As intervenções militares no Afeganistão e no Iraque
foram alicerçadas por uma
nova política, que justifica a ação dos Estados Unidos, independentemente da apro-
vação da ONU: a doutrina da guerra preventiva, popularmente conhecida como
Doutrina Bush.
Para muitos analistas, o ataque de 11 de setembro criou condições
favoráveis e serviu de pretexto para que os Estados Unidos atuassem no mundo
de acordo com seus próprios interesses econômicos, impondo sua presença e seu
domínio a regiões estratégicas do planeta. Leia o Entre aspas.
• Doutrina Bush
Em 2002, com o pretexto de acabar com os ataques terroristas,
o governo
estadunidense de George Bush (1946-) divulgou um documento intitulado “A
estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos”, com determinações
para as áreas político-militar e econômica. O documento ficou conhecido como
Doutrina Bush.
Com essa doutrina, alteraram os padrões de política
externa típicos da Guerra Fria e do final do século XX,
baseados na contenção ou na tentativa de dissuadir
os adversários. A estratégia militar estabelecida previa
a chamada guerra preventiva: ações militares
frente
às ameaças de grupos terroristas internacionais. Essas
ações deveriam atingir os países que possivelmente
abrigavam ou apoiavam esses grupos ou desenvolviam
armas de destruição em massa.
Os Estados Unidos,
apoiados na Doutrina Bush,
aplicaram ações unilaterais agressivas para consolidar
seus interesses econômicos. Muitas delas associa-
das à necessidade de reforçar a sua presença em re-
giões estratégicas e garantir o fornecimento de petróleo,
matéria-prima e fonte energética fundamental para a
economia mundial. Assim,
procuravam intensificar sua
influência no Oriente Médio e na Ásia Central, ricos em
petróleo e gás natural, contrariando os interesses de
outras potências nessas regiões. O Oriente Médio tam-
bém se sobressai na geopolítica internacional pela sua
posição estratégica, ligando a Ásia à África e à Europa.
• Cidadãos sob controle
Além das ofensivas militares no Afeganistão,
no Ira-
que e em outras partes do mundo, o combate ao terro-
rismo provocou mudanças nas leis de segurança interna
dos Estados Unidos, retirando de seus próprios cidadãos
direitos fundamentais a uma sociedade democrática.
Um mês após o atentado,
o Congresso aprovou a
Lei Patriota (Patriot Act), restringindo a privacidade e as liberdades individuais
garantidas por qualquer Constituição democrática. Entre diversas outras dispo-
sições, a lei autorizava uma série de medidas que atentavam contra os direitos
civis, como a permissão para grampear ligações telefônicas sem autorização,
controlar ostensivamente a entrada de pessoas no país e prender estrangeiros
suspeitos de ligações
com grupos terroristas, por tempo indeterminado. A seção
conhecida como 215 da Lei Patriótica foi usada pela administração dos presi-
dentes George Bush e Barack Obama como justificativa legal para permitir que
a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) coletasse registros
de milhões de telefonemas.
FILME
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