3.1 – Amostra (coleta de dados)
Para a coleta da amostra encontramos algumas dificuldades não esperadas já que muitos nigerianos, anteriormente concordes com a entrevista, não a quiseram concretizar com medo que o registro das informações poderia lhes trazer algum tipo de perseguição no futuro.
Um dos nigerianos, que “a priori” havia concordado em ser entrevistado, se negou a dar a entrevista alegando que em conversa com outro amigo nigeriano soube que no passado, alguns nigerianos que responderam algumas perguntas feitas por um jornalista sobre a condição dos nigerianos no centro de São Paulo, foram perseguidos pela Polícia porque falaram que eram tratados com discriminação pela Policia Federal.
Todos os entrevistados optaram por participar da pesquisa ocultando os seus nomes e dados pessoais, desta maneira, não insistimos na identificação, pois acreditamos que isso poderia inibir os participantes na completude das informações sobre a sua trajetória e acolhimento na cidade de São Paulo que não iria acontecer caso tivessem as suas identidades reveladas.
Apenas três entrevistados permitiram que as entrevistas fossem gravadas em vídeo e áudio, sendo que os demais solicitaram que as informações fossem anotadas pelo pesquisador e não permitiram sequer a gravação do áudio da entrevista.
Diante desta dificuldade e para padronizar os dados coletados optamos por transcrever a síntese das entrevistas ao invés de transcrição literal dos seus conteúdos, reagrupando as informações nas categorias pré estabelecidas no roteiro semi estruturado, respeitando estritamente a fidelidade e completude das informações fornecidas, no sentido indicado por Thompson (1992), e Queiroz (1992) para quem a “[...]análise dos relatos orais é este processo de decomposição das informações coletadas para reagrupá-las segundo as categorias que se pretende analisar, o que nos permite chegar a uma compreensão mais profunda de seu sentido[...]” (apud DEMARTINI, 2005, p. 97)
Tendo em vista que não encontrarmos documentos oficiais sobre a imigração nigeriana não foi possível a confrontação dos dados fornecidos pelos entrevistados com outras fontes de pesquisa, com as datas de chegada, os deslocamentos internos, etc. Como foi dito, procuramos a Policia Federal e a Embaixada da Nigéria para a coleta de outras fontes e realizar este confronto, porém, como os dados são sigilosos não foi possível o acesso a eles.
Para suprir esta falta de outros documentos para o confronto das informações prestadas, alguns entrevistados, quando solicitados, apresentaram passaportes e outros documentos que comprovavam a veracidade das informações prestadas, inclusive datas de chagada, viagens efetuadas para a terra natal, porém nenhum deles permitiu que tirássemos cópias para apresentar neste trabalho.
Para este trabalho indicaremos os entrevistados pela ordem com que foram entrevistados, nos referindo a eles pela letra E maiúscula, seguida do número que designa a ordem de entrevistas realizadas, E1, E2 e assim por diante.
Após procurar por diversos grupos de nigerianos residentes em São Paulo, obtivemos um total de oito entrevistas com nigerianos residentes na cidade de São Paulo, sendo que a amostra tem o seguinte perfil:
Entrevistado
|
Sexo
|
Ano de Nascimento
|
Data de chegada
|
Profissão
|
E1
|
M
|
1971
|
1997
|
Comerciante
|
E2
|
M
|
1990
|
1997
|
Comerciante
|
E3
|
M
|
1965
|
1970
|
Comerciante
|
E4
|
M
|
1963
|
1986
|
Industrial
|
E5
|
M
|
1960
|
1982
|
Industrial
|
E6
|
M
|
1968
|
1993
|
Professor
|
E7
|
F
|
1972
|
2002
|
Missionária
|
E8
|
F
|
1972
|
1999
|
Estudante
|
Tabela - Perfil dos entrevistados
Fonte: organização própria (2011)
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