Meu mundo por Você Sara Howard



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Meu mundo por Você

Sara Howard



Luz, câmera. Amor!

Ao sair de Nova York para ir até o pequeno vilarejo no condado de Wyoming, Emma Darby não imaginava que seus problemas houvessem apenas começado. Determinada a encontrar a locação perfeita para o filme, que poderia representar a chance de ser promovida a assistente de direção, ela estava disposta a enfrentar todos os empecilhos para conseguir o que queria. Só não esperava que seu maior obstáculo fosse o homem mais sexy do planeta!

Título original - Fantasy Man




Disponibilização: Drika

Digitalização: Marina

Revisão Final: Ana Maria

Formatação: Edina

Capítulo 1
Tudo que Emma Darby queria mais do que qualquer outra coisa era chegar ao Motel Valley View e cair na cama que estava a sua espera. Desde que saíra de Nova York naquela manhã, passara horas em um exaustivo vôo de segunda classe até Wyoming, Montana. Depois de perder o que parecera uma eternidade para alugar um carro, seguira viagem pela estrada deserta e poeirenta que le­vava a Amity.

Quando vira as fotografias do pequeno vilarejo pela internet, julgara ser o local perfeito para o novo projeto de Rusty. Se sou­besse que enfrentaria a jornada mais longa e solitária de sua vida, teria sugerido outra locação para o filme.

— Força, garota! — disse a si mesma, tentando se animar — Vai valer a pena!

Para se livrar da incômoda idéia de que estava perdida no meio do deserto, Emma se pôs a imaginar como seria o vilarejo. Já podia adivinhar a pitoresca cidade fantasma esperando pelo elenco do filme para trazê-la à vida. Isto é, se conseguisse chegar até lá! Pensou desolada, olhando de relance para o mapa aberto no assento de passageiros.

Sim, valeria a pena! Pensou com um suspiro, pisando mais fundo no acelerador. A última placa que passara indicava que ainda restavam oitenta quilômetros para chegar. Estava ansiosa para pro­var que aquele era o set ideal para as filmagens. Teria cinco dias para fazer a pesquisa, incluindo fotografias e filmagens. Seria tem­po suficiente, concluiu com esperança. Aquele trabalho poderia significar um grande impulso em sua carreira. Afinal, seu futuro na indústria cinematográfica dependia de Amity. Ligou o rádio e escolheu uma estação aleatoriamente, pondo-se a acompanhar o ritmo da música country enquanto o vento agitava seus cabelos.

— Nada como uma boa música para levantar o ânimo! — tentou se convencer, lembrando-se da frase que seu pai costumava dizer.

Porém, nem mesmo a brisa refrescante que entrava pelas janelas abertas confirmou a promessa de que poderia relaxar e deixar para se preocupar sobre a locação e seu futuro profissional apenas na manhã seguinte. Depois de girar o botão do díal e perceber que todas as estações locais tocavam o mesmo tipo de música, desligou o rádio e come­çou a cantarolar baixinho.

— Certo, não vou entrar em pânico — murmurou ao vislumbrar uma placa à frente.

Reduziu a marcha e suspirou desanimada ao ver as inscrições desbotadas pelo tempo indicando que estava a cento e vinte qui­lômetros de Sheridan, o que não deveria estar certo, pois não estava indo para lá.

Emma desceu do carro e olhou ao redor. A estrada se encontrava completamente deserta, sem o menor sinal de um só carro, posto de gasolina ou motel. Depois de deixar o caos de Manhattan naquela manhã, a solidão e a calmaria poderiam ser encaradas como uma bênção. Porém, o fato de não ter a quem chamar para dizer que estava completamente perdida fez com que seu estômago se contraísse. O último carro que cruzara dez minutos atrás seguia na direção oposta a sua. Talvez tivesse chance de encontrá-lo se fizesse um retorno e seguisse a toda velocidade, pensou, esperançosa, enquan­to girava a chave na ignição. Mas o último resquício de esperança se evaporou depois de vinte minutos de percurso solitário.

Emma estacionou no acostamento e pisou no asfalto coberto de poeira avermelhada. Seu olhar se perdeu no horizonte. Um pássaro voando no imenso céu azul sobre sua cabeça foi a única indicação de vida que encontrou.

De súbito, seu coração começou a bater desenfreado. Estreitou os olhos e viu ao longe o que pareceu ser uma cerca e, por detrás dela, a sombra do que poderia ser uma casa, ou um rancho, ou qualquer coisa que servisse de abrigo para alguém. Suspirou com alívio. Estava salva! Uma casa significava que havia ao menos um habitante naquele lugar desolado, o que já era um começo. Deu então um grito de alegria, rodopiando pelo asfalto.

— Eu diria que você atingiu oito, talvez nove decibéis.

Emma julgou que estivesse maluca ao ouvir a potente voz mas­culina atrás de si. Voltou-se e se deparou com uma picape prateada cruzando a estrada, com o homem mais maravilhoso que já vira no volante. Na certa, o vento a impedira de ouvir a aproximação do veículo. Antes que registrasse um pouco mais do que a sombra do perfil clássico e perfeito sob a aba do chapéu, ele sorriu e me­diu-a de alto a baixo.

— De onde você saiu? — indagou Emma, refazendo-se da surpresa.

— Eu vim dali — e ele apontou para as costas — E você, de onde está vindo?

— Nova York — Cruzou os braços e se encostou ao capo do carro — Há algo que eu possa fazer para ajudá-lo?

— Não creio que seja eu quem precise de ajuda, moça — Ele abriu a porta do carro e desceu — Não sou eu quem está perdido.

Emma tentou desviar o rosto, mas seus olhos foram irremedia­velmente atraídos para as pernas musculosas sob a calça jeans. Ele usava botas de couro e camisa de mangas longas arregaçadas até o cotovelo. A alta estatura, os ombros largos e os músculos vigorosos emprestavam-lhe um aspecto de força e virilidade, pouco comuns nos homens nova-iorquinos. Ele a fazia lembrar-se de um deus esculpido em pedra.

Como um só homem pudera concentrar em si toda a beleza da espécie? Pensou. Certo, ele era o homem mais atraente que já vira, mas não tinha o direito de provocá-la!

Afinal, não devia passar de um simples caubói! Uma nova-iorquina como ela jamais aceitaria aquele tipo de atitude, arrogante e superior. Emma empinou o nariz e o fitou com um brilho de desafio no olhar.

— Não estou perdida. Estava apenas. Esticando as pernas — retrucou, abaixando os olhos para que ele não percebesse que mentia.

— Entendo — A sombra de um sorriso divertido iluminou o rosto másculo — Quer me dizer para onde está indo para que eu possa ajudá-la, ou posso seguir meu caminho e deixá-la... humm... Esticando as pernas?

— Ouça, não pedi que parasse e certamente não quero sua opi­nião a respeito de minha natural reação de alegria ao ver um sinal de vida neste deserto — anunciou em tom decidido e firme — Além disso, não quero e não preciso da sua ajuda.

— Certo. Isso significa que posso seguir meu caminho.

Ao dizer isso, ele tocou levemente a aba do chapéu e voltou para a picape. Ao vê-lo dar a partida e se afastar lentamente, Emma se pôs a correr para alcançá-lo, ignorando a voz que ecoava em sua cabeça alertando-a sobre o perigo.

— Desculpe — Ofegante, se apoiou no capo enquanto esperava que ele abaixasse o vidro — Sinto muito, não pretendi ser indelicada.

— Nem eu. Cal Worth.

Emma apertou a mão que ele estendeu pela janela, tentando ignorar a onda de eletricidade despertada pelo contato quente e firme.

— Emma Darby.

— Prazer em conhecê-la, Senhorita Darby — O sorriso largo, reve­lando dentes brancos e perfeitos, quase a fez desmaiar — E, agora que já nos apresentamos em que posso ajudá-la?

— Bem, não estou certa de que realmente esteja perdida — Ela se calou ao notar o brilho divertido nos olhos castanhos.

Por alguma estranha razão, queria que aquele homem arrogante entendesse que ela não era uma pobre moça frágil e indefesa pre­cisando desesperadamente de ajuda.

Porém, não havia mais nin­guém a quem recorrer, e Emma engoliu o orgulho e disse.

— Está bem, estou perdida! Satisfeito?

— Sim, agora estou satisfeito — O sorriso surgiu novamente nos lábios dele, que meneou a cabeça — Nada melhor do que a verdade para começarmos a nos entender. Para onde está indo?

— Para Amity.

— Bem, não está muito longe. Você deve ter perdido a entrada 117, alguns quilômetros atrás.

— Ótimo! — ela disse, perdendo o olhar no horizonte — Bem, obrigada pela ajuda. Estou certa de que, se fizer o retorno e.

— Por que não me segue? Estou indo para a cidade, e ninguém melhor do que um nativo para mostrar o caminho.

— Você nasceu aqui? — ela arregalou os olhos, surpresa.

— Sim. Moro em Amity.

Emma engoliu em seco ao imaginar que poderia se deparar com aquele homem sempre que pisasse nas ruas da cidade. Ele era o homem mais prepotente e arrogante que já conhecera. Claro, e o mais sexy e irresistível também. Mas o fato de ter se deparado com a personificação de suas fantasias mais secretas não significava nada, disse para si mesma, com convicção. Fora para lá a negócios, e aquela viagem poderia decidir seu futuro profissional, o que era mais importante do que qualquer atração momentânea por um desconhecido.

— Ficarei hospedada no Motel Valley View. Se você puder me conduzir até lá, serei eternamente grata.

Cal concordou com um meneio de cabeça, observando o mo­vimento gracioso dos quadris arredondados, enquanto ela corria para o carro.

Emma era adorável, com os longos cabelos encaracolados caindo sobre os ombros como uma cascata dourada. Os olhos verdes ficavam ainda mais fascinantes quando ficava brava, e talvez aquela fosse a razão de sentir um prazer secreto em pro­vocá-la. O corpo bem feito revelava curvas femininas e sensuais, e possuía a altura exata que uma mulher deveria ter. Os lábios cheios, rosados e úmidos eram o convite irrecusável para um beijo apaixonado. Cal esperou enquanto ela fazia o retorno e se pôs a caminho, relanceando o olhar para o espelho retrovisor. Um sorriso curvou seus lábios ao se lembrar da confiante determinação de Emma em dizer que não estava perdida. Não havia dúvida, pensou, enquanto acelerava a potente picape, aquela mulher era especial! O que a fizera sair de Nova York e atravessar o país para chegar a um vilarejo esquecido no mapa? Curioso, se pôs a imaginar que ela poderia ter ido visitar alguma tia, ou a avó. Mas não conhecia nenhum habitante de Amity que tivesse familiares em Nova York.

Cal estendeu o braço pela janela sinalizando que entraria no desvio à direita e esperou que o carro azul se aproximasse. Se não fosse pelo pedido aflito de seu tio Frank, quando telefonara naquela tarde pedindo que o encontrasse, estaria livre para descobrir o segredo de Emma Darby. Poderia convidá-la para jantar e, se estivesse com sorte, a noite terminaria em um inesquecível en­contro romântico.

Emma o seguia de perto quando ele entrou à direita e tomou o atalho que levava ao Motel Valley View. Ao se aproximar, Cal franziu o cenho. Uma pequena multidão ocupava o estacionamento e uma imensa faixa com os dizeres Bem vinda, Emma Darby ba­lançava ao vento. Impossibilitado de entrar no estacionamento, parou a picape e esperou que Emma se juntasse a ele.

— Eu... uh... — começou ela, mas interrompeu o que ia dizer, com os olhos arregalados.

— Aqui está você, Senhorita Darby! — uma voz grave entoou em meio ao aglomerado.

Cal estreitou os olhos em direção ao homem de quase dois me­tros de altura que atravessava o estacionamento.

Emma recuou um passo ao ver aquele gigante caminhando em sua direção. As botas de couro faziam com que parecesse ainda mais alto. Usava camisa xadrez e calça jeans, sem mencionar o sorriso aberto no rosto amigável. Estendeu as mãos imensas para ela e quando percebeu a presença do homem parado ao seu lado deteve-se e o fitou surpreso.

— Tio Frank?

Incrédulo, Cal avançou um passo e, assim que registrou o que estava acontecendo, meneou a cabeça em de­sagrado.

— Tio Frank? — Emma ecoou, olhando de um para o outro.

— É isso mesmo, Senhorita Darby. Sou o tio de Cal, Frank McCarty, Prefeito de Amity.

O gigante tomou a mão delicada entre as suas e apertou-a com vigor.

— Tio Frank, o que significa...

Porém, o que quer que ele fosse dizer foi interrompido pela chegada de uma simpática Senhora loira que se colocou entre Emma e o Prefeito,

— Você deve ser a Senhorita Darby. Estou tão feliz que esteja aqui! E vejo que já conheceu o Doutor Worth.

— Doutor? — Emma ecoou consciente do ar abobalhado que deveria estar estampado em seu rosto.

— Sim. Cal é Médico em Amity — Frank sorriu com orgulho — Ele prefere a paz e a tranqüilidade da cidade onde nasceu.

— Sou Bertie Lynford, e ajudei Frank a organizar recepção — E ela apertou efusivamente a mão de Emma — Você nem imagina como estamos excitados com a possibilidade de Amity aparecer em um filme de Hollywood! Ninguém fala em outra coisa há se­manas!

Emma concordou educadamente, mas tinha certeza de que ao menos uma pessoa não havia participado das fofocas locais. A julgar pelo olhar espantado no rosto de Cal, ele era o único que não ficara excitado com sua chegada.

— Obrigada. Estou feliz por estar aqui. Mas, antes de qualquer coisa, gostaria de...

— Estacionar o carro? — Bertie completou com uma risada, voltando-se para multidão — Pessoal, abram espaço para o carro da Senhorita Darby!

Emma sorriu insegura ao ver o aglomerado se abrir como em um passe de mágica, enquanto um homem tomava seu braço para acompanhá-la como se fosse um guarda-costas. Mal acabara de manobrar o carro na vaga reservada para ela, quando alguns rapazes bloquearam o caminho, disputando entre si o direito de apanhar sua bagagem. Emma nunca recebera uma homenagem como aquela, com fai­xa e comitiva de boas vindas.

Todos pareciam excitados e felizes, com exceção de Cal Worth. Ele permanecia encostado ao capo da picape, sem mover um só músculo.

— Cal, você está sendo ridículo — ouviu o Prefeito dizer em meio do burburinho ao redor dela.

— Não me diga! Você disse que precisava da minha ajuda para receber um turista, mas não disse que era...

— Senhorita Darby?

Emma se voltou para atender ao chamado e perdeu o que ele estava a ponto de dizer.

— Deixe-me apresentá-la a alguns cidadãos de Amity — Bertie tomou-a pelo braço e caminhou para a entrada do motel — Bob Johansen, Ruth Lindy e bem, você vai conhecê-los enquan­to estiver aqui. É que estamos aqui esperando há muito tempo, e...

— Há muito tempo? Sinto muito, não esperava por esta recep­ção — Emma olhou ao redor, atordoada — Para dizer a verdade, não sei nem mesmo que horas são. Estou muito cansada, e...

— Bem, foi pensando nisso que planejamos a recepção para as sete horas da noite, querida. Assim, você poderá tomar um banho relaxante e descansar.

— Recepção?

— Claro! Será no galpão de festas da cidade.

A imagem de um pesadelo invadiu o pensamento de Emma e tentou esboçar um sorriso. Emma olhou para o quarto simples e aconchegante do Motel Valley View. Talvez, se fechasse os olhos, Hank e Bertie simples­mente desaparecessem. Porém, para seu desespero, eles não só permaneciam lá, como Frank e Cal haviam se juntado a eles.

— E então? Está satisfeita com o quarto?

Parado à porta, Frank fez um gesto amplo abrangendo o aposento.

— Está ótimo! — balbuciou, resistindo ao impulso de se atirar na cama.

— Não hesite em chamar caso precise de alguma coisa — Hank ofereceu solícito.

— Entre, Frank! — Bertie chamou, sentando-se na cama — Você também, Cal. Vamos falar sobre a festa.

— Era exatamente sobre isso que eu queria conversar — Emma começou, hesitante — Sabe, estou viajando desde...

— Sabemos que está cansada, Senhorita Darby — Frank disse, en­quanto cruzava o quarto para tomar as mãos dela entre as suas — Mas é uma noite especial para nós, e pensamos em oferecer um jantar e uma recepção de boas vindas, para que toda a população de Amity possa conhecê-la. Agora são cinco horas. Você poderá descansar até as sete, quando Cal passará por aqui para apanhá-la.

Emma notou o gesto de surpresa que o sobrinho do Prefeito deixou escapar, e teve certeza de que ele reprimira uma manifes­tação mais explícita apenas em nome da boa educação. Ele per­manecia parado à porta como um adolescente rebelde, e Emma conteve o ímpeto de rir ao vê-lo cruzar os braços sobre o peito em um gesto de impaciência.

— Tio Frank estou certo de que a Senhorita Darby está ansiosa por um pouco de paz e tranqüilidade. O comitê de boas vindas deve ter sido uma surpresa memorável, mas ela teve um longo dia e precisa descansar.

— Claro! — todos disseram em uníssono, fazendo menção de sair.

— Esteja pronta às sete, Senhorita Darby! Cal passará aqui para apanhá-la!

Ela ainda pode ouvir antes que a porta se fechasse atrás deles.




Capítulo 2
Emma abriu os olhos com a sensação de que acabara de se deitar e deu um pulo na cama ao olhar para o relógio sobre criado-mudo. Tinha apenas dez minutos para se arrumar! Correu para o banheiro e tomou o banho mais rápido de sua vida. Acabara de se enrolar na toalha quando o interfone soou.

— Senhorita Darby?

— Sim? — ela atendeu ofegante, deixando uma poça de água no piso de madeira.

— O Doutor Worth está a sua espera no saguão.

Por favor, diga a ele que vou me atrasar e não preciso que me espere.

Emma desligou tentando se convencer de que conseguiria che­gar sozinha ao galpão onde seria realizado o jantar em sua home­nagem. Depois de se arrumar em tempo recorde, parou alguns minutos na recepção do hotel para se informar sobre o endereço e saiu, respirando aliviada por não ver o menor sinal de Cal. Não precisava se submeter à arrogância daquele homem, disse para si enquanto saía do estacionamento do hotel. Seria impossível se perder em uma cidade pequena como aquela.

— Eu desisto! — murmurou vinte minutos depois, com a sen­sação de estar rodando em círculos.

O banho e o breve repouso haviam feito milagre com seu ânimo, mas a idéia de se humilhar admitindo que se perdera nova­mente fez evaporar o último vestígio de bom humor que havia conquistado. Ela sabia que a principal razão por estar irritada era perfeitamente justificável. Já podia imaginar o sorriso irônico no rosto másculo do homem mais sexy do planeta!

Emma abriu a porta do carro e desceu na avenida onde se con­centrava o comércio de Amity. Todas as lojas estavam fechadas. Precisava encontrar um policial para pedir informações, mas sus­peitou que os poucos oficiais da cidade devessem estar a sua espera na festa e não tinha a menor idéia de onde ficava o posto policial. Não conseguia pensar em mais nada a não ser em entrar no carro e se orientar pelas estrelas quando ouviu o som de uma buzina.

— Está perdida novamente, Senhorita Darby?

Cal Worth sorria para ela dentro de um clássico Mustang ver­melho.

— Não — respondeu ela, cruzando os braços sobre o peito — Estou apenas esperando que um disco voador aterrizasse e me leve para bem longe daqui.

— Nesse caso, não quero atrapalhar.

Ao dizer isso, Cal girou a chave na ignição e começou a se afastar.

— Espere!

Contendo a fúria, ela caminhou na direção do carro, recusan­do-se a sair correndo atrás dele. A menos, é claro, que ele não parasse, pensou ao ver que ele não reduzia a marcha.

— Doutor Worth! — gritou, correndo pela avenida — Por favor, pare! Eu sinto muito!

— Oh, desculpe! — O falso ar de remorso deixou-a ainda mais irritada — Você mudou de idéia?

— Sim, mudei de idéia — respondeu ela por entre os dentes — Por favor, você poderia me levar ao galpão de festas?

— Claro, com prazer. Por coincidência, estava indo exatamente para lá. Por que não deixa seu carro aqui e vem comigo para ga­rantir que não se perderá mais uma vez?

Emma fuzilou-o com o olhar e entrou, batendo a porta do carro com força ao notar a sombra de um sorriso vitorioso no canto da boca sensual.

— Depois desta tarde, você tem sorte por eu não esperar ser carregada para a festa em uma liteira, como Cleópatra.

— E você não esperava?

A exagerada imitação de surpresa foi tão perfeita que ela teve de apertar os lábios para não rir.

— Não, não esperava — ela se forçou a dizer no tom mais natural que pode — Não espero nada disso, você sabe. Não quero parecer ingrata, mas costumo ir às possíveis locações, fazer minha pesquisa e voltar para casa. Algumas vezes tenho sorte de ficar em um motel, e as festas são muito menos freqüentes.

— Você deve estar brincando!

— Não.

Ela o fitou incerta, mas ao ver a genuína expressão de surpresa no rosto másculo ficou convencida de que estava sendo sincero.



— Certa vez, no Kentucky, tive de dormir em uma tenda.

Ela se voltou para observar a reação dele e escondeu o sorriso ao ver o relutante respeito nos olhos castanhos.

— Bem, o Valley View não chega a ser um hotel cinco estrelas, mas na certa não é uma tenda — disse ele, estacionando o carro e voltando-se para ela — Aqui estamos.

Emma vislumbrou o que pareceu ser uma série de celeiros enfileirados quebrando a vastidão da planície. O maior deles estava iluminado e a música alta e o burburinho preenchiam o ar.

— Pronta? — Cal indagou, abrindo a porta de passageiros e oferecendo o braço.

— Sim.


Emma saiu do carro e se pôs a limpar uma sujeira invisível da blusa, evitando aceitar o braço que ele oferecia. Dirigiu-lhe um olhar de soslaio, esperando encontrar o mesmo brilho de ironia. Porém, foi surpreendida pela doçura dos olhos castanhos. Bem, já que estava ali, tentaria se divertir, pensou. A noite estava magnífica e ela estava ao lado do homem mais sexy que já vira a caminho de uma festa em sua homenagem. Quando fora a última vez que alguém a levara a uma festa? Além disso, ele estava apenas ten­tando ser gentil.

— Vamos entrar? Nós estamos atrasados.

Daquela vez, ela não recusou quando ele ofereceu o braço.

Cal inalou o perfume suave que emanava dos cabelos dourados e teve de admitir que há muito tempo não desejava alguém com tanta intensidade. Não gostava da idéia de ver sua cidade natal invadida por nova-iorquinos arrogantes e presunçosos, mas a pre­sença de Emma Darby o fazia sentir-se como um adolescente, inundando sua imaginação de fantasias secretas.

Deteve-se diante da porta do celeiro com a sensação de que toda a população da cidade estava presente e sorriu diante da de­coração primorosa. As imensas mesas retangulares estavam ador­nadas com imitações perfeitas da estatueta do Oscar e cascatas de balões coloridos pendiam do teto.

— Cal, olhe aquilo!

Ele sorriu ao ver a alegria quase infantil estampada no belo rosto. Ela apontava para os refletores colocados no centro do te­lhado, que incidiam sua luz nos balões fazendo com que o ambiente se inundasse de cores.

Os olhos verdes brilhavam como duas es­meraldas e Cal teve de conter o impulso de beijá-la ali mesmo.

Emma sorria com doçura, encantada com o que via. De súbito, flagrou-se imaginando como seria viver naquele vilarejo pacato e tranquilo, onde a felicidade parecia ser a conseqüência natural da vida.

— Doutor Worth, não é maravilhoso? — Bertie se aproximou, qua­se sem fôlego — O que acha Senhorita Darby? Queríamos fazer uma verdadeira festa de Hollywood, e Frank pediu a Beth Ann Griswold, Diretora do Colégio, que orientasse os alunos para fazerem as estatuetas na aula de artes.

— Oh, elas são adoráveis!—Emma exclamou com sinceridade — Não posso acreditar que vocês tenham tido tanto trabalho por minha causa!

— Querida, não seja tola! Foi a coisa mais divertida que fizemos em meses! Há muito tempo eu não via Frank tão animado.

— Por falar nisso, onde está ele? — Emma perguntou, olhando ao redor.

— Acho que está na cozinha organizando o jantar — Bertie acenou ao ver alguém — Lá está Francine! Tenho de acertar al­guns detalhes com ela. Doutor Worth, temos muito tempo antes do jantar. Por que não dançam um pouco?

Emma abriu a boca para responder, mas ela já havia saído.

— E então? Quer dançar?

Ela hesitou por alguns segundos, e Cal não pode resistir ao ver os olhos inocentes se arregalarem em choque, deixando transpa­recer a sombra do medo.

— Bem, eu confesso que nunca estive em um baile em minha homenagem antes.

— E mesmo? Você deve estar brincando.

Uma combinação de apreensão e desejo o invadiu quando a tomou nos braços, agradecendo secretamente por estar tocando uma música lenta e romântica.

— É verdade — ela balbuciou, abaixando os olhos para evitar que ele visse seu rosto se tingir de vermelho — E fico grata a você por estar me fazendo companhia.

O coração de Cal perdeu um compasso ao sentir o corpo deli­cado e suave de encontro ao seu. Com um esforço sobre humano, reuniu todas as forças para não deslizar as mãos pelas costas ma­cias e contornar as curvas graciosas.

Por um momento, seus olhares se cruzaram e um brilho de doçura iluminou os olhos verdes. O contraste da fragilidade e ino­cência com a sensualidade de mulher independente e sofisticada mesclava-se em uma intrigante combinação. Subitamente, pare­ceu a Cal que apenas uma noite com ela seria o bastante para perceber o que perderia quando ela fosse embora. A menos que não fosse apenas uma noite.

Ele estreitou-a nos braços quando a pista de dança foi ocupada por inúmeros casais. Então, a solução perfeita se cristalizou de súbito em sua mente. Claro, poderia concordar com o pedido de Frank e passar os dias seguintes com ela. Afinal, não teria o menor problema em desmarcar as poucas consultas de rotina agendadas para aquela semana e atender apenas às emergências, caso hou­vesse alguma. Assim, estaria por perto para convencê-la de que Amity não era a locação ideal para o filme e garantiria que estivesse a salvo da invasão dos nova-iorquinos. Além, é claro, de estar com a mulher mais atraente que já conhecera o maior tempo possível! Ele se aproximou e sussurrou ao ouvido,

— Se você realmente se sente grata com minha companhia, fi­cará feliz por saber que estaremos juntos durante o resto da semana.

— Durante o resto da semana?

A voz não era nada além de um sussurro, e quando ela recuou para fitá-lo, havia mais do que incerteza nos olhos verdes.

Cal não estava disposto a aceitar uma negativa como resposta, e julgou que talvez fosse o momento de dar alguma explicação razoável, mas não encontrou as palavras certas.

— Diga "olá" para Cal Worth, Médico, fazendeiro e guia tu­rístico.

— Guia turístico?

Emma percebeu que sua boca estava aberta e fechou-a de súbito.

— Sim, um rosto familiar para apresentá-la às pessoas que você precisa conhecer e para levá-la aos lugares que você precisa ver. Há algum problema nisso?

Ela gostaria de dizer exatamente que tipo de problema ele re­presentava. Não precisava de ninguém para controlar seus passos e dizer aonde ir e com quem conversar! Além disso, aquele homem tinha o poder inato de tirar sua concentração. Porém, res­pirou fundo e tentou se acalmar.

— Não se trata de um problema, mas sim de um inconveniente desnecessário para você. Sou uma profissional, Doutor Worth, e não uma turista. Não preciso que seja meu cicerone apenas porque seu tio pediu este favor.

— Não considero um inconveniente, Senhorita Darby — ele disse com suavidade, mas seu sorriso revelava que começava a se divertir.

Naquele momento, uma adolescente tímida parou ao lado deles e estendeu uma bandeja repleta de taças. Ela não devia ter mais do que dezesseis anos, mas usava uma maquiagem carregada e tentava se equilibrar em cima dos saltos altos.

— Aceita um drinque, Senhorita Darby? Doutor Worth?

Ela meneou a cabeça em negativa e desviou o olhar quando a garota corou diante do sorriso simpático de Cal.

— Obrigado, Becca, agora não. Cuidado para não derrubar a bandeja — ele advertiu, apontando para dois garotos que passaram correndo próximo a eles.

Emma esperou que a adolescente se afastasse para voltar ao assunto.

— Estou certa de que me considera ser uma inconveniência, Doutor Worth, assim como estou igualmente certa de que não preci­sarei de sua assistência amanhã ou qualquer outro dia. Não quero ser rude, mas você está.

— Forçando-a a ser rude? — Ele ergueu as sobrancelhas es­pessas, com falso ar de inocência.

Depois de respirar profundamente, Emma o encarou com o ar mais sério que pode.

— Não acho que esteja sendo rude. Na verdade, quero dizer apenas que sua generosa oferta de ajuda.

— Está sendo gentilmente recusada?

Ela recuou um passo e o fitou, indignada. Emma tinha plena consciência de que estava em um ambiente repleto de gente e sabia que todos ficariam do lado dele naquele argumento ridículo.

— Por favor, quer parar me interromper a todo o momento? Você está me deixando confusa! — ela sussurrou furiosa — É óbvio que você está tentando fazer com que eu pareça a vilã da história, embora eu não saiba por quê.

— Tem certeza de que não sabe? — insistiu ele em tom grave.

— Não, não sei! — ela disse por entre dentes, esforçando-se por não gritar.

— Bem, nesse caso, vou dar uma pista.

Ela abriu a boca para dizer o que faria com a pista, quando a música foi interrompida e o microfone do palco emitiu um som agudo.

— Desculpe pessoal! — Bertie cobriu o microfone no palco improvisado e esperou que todos fizessem silêncio — Gostaria de iniciar oficialmente o evento de boas vindas a nossa convidada, Emma Darby! Venha para cá, Emma, e diga algumas palavras antes de nos sentarmos para jantar!

— Oh, meu Deus! — ela sussurrou, congelando ao perceber que todos se voltavam para ela.

O que poderia dizer? Se tivesse um minuto para preparar alguma coisa, não seria problema, mas a presença de Cal Worth a impedia de raciocinar.

— Acho que todos estão ansiosos para ouvi-la.

O sangue congelou em suas veias ao sentir as mãos poderosas em suas costas, empurrando-a para o círculo de luz sobre o palco.

— Não posso! Quero dizer, não estou preparada. Por favor, Cal. Quero dizer, Doutor Worth! Diga a Bertie que não posso!

Talvez a urgência na voz o tivesse tocado, mas o fato é que Emma não esperava que ele a ajudasse, especialmente depois das últimas palavras que dissera. Um minuto atrás, estava brigando com aquele homem e, de súbito, pedia a ajuda dele.

Cal Worth estava começando a deixá-la maluca!

— Bertie, Emma está faminta e ansiosa por experimentar os pratos tradicionais de nossa culinária — ela ouviu a voz de Cal preencher o silêncio, para seu alívio — Não é justo fazê-la esperar e pedir que faça um discurso de estômago vazio.

— Bem, vamos deixar para depois do jantar! — Bertie concor­dou, em meio aos aplausos — Vamos nos sentar, e bom apetite para todos!

Emma sentiu vontade de beijar Cal quando ele a conduziu para o lugar de honra no centro da mesa diante do palco.

— Obrigada — disse com sincera gratidão — Sinceramente, Doutor Worth, fico muito agradecida. Não estava preparada para fazer um discurso.

— Não posso garantir que conseguirei salvá-la mais tarde — ele disse com bom humor, puxando a cadeira para que ela se sen­tasse — Bertie é muito obstinada quando quer alguma coisa.

Talvez, entre a entrada e a sobremesa, ela pudesse pensar em alguma coisa para dizer que não levantasse expectativas sobre as filmagens, ela pensou enquanto o observava acomodar-se na ca­deira a sua frente.

Mesmo que Rusty insistisse em dizer que a globalização aca­bara com a cultura regional até mesmo das mais remotas províncias do planeta, ela tinha certeza de que Amity era a locação perfeita para o filme. A julgar pelas conversas telefônicas com Frank e por sua pesquisa pela Internet, o vilarejo conservava as características tradicionais do velho oeste, exatamente o que procuravam para ambientar a história. O problema era que não poderia preparar nem mesmo uma frase se Cal Worth continuasse a fitá-la com aqueles olhos aveludados.

— Doutor Worth, desculpe se fui rude — ela balbuciou, optando por usar uma tática mais sutil — Creio que não seja o momento certo para discutir o que faremos durante o resto da semana. Depois do jantar, talvez possamos chegar a um acordo sobre a inconveniência que trarei por obrigá-lo a me acompanhar e ter de deixar seus pacientes sem a sua assistência.

Por um momento, a expressão de Cal se congelou em uma más­cara inescrutável e ela não teve certeza se ele estava considerando calmamente o erro de sua proposta ou escolhendo o garfo com o qual a assassinaria. E então ele riu, preenchendo o ambiente com o som da sua risada. Subitamente, ele voltou a ser o homem atraen­te e intrigante com quem dançara minutos atrás.

— Vamos comer e deixar para brigar mais tarde está bem?

— Com prazer.

Naquele momento, Bertie e Frank se aproximaram seguidos por uma jovem que carregava a bandeja com uma travessa de salada.

— Oh, aqui está nosso primeiro prato! — anunciou Bertie com orgulho.

— Nada como uma festa animada e a companhia de uma mulher bonita, certo, filho? — Frank disse com uma risada, sentando-se ao lado do sobrinho — Emma gostaria que você conhecesse Caroline Penny.

Ele fez um gesto para mulher a sua esquerda.

—Prazer em conhecê-la Caroline — disse com um sorriso amá­vel.

— Tudo isso pode parecer um tanto inusitado para você, mas quando os oitocentos habitantes de um vilarejo no meio do nada recebem alguém de fora, não deixa de ser um acontecimento.

— Oh, estou encantada com a recepção que prepararam para mim! — Emma sorriu, lisonjeada.

Caroline deveria ser pouco mais velha que ela, a julgar pela aparência. Usava o cabelo castanho escuro cortado na altura dos ombros e, os olhos escuros irradiavam simpatia e bom humor. Se Cal Worth parecia ser o dono da verdade, Caroline era a perfeita encarnação da irmã mais velha que ela nunca tivera.

— Você já esteve no condado de Wyoming antes? — Caroline indagou, servindo-se de uma porção da salada de batatas — Devo adiantar que não somos conhecidos pela excelência da culinária.

— Exceto pelo açúcar de beterraba, certo? — Emma completou orgulhosa por mostrar o que aprendera em suas pesquisas pela internet.

— Claro esse é nosso maior orgulho e glória — Cal acrescentou com ironia.

— Ignore Cal — Caroline disse com gesto vago.

— Você está sendo rude, mocinha — replicou ele — Não dei­xou que nossa convidada respondesse a sua pergunta. Você já es­teve no condado antes, Senhorita Darby?

— Na verdade, não. Já estive em muitos lugares, mas nunca passei por Wyoming.

— Gostaria que fosse almoçar comigo para podermos conversar tranqüilamente, sem a presença de nenhum Médico intrometido — Ela piscou um olho e enviou um olhar cúmplice a Emma — Mas, por enquanto, por que não nos conta sobre o projeto de filmar em Amity, antes que o resto da multidão queira cumprimentá-la?

— Bem, o roteiro ainda está sendo desenvolvido — ela respon­deu com cuidado — Não posso afirmar que o filme será rodado aqui. Estou apenas realizando a pesquisa inicial.

— E quais serão os atores escalados para o filme? Vocês pensaram em Mel Gibson ou Tom Cruise? Quem sabe, George Clooney?

— Acho que o projeto não chega a ser tão ambicioso.

— Caroline, seu marido é muito mais bonito do que todos eles juntos! — Bertie acrescentou com uma risada.

— Por favor, fale mais sobre o filme — Cal pediu com interesse sincero.

— A proposta é rodar um filme para a televisão a cabo. O roteiro é ambientado na década de oitenta, quando uma jovem da Virgínia herda uma casa em um condado remoto — e ela fez uma pausa, consciente de que todos a ouviam, fascinados — Ela decide se mudar, mas perde no caminho todo dinheiro que herdou. Então, quatro irmãos que possuem uma fazenda nas imediações entram em cena.

Porém, Emma não teve chance de continuar a explanação, e nem de mencionar a excitante possibilidade de que o filme pudesse originar um seriado, porque naquele momento a garçonete apare­ceu com o prato principal, galinha assada coberta com um molho de cor suspeita.

— Galinha Surpresa! — Bertie anunciou com orgulho — É uma antiga receita tradicional de minha família.

— Parece deliciosa! — Emma se forçou a dizer, preocupada com o aspecto do prato.

Porém, seu rosto se tingiu de vermelho ao notar o olhar de Cal sobre ela. Seria admiração nos olhos castanhos, ou ele estava ten­tando decifrar se ela estava maluca?

— Eu adoro galinha! — Emma falou com sinceridade — É uma carne que permite muitas variações.

Para sua surpresa. Cal inclinou a cabeça com uma sonora gar­galhada.

— Certo, vou acreditar em você — ele disse em voz baixa.

Ao perceber que todos esperavam que experimentasse, ela le­vou uma porção à boca e tentou sorrir. Estava pouco habituada ao paladar adocicado e ligeiramente picante, e na certa não seria um prato que escolheria em um restaurante de Nova York.

O menu incluía aspargos e purê de batata. Emma esforçou-se por engolir para não desapontar os anfitriões. Quando a sobremesa foi servida, ficou feliz ao ver o clássico bolo de chocolate.

Cal a fitava com curiosidade e ela fez questão de não demonstrar nada além de aprovação, embora estivesse intrigada com o inte­resse que ele demonstrava.

Sua atitude de desconfiança deixava claro que Cal não aprovava sua presença em Amity e que estava determinado a vigiá-la de perto.

Saboreando com satisfação o de­licioso bolo de chocolate, Emma se pôs a pensar sobre as razões que motivavam tal desconfiança. Por que insistia em acompanhá-la? Não precisava da ajuda dele ou de sua interferência. Era uma mulher crescida e podia tomar conta de si mesma desde que era criança.

Além disso, a idéia de tê-lo ao alcance das mãos, de olhar para ele, de tocá-lo, poderia distraí-la mais do que ela gostaria.

A verdade era que a última coisa que Emma queria era aquela absurda sensação de felicidade pelo simples fato de Cal Worth estar por perto.


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