBSBAWM, Eric. Disponível em:


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