O Homem terá, portanto, de renunciar ao velho vício de tudo utilizar para o mal, para o crime, para a dominação inferior e desmedida, para a destruição, para a insensatez, se quiser en- trar na posse do seu principado divino. Cumpre entendermos, de uma vez por todas, que a sabe- doria da Eterna Lei simplesmente não permite, por automatismo de sua amorosa justiça, que re- cursos espirituais de alto nível se desenvolvam, além de certos rígidos limites, em almas ainda não decididamente afeitas ao Bem.
A identificação vibratória com a natureza das sensações materiais constitui obstáculo in- transponível à penetração consciente e proveitosa noutras dimensões, que, para os seres assim faltos de maior sensibilidade, continuam como se não existissem, embora os influenciem decisi- vamente.
O homem gostaria de desenvolver suas capacidades sensoriais (auditivas, olfativas, visuais, etc.) para além dos limites que a sua atual condição fisiológica estabelece. Intuitivamente sente que isso é possível, mas ainda não percebeu que só poderá consegui-lo despertando e desenvol- vendo, educando e aprimorando os seus poderes psíquicos, que, conjugados aos físicos, lhe des- cerrarão horizontes imensuráveis de novas dimensões da vida. Mas, o que sobretudo ainda não percebeu é que o poder interior, espiritual, só eclode como conseqüência de um alto equilíbrio de tensão de forças nobres, intelectuais e sentimentais, únicas que possuem teor de forças dinâmicas suficientemente poderosas para potencializar o Espírito e desenvolver-lhe as capacidades divinas.
Teoricamente, ninguém mais discute, no mundo, que o ser humano é um complexo psicofí- sico, mas na realidade o aspecto psíquico ainda é, na Terra, extremamente desleixado, talvez por- que o homem terrestre quase nada sabe a seu respeito. Dia virá, porém, em que a Psicologia dei- xará de ser teórica e especulativa, porque aprenderá a lidar com a mente e com o corpo espiritual do mesmo modo que a Medicina terrestre lida com o corpo de carne. Então se compreenderá que os aspectos espirituais e os físicos do ser humano são essencialmente inseparáveis e têm de ser considerados no conjunto das suas relações de interdependência, pois ainda estamos todos muito longe da condição de Espíritos Puros.
Diante das perplexidades da Ciência e da pressão cada vez maior dos fatos novos, que não cessam de fustigar a inteligência humana e de rumá-la para novas pesquisas e conclusões mais altas, cabe aos espíritas a sublime missão de oferecer aos pesquisadores e estudiosos humanos a contribuição substancial do Espiritismo, de modo a ajudar os cientistas sinceros a orientar-se com segurança na direção das verdadeiras soluções. Mas os espíritas só conseguirão fazer isso, com
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verdadeiro proveito, se se dedicarem seriamente ao estudo das realidades e dos progressos da Ciência, cotejando tudo, ponto por ponto, com as pesquisas, os conhecimentos e as revelações do Espiritismo, de modo a oferecer contribuições sérias aos pesquisadores e aos homens de pensa- mento que laboram fora de nossos muros. Alertados para inúmeros aspectos importantes da reali- dade, que insistem em desdenhar ou simplesmente não conhecem, talvez alguns estudiosos capa- zes e de boa-fé acertem o passo no sentido de maiúsculas e felizes constatações.
Naturalmente, o trabalho maior dos espíritas-cristãos será sempre o da sua própria melhoria de sentimentos e do benfazer. Não temos nenhuma ilusão quanto a vantagens (que sabemos im- prováveis) em qualquer atitude de proselitismo ou de pernóstica presunção de maior saber. O equilíbrio de atitudes cabe, porém, em toda parte, e não seria justo nos ausentássemos, a título de cultivar a humildade e as virtudes do coração, do esforço comum a prol do progresso humano. Afinal, as novas dimensões do conhecimento, que se abrem no mundo, são as grandes dimensões do Espírito.
II - ANTE A GRANDEZA DA VIDA
Em tom de euforia sensacionalista algo surpreendente, modernas enciclopédias dão como resolvido o problema da origem da vida no planeta Terra, com base na sintetização da uréia, por Friedrich WShler, e do ácido desoxirribonucleico (DNA), por Kornberg e Goulian; nos trabalhos de Alexander Oparin, sobre os colóides e nas experiências de Stanley Miller, Melvin Calvin, J. Oro e Sidney Fox.
A tese dada por vitoriosa e aceita como definitiva é a da geração espontânea, já provada como errônea por Pasteur, mas reaplicada às condições vigentes no planeta terráqueo há quatro bilhões de anos, quando gigantescas misturas de vapor d'água, hidrogênio, metano e amoníaco teriam produzido espontaneamente, sob a ação de poderosas descargas elétricas, os tijolos quí- micos da vida, isto é, os aminoácidos que formam as proteínas (das quais também participa o nitrogênio), os carboidratos (pequenos açúcares ou oses) e os ácidos graxos, compostos, os dois últimos, de carbono, hidrogênio e oxigênio. Esses tijolos químicos teriam então adquirido vida, através da formação, por acaso, do DNA -- a memória que lhes possibilitou manter a própria individualidade, por meio da fixação das características adquiridas e da auto-reprodução ordena- da.
A certeza em que se fundamenta a teoria repousa no fato de cientistas haverem conseguido reproduzir em laboratório o que deve ter sido a atmosfera primitiva do planeta e, fazendo incidir sobre ela fortes descargas elétricas, obtido a formação de aminoácidos, adenina e açúcares. Tudo isso, e mais a famosa experiência de reconstrução de um vírus, a partir de DNA e proteínas, for- nece a base para a euforia da descoberta.
Esquecem-se, os apressados "homens de ciência", de que as misturas de gases, feitas em la- boratórios, e a aplicação, sobre elas, de descargas elétricas, foram obra de inteligências humanas e não frutos do acaso. As provas apresentadas para coonestar a teoria são, todas elas, realizações conscientes de cérebros humanos e não acontecimentos fortuitos. Todos os resultados obtidos nas pesquisas científicas foram produtos lógicos de ações provocadoras, praticadas por seres inteli- gentes, e não provam a geração espontânea de coisa alguma.
Que poderia levar a tal disparate homens afeiçoados à frieza e à objetividade dos raciocí- nios lógicos, senão um orgulho incompreensível, nascido de uma vaidade estulta e presunçosa? Infinitamente mais fácil e mais racional seria a admissão de que Inteligências Superiores agiram criadoramente, sob o influxo divino, na incessante arquitetura dos Universos e da Vida que os
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glorifica. Eles, porém, apesar de racionais, preferem fazer culto à irracionalidade e, embora cons- cientes, insistem em dobrar os joelhos ao acaso, em honra do inexistente.
Muita razão teve Einstein para pronunciar as memoráveis palavras com que saudou o gran- de Max Planck. Disse ele: -- "Há muitas espécies de homens que se dedicam à Ciência, nem todos por amor à própria Ciência. Alguns penetram no seu templo porque isso lhes dá ocasião de exibir os seus talentos especiais. Para essa classe de homens, a Ciência é uma espécie de esporte, em cuja prática se regozijam, como o atleta exulta no exercício da força muscular. Há outra casta, que vem ao templo fazer ofertório dos seus cérebros, movida apenas pela esperança de compen- sações vantajosas. Estes são homens de ciência pelo acaso de alguma circunstância que se apre- sentou por ocasião da escolha de uma carreira. Se a circunstância fosse outra, eles se teriam feito políticos ou financistas. No dia em que um anjo do Senhor descesse para expulsar do templo da Ciência todos aqueles que pertencem às categorias mencionadas, o templo, receio eu, ficaria qua- se vazio. Mas restariam alguns fiéis -- uns de eras passadas e outros do nosso tempo. A estes últimos pertence o nosso Planck. E é por isso que lhe queremos bem."
Robert Jastrow, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, escreveu, em artigo publicado pelo "Jornal do Brasil", do Rio de Janeiro, edição de 2 de julho de 1978, estas palavras candentes: -- "O Universo está explodindo diante de nossos olhos, como se presenciás- semos o resultado de uma grande explosão. Se refizermos os movimentos para fora das galáxias, invertendo-os no tempo, descobriríamos que todas elas se reúnem uns 20 bilhões de anos para trás. (O exato momento em que isso se deu é desconhecido -- há uma incerteza de vários bilhões de anos. O importante não é precisamente quando a explosão ocorreu, mas que tenha ocorrido num instante nitidamente definido.) Nesse momento, toda a matéria do Universo estava aglome- rada numa massa densa, a temperaturas de muitos milhões de graus. O cegante brilho da radia- ção, nesse Universo denso e quente, deve ter sido além de qualquer descrição. O quadro sugere a explosão de uma bomba cósmica de hidrogênio. O instante em que essa bomba cósmica explodiu marcou o nascimento do Universo. Agora vemos como a constatação astronômica conduz a uma visão bíblica da origem do mundo (a palavra que a Bíblia usa para descrever o Universo). Os detalhes divergem, mas os elementos essenciais nas versões astronômica e bíblica do Gênese são os mesmos: a cadeia de acontecimentos que conduzem ao homem começou súbita e precisamente num momento definido do tempo, num clarão de luz e energia. Alguns cientistas se aborrecem com a idéia de que o mundo começou assim. Até recentemente, muitos de meus colegas preferi- am a teoria do estado-constante, que afirma que o Universo não teve início e é eterno. Mas as últimas provas tornam quase certo que a grande explosão realmente ocorreu, há muitos bilhões de anos. Em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, dos laboratórios da Bell Telephone, descobriram que a Terra é banhada por um débil fulgor de radiação que vem de todas as direções do céu. A medição mostrou que a própria Terra não podia ser a origem dessa radiação, que tampouco pode- ria vir do lado da Lua, do Sol ou de qualquer outro objeto particular do céu. A fonte parecia ser todo o Universo. Os dois físicos ficaram intrigados com essa descoberta. Não pensavam na ori- gem do Universo e não perceberam que tinham dado, por acaso, com a resposta para um dos mis- térios cósmicos. Cientistas que acreditavam na teoria da grande explosão havia muito afirmavam que o Universo devia assemelhar-se a uma bola de fogo incandescente, momentos após a explo- são. Aos poucos, enquanto se expandia e esfriava, a bola de fogo tornou-se menos brilhante, mas sua radiação jamais desapareceria inteiramente.
(*(*) Telegrama de Moscou, publicado no jornal "O Globo", do Rio de Janeiro, edição de 18 de se- tembro de 1978, diz textualmente o seguinte: "Uma série de fantásticas, mas ainda inexplicáveis desco- bertas, foi feita pelos cosmonautas soviéticos Vladimir Ovaliono e Alexander Ivanchev, em suas experiên-
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cias a bordo da estação espacial Saliut-6/Soyuz-31, anunciou ontem a rádio de Moscou. O que mais sur- preendeu os dois tripulantes do laboratório foi constatar que acima da Já conhecida película luminosa que circunda a atmosfera terrestre existe uma outra, ainda mais fosforescente, envolvendo todo o plane- ta.")
O fulgor difuso dessa radiação, que remontava ao nascimento do Universo, era o que Penzias e Wilson haviam aparentemente descoberto. Nenhuma outra explicação, além da grande explosão, foi encontrada para a radiação da bola de fogo. O arremate final, que convenceu quase até o últi- mo São Tome, é que a radiação descoberta por Penzias e Wilson tem exatamente o tipo de com- primentos de onda que se esperava que a luz e o calor houvessem produzido numa grande explo- são. Os defensores da teoria do estado-constante tentaram desesperadamente descobrir uma outra explicação, mas fracassaram. Atualmente, a teoria da grande explosão não tem concorrentes. Os teólogos em geral se deliciam com a prova de que o Universo teve um início, mas os astrônomos ficam curiosamente perturbados. Suas reações fornecem uma interessante demonstração da rea- ção da mente científica -- supostamente muito objetiva -- quando provas descobertas pela pró- pria Ciência conduzem a um conflito com os dogmas de nossa profissão. Cientistas se comportam do mesmo modo que os outros, quando suas crenças conflitam com os fatos. Ficamos irritados, fingimos que o conflito não existe, ou o enrolamos em frases sem sentido."
E diz mais, Robert Jastrow: -- "A Ciência provou que o Universo explodiu para a vida num determinado momento. Ela pergunta: que causa produziu esse efeito? Quem ou o que pôs matéria e energia no Universo? Foi o Universo criado do nada, ou foi composto de materiais pré- existentes? E a Ciência não pode responder a estas perguntas, porque, segundo os astrônomos, nos primeiros momentos de sua existência, o Universo estava comprimido a um grau extraordiná- rio e consumido pelo calor de um fogo além da imaginação humana. O choque desse instante deve ter destruído cada partícula de prova que poderia dar um indício da causa da grande explo- são. Um mundo inteiro, rico em estrutura e história, pode ter existido antes que nosso Universo aparecesse."
Informa Iain Nicolson, em seu livro "Astronomia": -- "O belga George Lemaítre apresen- tou a idéia de que, há uns 20 bilhões de anos, toda a matéria do Universo -- bastante, calculou, para fazer uns cem mil milhões de galáxias -- estava toda concentrada numa pequena massa, que chamou de átomo primitivo; isto teria uma densidade incrível. Esse átomo primitivo explodiu, por algum motivo, enviando sua matéria para todas as direções, e à medida que a expansão dimi- nuía, originou-se um estado estável, época em que se formaram as galáxias. Algo perturbou o equilíbrio e o Universo começou a se expandir outra vez, provocando o estado em que nos encon- tramos. Há variantes nessa teoria: talvez não tenha havido um estado estável. Contudo, basica- mente, as teorias evolucionárias presumem que o Universo foi formado em certo lugar, num de- terminado instante, expandindo-se desde então. O Universo continuará a se expandir? Pode ser que o Universo continue a se expandir para sempre, mas alguns astrônomos acham que a expan- são se retardará e finalmente acabará. Então, o Universo começará a se contrair, até que toda a sua matéria se concentre novamente num ponto. Possivelmente, o Universo irá oscilar para sem- pre desse modo, expandindo-se até seu raio máximo e depois se contraindo." Após explicar a Teoria do Estado Estável, desenvolvida em Cambridge por Hoyle, Gold e Bondi, exclama, dra- mático: -- "Vários astrônomos questionam a realidade da expansão do Universo, mas não existe nenhuma explicação alternativa plausível."
O que a Ciência terá de admitir é que não existe somente o nosso Universo; existem incon- táveis Universos, na Criação Infinita. Eles são formados, nascem, crescem, envelhecem, contra-
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em-se, "morrem", explodem e renascem, numa incessante recriação, sob as vistas paternais de Deus e sob o controle amoroso e potente dos Arcanjos Divinos.
"Acredita-se -- diz ainda Nicolson -- que as estrelas se formem de nuvens de gás e poeira. Quando a nuvem se divide em fragmentos, estes começam a se contrair sob forças gravitacionais, aquecem-se e irradiam calor. Quando a temperatura aumenta suficientemente para iniciar reações atômicas, a estrela move-se para a seqüência principal e se estabelece num estado estável em al- guma
parte dela, dependendo de sua natureza e temperatura. Fica nessa posição durante a maior parte da sua vida, gerando energia pela conversão do hidrogênio em hélio (como o Sol faz), mas, quando esgota seu combustível, o hidrogênio sai da seqüência principal e expande-se para uma gigante vermelha. Depois, não se sabe bem o que acontece, mas acredita-se que a estrela usa ra- pidamente vários combustíveis e gera toda espécie de elementos pesados, até se tornar altamente instável e eventualmente explodir, como nova ou supernova."
Acostumados a tudo reduzir ao alcance dos seus sentidos ou da sua capacidade de entendi- mento, os homens se atordoam diante da grandeza ilimitada da Criação e só o seu inveterado or- gulho os impede de desarmar o espírito e fazê-lo explodir em adoração de respeito e amor pelo Todo-Poderoso. Entretanto, os progressos da Astronomia, talvez mais que quaisquer outros, os estão forçando, cada vez mais, a essa sublime rendição, que marcará o fecundo e glorioso início de uma nova e insuspeitada sabedoria.
"O limite de detecção das galáxias normais, com telescópio de 5m -- registra Nicolson -- é de cinco mil milhões de anos-luz e nenhum dos telescópios planejados atualmente irá muito além disso. Contudo, há uma limitação muito mais definida para nossa observação do espaço: se a lei de Hubble sobre a expansão continuar, as galáxias a uma distância de dez bilhões de anos-luz estarão se afastando a uma velocidade de cerca de 300 mil quilômetros por segundo - exatamente a velocidade da luz -- e nenhum sinal luminoso jamais chegará até nós, não importando o tama- nho do telescópio que estivermos usando."
Do telescópio de Monte Palomar, de cinco metros, podem ser observadas cerca de um bi- lhão de galáxias, algumas situadas tão longe, no espaço, que a luz que delas contemplamos é a das que a expediram em nossa direção antes que a Terra existisse. Um bilhão de galáxias! Se um raio de luz começasse a percorrer a nossa modesta galáxia, deslocando-se com a incrível veloci- dade de 300 mil quilômetros por segundo, levaria cem milênios para atravessá-la. E a nossa é das menores já observadas. E se move, toda ela, com o nosso Sol e todo o nosso Sistema, em torno do centro galático, a uma velocidade de 290 mil metros por segundo. Aliás, ela integra um aglo- merado com mais de vinte outras galáxias... Existem, porém, aglomerados galáticos conhecidos, com mais de cem galáxias. E dizer-se que só na nossa modesta galáxia existem mais de cem bi- lhões de sóis! Esses mundos incontáveis são, como disse Jesus, as muitas moradas da Casa do Eterno Pai. É neles que nascem, crescem, vivem e se aperfeiçoam os Filhos do Criador, a Grande Família Universal. . . São eles as grandes Escolas das Almas, as Grandes Oficinas do Espírito, as Grandes Universidades e os Grandes Laboratórios do Infinito. . . E são também -- Deus seja lou- vado! -- os berços da Vida.
Como os Grandes Espíritos são solidários entre si, também o são os mundos e as Humani- dades que eles governam em nome do Criador. Quando Sírius, da Constelação do Grande Cão, atingiu a posição de sistema de orbes regenerado, muitos Espíritos orgulhosos e rebeldes que lá habitavam foram transferidos para Capela, da Constelação do Cocheiro, que era, na ocasião, um sistema de mundos de provas e expiações. No transcurso dos milênios, esses degredados, já redi- midos, regressaram, em sua maioria, aos seus celestes pagos, ou se incorporaram às coletividades capelinas, das quais se fizeram devotados condutores. Houve, porém, numerosas entidades, de
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poderosa inteligência, mas de renitente coração, que não apenas perseveraram em sua rebeldia, mas lideraram, além disso, legiões de tresloucados seguidores de suas incontinências. Esses os Espíritos que, indesejáveis em Capela, quando aquele sistema alcançou o estágio de orbes de re- generação, foram banidos para a Terra, onde a magnanimidade do Cristo os recebeu e amparou.
Tais degredados não vieram, porém, sozinhos, como se fossem imenso rebanho abandona- do à violência das procelas. Alguns dos seus grandes líderes, já redimidos, renunciaram, por amor a eles, à glória e à felicidade do regresso a Sírius, e desceram, à sua frente, aos vales de dor da Terra primitiva, na condição de Grandes Guardiães, colocando-se humildemente a serviço do Cristo Planetário. Recebendo-lhes a amorosa cooperação, o Sublime Governador da Terra utili- zou-lhes os préstimos e honrou-lhes a dedicação, tanto no Espaço como na Crosta. £ assim que, mesmo antes do Messianato do Senhor Jesus, a História registra a passagem, entre os homens, de luminosos Gênios Espirituais, como os respeitáveis Sacerdotes do Antigo Egito, os veneráveis Mahatmas da velha índia e os vultos sumamente admiráveis de Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio, Buda, Esquilo, Heródoto e Sócrates.
Foi, porém, entre os hebreus, povo escolhido para acolher no seu seio o Messias Divino, que esses gloriosos missionários mais freqüentemente se manifestaram, a começar pelo maior de todos, o Grande Condutor dos degredados, que seria, na Terra, o neto de Abraão, aquele Jacó que se transformaria em Israel, pai das doze tribos que se derivaram dos seus doze filhos. Sempre atuante e "sempre fiel, ele voltaria depois, como Moisés e como Elias, para tornar novamente ao mundo na figura sublime do Batista".
Tal como ele, Abraão, que foi mais tarde Salomão e depois Simão Pedro; Isaac, que seria Daniel e posteriormente João, o Evangelista; José, o Chanceler do Egito, que viria a ser Davi e depois Paulo de Tarso; e muitos outros, dentre os quais quase todos aqueles que, a chamado de Jesus, integrariam o seu Colégio Apostólico.
Mas o amor sublime de excelsos Espíritos de Sírius não abandonou os antigos companhei- ros, e foi de lá, daquele orbe santificado, que vieram, desde os primórdios da Terra, para auxiliar voluntariamente ao Cristo Jesus, aqueles seres extraordinários que cercaram, no mundo, o Messi- as, como Ana e Simeão, Isabel e Zacarias, e principalmente o Carpinteiro José e a Santa Mãe Maria.
As crônicas do mundo espiritual acerca de numerosas figuras do luminoso séquito do Cristo não podem ser aqui mencionadas e muito menos reproduzidas, e nossas modestas anotações vi- sam apenas a dar muito pálida idéia de como os fastos maravilhosos do amor estão na base de todos os movimentos de redenção, em todas as dimensões do Infinito.
A verdade é que, quanto mais elevados na hierarquia da Vida, mais os Espíritos se votam ao amor e à renúncia, ao trabalho e ao sacrifício, em benefício de seus irmãos menos adiantados na senda evolutiva. Esse soberano sentido de solidariedade é princípio divino que inspira as Grandes Almas e as leva a adiar indefinidamente a realização de sublimes ideais de ventura pes- soal, até que esses ideais, ao que imaginamos, acabam por diluir-se naturalmente no infinito do Amor Divino, totalizador e eterno, que nenhum egoísmo pode jamais empanar.
São exemplos dessa maravilhosa realidade a Mãe e o Precursor do Excelso Mestre, cujo in- traduzível devotamento os fez trocar seus luminescentes paraísos pelo serviço permanente e sa- crificial a uma Humanidade ignorante e sofredora.
Jesus disse à esposa de Zebedeu que só se assentariam à sua direita e à sua esquerda, no Reino dos Céus, aqueles a quem o Pai havia reservado esses lugares, porque sabia que o Eterno já elegera para esses supremos ministérios o grande Batista e a magnânima Maria de Nazaré; o pri- meiro para reger, sob a sua crística supervisão, os problemas planetários da Justiça, e Ela para superintender, sob a sua soberana influência, as benevolências do Amor. Por isso, todos os decre-
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tos lavrados pelo Sublime Chanceler da Justiça somente são homologados pelo Cristo depois de examinados e instruídos pela Excelsa Advogada da Humanidade, a fim de que nunca falte, em qualquer processo de dor, as bênçãos compassivas da misericórdia e da esperança.
III - ÁTRIOS DA PROTOCONSCIÊNCIA
Já sabemos que a energia é materializável e que a matéria é desintegrável em energia; que há evidentes semelhanças entre um fóton e um grão de matéria; que os grãos de matéria, em seu movimento, são acompanhados de ondas; que tanto a energia radiante, quanto a matéria, se cons- tituem de associações de ondas e corpúsculos; que a evolução é irreversível; que, em todos os níveis e dimensões, o superior sempre se sobrepõe ao inferior; que a superioridade evolutiva im- plica maior complexidade estrutural e, portanto, mais aprimorada sensibilidade; que toda matéria tem o seu anverso antimaterial; que os diversos planos de uma mesma realidade se transfundem e se interam; que o nosso universo é apenas uma ilha no infinito dos Universos da Criação Divina; que mesmo em nosso pequeno Sistema Solar está nascendo um novo Sol; que os átomos não são coisas e que o mundo é muito mais "um grande pensamento do que uma grande máquina"; que não há somente um espaço-tempo e que existem insuspeitadas dimensões além das nossas.
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