Queda e salvaçÃO



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Temos assim três posições que reciprocamente se julgam de modo diferente, conforme o ponto de referência onde o ser esta situado. Elas são: A2, nível do selvagem; A, nível do homem nor­mal; A4, nível do evoluído. Dentro de nossa sociedade o homem do tipo A existe, qual subdesenvolvido nas camadas inferiores, co­mo primitivo ou como criminoso e rebelde à ordem constituída. O homem do tipo A3 é o que domina pela força do número e estabe­lece tudo, leis e métodos de vida, tudo adaptando ao seu nível, enten­dimento e utilidade. O homem do tipo A4 representa uma minoria sem direitos, que tem de adaptar-se às leis e hábitos, para ele selva­gens, da maioria.

Cada um dos três tipos concebe o outro, sempre colocado em seu relativo e diverso ponto de vista, julgando-se a si mesmo o tipo perfeito, modelo para todos, aquele que mais tem direito à vida. Mas o que domina em nosso mundo é o tipo A3, que por isso julga justo impor a sua ética a todos, inferiores como superiores. Observaremos agora os dois casos:

1) Quando a maioria, que faz as leis para si, se dirige aos inferiores involuídos.

2) Quando ela se dirige aos superiores evoluídos.

Escolhemos como ponto de referência o biótipo dominan­te porque é ele que, com a sua forma mental dada pelo seu plano de vida, estabelece as regras de conduta de nossa sociedade, as leis civis e religiosas, isto é, toda a ética, impondo-a aos outros.
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Como trata então esse biótipo hoje dominante os outros dois que, em relação a ele, se encontram na posição de involuído e evoluído? Observemos primeiro o caso do involuído Quando ele é representado por outros povos em terras coloniais, em geral as relações são as do homem chamado civilizado que, obedecendo à ética do seu plano, explora pelo direito da força, inteligência e re­cursos materiais, quem é menos provido desses meios, Neste nível pertence ao mais forte estabelecer as leis e a ele é devido todo o direito. Ética de luta, pela qual tudo acaba nas mãos de quem sabe agarrá-1o. Eis a conseqüência lógica dessa ética: os que não sabem defender-se e impor-se, são esmagados. Esta é a realidade que de lato existe além das teorias políticas ou religiosas pregadas. Neste plano vigora o método do vencedor e vencido, que vai das invasões bárbaras à exploração do trabalhador analfabeto. E por isso que no mundo de hoje: enquanto estão pregando a paz, se preparam para a guerra. Esta é a única ética neste nível de vida. Este é o método e a base ela glória de todos os imperialismos. Método em que se con­cordam todas as raças e povos, de todos os tempos e países do mundo.

Mas em outra forma o involuído se encontra também den­tro da sociedade dos povos que se chamam civilizados. Como tra­ta aquela maioria dominante, esse biótipo subdesenvolvido? Refiro me aos que na ordem social não conseguiram encontrar o seu lugar para viver e o procuraram fora daquela ordem como rebeldes ou delinqüentes. Ficando fora da organização coletiva, e representan­do eles só uma minoria, pelo menos nos períodos normais não revo­lucionários, sobre eles gravita o peso da maioria com a sua ética de domínio, que estabelece com as leis o que é direito e justiça. Esta minoria tem de ficar sujeita, quando não consegue romper os diques com as revoluções, às leis civis e religiosas que constituem a ordem que representa a defesa dos interesses da classe dominante. Os fa­tos da realidade biológica nos mostram que neste nível a vida se baseia na luta de todos contra todos, vigorando o método do ataque e defesa para que sobreviva só o vencedor. Disto se segue que os conceitos de direito, de justiça, de punição em nome de princípios ideais, até em nome de Deus, são só aparências exteriores, enquanto a substância dos fatos é outra coisa. Não há ser humano que não de­seje a ordem, assim como a unidade. Mas subentende-se que ele admite só a ordem onde é ele que manda, e a unidade onde são os outros que obedecem.

Estamos apenas observando o fenômeno imparcialmente. E claro que a coisa mais urgente para todos é antes de tudo defen­der-se e não há motivo para que a sociedade faça exceção a essa regra, tanto mais que os criminosos conhecem mais do que todos o método do ataque e defesa. Ninguém pode negar à sociedade esse direito à legítima defesa. Mas isto quer dizer que estamos no ter­reno da luta, onde a vitória pertence ao mais forte. O mal-enten­dido está no fato de que esta luta e defesa ficam escondidas sob o manto do direito e da justiça. Quando nas revoluções são os rebel­des que estabelecem uma nova ordem para si, eles armam tribu­nais para condenar, conforme a justiça, os seus inimigos em nome da lei, como fazia antes contra eles a sociedade regularmente cons­tituída. O espírito de luta, de agressividade e defesa é legítimo nes­te plano de vida e faz parte da lógica de sua ética. Estamos ainda na fase caótica do egocentrismo separatista, em que a defesa para a sobrevivência não pode ser confiada senão ao indivíduo isolado ou, por instinto gregário, unido em grupo com alguns semelhantes seus. O Estado com a sua autoridade em nossa sociedade dita ci­vilizada, apesar de democrático e representativo, é constituído por um desses grupos, formado pela classe dominante que defende, con­tra todos, os seus interesses e vida Tudo isto se pode considerar lógico e justo se colocarmos a nossa sociedade no nível biológico ao qual ela pertence o da luta e da força



O engano se revela quando neste mundo queremos falar de verdadeira justiça, coisa que só aparece num mais alto nível de existência, ao qual o homem ainda não chegou. Não há dúvida que todos têm o direito de viver, em todos os planos de vida e em todas as relativas formas de ética. Mas com a evolução se modifica o método para atingir essa finalidade. Então não é mais o indivíduo que se defende, mesmo usando as leis como arma na sua luta con­tra o próximo numa contínua peleja de ataque e defesa, onde só o mais astuto ou rico tem razão; mas é a coletividade para a qual o indivíduo faz tudo, aquela que faz tudo para ele e o defende no seio duma ordem não mais partidária, mas imparcial e universal. Mas isto poderá acontecer somente quando a humanidade houver atingido o estado orgânico e o indivíduo tiver adquirido a consci­ência necessária para saber viver nele.

Se a substância do método atualmente vigorante em nossa sociedade é a da defesa, pode-se dizer que esse objetivo foi atingi­do. Mas aqui o mal-entendido reaparece quando, com tal método, essa sociedade pretende tratar e curar a doença da criminalidade. Perante esta, que deveria ser a suprema finalidade do poder judiciário, na atual conjuntura social, é uma falência. Mas pa­ra que isto não aconteça seria necessário usar a forma mental e a ética de um outro plano, onde a tarefa de quem domina não é a de defender contra todos a sua posição de domínio, mas a de le­vantar os inferiores, de educar e remir os criminosos, eliminando a semeadura de tanto mal, a qual diariamente se está realizando em nosso mundo na mais completa inconsciência das conseqüências. O atual método repressivo corresponde ao do cirurgião que procura curar cortando o tumor do câncer. Assim, com todas as providên­cias da justiça humana, teoricamente perfeita, a doença da crimi­nalidade, atravessando os séculos, ficou sempre de pé.

Infelizmente a realidade é que possuem todos a mesma forma mental, usam todos o mesmo método de luta, quem julga não está situado acima e fora da raça humana para que lhe seja possível julgar. Seguem todos o mesmo caminho, pelo qual à or­dem não se pode chegar a não ser constrangido os rebeldes à obe­diência, porque o ponto de partida é o caos; não se pode chegar ao direito senão ordenando a força, e à justiça senão disciplinando a injustiça. E, seguindo este mesmo caminho, os diferentes grupos vencedores se alternam no palco da história, obedecendo aos mes­mos instintos, os do seu nível biológico, usando as mesmas armas, para atingir as mesmas finalidades. Também na livre escolha de­mocrática do pleito eleitoral, é sempre o poder da posição, da inteligência, dos recursos, o que permite que alguém vença os seus an­tagonistas políticos.

Eis qual é a luta entre o biótipo A2 e o A3, e ao contrá­rio Ambos querem e têm o direito de viver. Mas o segundo não quer reconhecer esse direito ao primeiro, que então tem de con­quistá-lo com a força. Para o tipo A2 não há lugar no castelo dos vencedores Por isso ele tem de ficar fora como rebelde Claro que se os revoltosos encontrassem um abrigo dentro do castelo, eles acabariam tornando-se homens da ordem. Para acabar com os ho­mens da desordem, seria necessário colocá-los dentro da organiza­ção da ordem, porque, se então se tornassem inimigos dela, se tor­nariam inimigos de si próprios. Que eles se tornem defensores da ordem é o que de fato acontece, logo que um deles enriquece e consegue ocupar posições elevadas na sociedade. O mundo atual deveria compreender que é seu interesse que não haja expulsos, que é absurdo um banquete a sós, sem que aqueles que estão olhan­do não acabem furtando alguma coisa. A nossa sociedade não che­ga a compreender isso, porque não possui mais do que a forma mental do seu nível biológico, com a qual não sabe conceber tudo senão em função do eu particular e sua vantagem imediata. E assim que a coletividade fica continuamente repleta de rebeldes criminosos. Por este caminho o problema não se resolve, até que sejam suprimidas as causas primeiras que estão dentro do próprio corpo social dos vencedores, que assim continua sempre levando consigo a sua doença crônica.

Eis então o que acontece em nosso mundo. Justificando­-se com um castelo teórico de princípios e leis, a classe dirigente que tem em mãos o poder, com a sua forma mental, estabelece uma ética, cujos conceitos abstratos de bem e mal na realidade sig­nificam só o bem ou o mal daquela classe. Na substancia se trata só de justificar em nome de princípios superiores a necessidade de constranger à obediência os rebeldes. O restante é problema lon­gínquo, que fica na sombra. Este constrangimento se baseia no prin­cípio da satisfação ou do sofrimento, e atua por meio do prêmio ou da pena. Assim aparece nas religiões a idéia de paraíso e inferno que corresponde à das leis civis, das honras ou da cadeia. Mas isto nau educa, não melhora, somente estimula à luta egoísta para ga­nhar a própria vantagem ou evitar o próprio dano. Mas é lógico que a ética do egocentrismo não possa gerar a não ser frutos da mesma natureza. Acontece assim que o biótipo A3 não levanta o A2 para um mais alto nível evolutivo, mas fica abraçado com ele no mesmo pântano.

Se o criminoso furta ou mata, faz isso porque a experi­ência que adquiriu no ambiente em que nasceu e cresceu lhe en­sinou que era mais provável conseguir vencer na vida pelos ata­lhos da desordem e revolta, do que pelo caminho direto e longo do trabalho e da ordem. E de fato a vitória no caminho da delinqüência depende da inteligência, poder e recursos, como deles tudo de­pende na Terra. E o criminoso funciona conforme a ética vigorante. De fato quem cai na rede das leis é o delinqüente simpló­rio, desarmado, isolado, sem recursos e inteligência ou mentalmen­te doente. A rede em geral pega só os peixes fracos e pequenos. Os grandes tubarões me escapam. O lema é: "A lei é igual para todos", ao qual alguns acrescentam: "os simplórios".

E o que acontece, depois, com esse criminoso que a lei consegue agarrar? Com uma pública e solene demonstração de justiça nos tribunais, isolam-se esses sujeitos, por um período de tem­po arbitrário nas cadeias. Que faz o preso? Ele continua reagindo ainda mais contra a sociedade que, depois de haver gerado os ambientes onde tudo isto pôde nascer, agora pune o fruto deles com a prisão. Ele vai morar num ambiente saturado de criminali­dade, onde quem nunca houvesse sido delinqüente seria levado a tornar-se tal. Escola às avessas. E, quando ele terminar esse cur­so de mau exemplo e de revolta interior, a sociedade o considera curado e o aceita de novo, em seu seio, aquele indivíduo que se tornou pior, porque a pena atormenta, não convence, mas gera no­va revolta. Isto, do ponto de vista educativo, revela uma grande ignorância. Explica-se, porém, enquanto é fruto do passado, quan­do os segredos da psicologia humana eram desconhecidos, e vi­gorava aquela ética, descontrolado fruto do subconsciente instintivo.

O resultado lógico de tudo isto é que a delinqüência con­tinua como câncer social permanente, o que revela a impotência dos métodos atuais para a solução do problema. Quando uma doença não se cura, em geral isto se atribui à ignorância do médico. Medicina repressiva - Mas a doença é uma fera a domar com a for­ça, é antes um processo lógico que se penetra com a inteligência. A substância da penalogia é constituída por uma luta armada entre ações e reações da mesma natureza. Não é que defendemos o cri­minoso. Queremos só reconhecer que, enquanto esse método vigo­rar, nunca poderá acabar a luta entre o biótipo A3 e o A2, e ao contrário. Seria necessário antes de tudo educar os educadores. O método da luta não pode gerar senão luta, da guerra só pode nascer guerra. Seria necessário acabar com esse método, procurando compreender e ajudar, em vez de condenar e reprimir, reconhecendo que não se pode eliminar o direito à vida, sem que esta ressurja torcida em outra forma. Em vez de se ocuparem a cobrir a reali­dade com um manto de hipocrisia falando de justiça, quando a rea­lidade é apenas a da defesa própria na luta, seria necessário que mais honestamente se enfrentasse o problema, usando de sinceri­dade para resolvê-lo, eliminando os ambientes onde nasce o mal, cuidando dos criminosos através da educação, fazendo desaparecer assim as causas do fenômeno.

Dado o seu nível biológico, toda a nossa vida social se baseia não na compreensão e colaboração, mas na rivalidade e na luta. Todavia o problema das relações sociais não se pode resolver com tais métodos. O criminoso luta contra as leis, que são as armas dos seus naturais inimigos, com uma estratégia mais ou menos per­feita e poderosa, como qualquer guerreiro lutaria contra outros guerreiros. Assim se desenvolve a inteligência, mas no sentido das astúcias e enganos, por caminhos oblíquos. Explica-se assim a fun­ção biológica da mentira, até dessa hipocrisia de que agora faláva­mos, como meio de defesa da vida. Quem não desenvolveu esse ínfimo grau de inteligência, ou a desenvolveu demais para que lhe seja possível retrogradar até esse nível, será sempre julgado um de­ficiente que, por isso, merece e deve ser condenado.

A vida nos seus níveis mais evoluídos se baseia sobre princípios diferentes. Para quem vive neste plano não há gente fora do castelo dos vencedores, porque todos se ajudam fraternalmente e sabem que são elementos da mesma unidade orgânica. Só quando, superando o método atual de desconfiança, chegarmos à compreensão fraternal, os problemas que hoje nos atormentam po­derão ser resolvidos. O sistema vigorante da luta é contraprodu­cente. A severidade das penas demonstra a fraqueza dos dominan­tes, fruto do temor para que os rebeldes não permaneçam contra o poder. Até há poucos anos a justiça dava, como exemplo educador, público espetáculo, punindo ou matando os criminosos. E o povo corria para ver. Mas o que passava como um exemplo educador, na realidade era um escândalo, e por isso gostoso e procurado. E, quanto mais feroz o espetáculo, tanto mais gente corria para gozar de tão saboreado petisco. Claro que assim se realizava uma educação às avessas, porque o povo aprendia a arte do crime, acrescen­tando a lição que ele se torna legítimo quando o comete quem tem o poder nas mãos. Mas todos ficam satisfeitos: 1) os chefes, porque acreditavam dar um exemplo de sua força, confirmando o seu domínio; 2) os juizes, porque, agradando ao seu senhor e mos­trando o seu poder, fortaleciam a sua posição, ao mesmo tempo que a pública encenação da justiça tranqüilizava a sua consciência, porque tudo se havia realizado com o consentimento de todos, en­dosso universal que, deixando as condenações dentro dos limites da lei e da ética, as legitimava; 3) o povo ficava satisfeito porque podia estudar a arte de matar e vingar-se do próximo, e ao mesmo tempo com tão gostoso espetáculo de ferocidade, seguindo a sua ét'.ca de luta, satisfazer o seu instinto de agressividade e destruição, que é qualidade do involuído. Deste modo, chefes, juizes e povo todos ficavam satisfeitos porque, cada um verificando a sua utilida­de particular, todos juntos podiam, assim unidos, libertar-se de um inimigo comum e isso sem perigo, porque se tratava de um fraco vencido

Eis qual é, brevemente resumido, o jogo das ações e reações entre o tipo A3 e o A2, e ao contrário.
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Observemos agora o 2º caso, isto é, quando a maioria, que faz a lei para si, se dirige para os superiores evoluídos. Como o biótipo A3, hoje dono do planeta, trata o biótipo A4 que excep­cionalmente aparece na Terra? Estudemos agora o recíproco jogo de ações e reações entre estes dois biótipos Se escolhermos como ponto de referência a posição A3, a do homem comum, o ser do nível A4 nos aparecerá um tipo de super-homem evolutivamente mais adiantado Mas, se escolhermos como ponto de referência a posição A4, o homem comum situado no nível A3, nos aparecerá um involuído, evolutivamente mais atrasado. Este é o sentido que demos, neste livro e nos precedentes, às palavras: evoluído e in­voluído, escolhendo como ponto de referência a posição ocupada pelo homem atual na escala da evolução.

Cada uma dessas duas posições traz consigo a sua forma mental e a sua correlativa ética e particular lei de conduta, bem diferentes, das quais já falamos bastante. O evoluído queria que neste mundo a vida fosse regida pela sua ética. Mas esta não é a do biótipo dominante. Daqui nasce o choque. Ao involuído não interessa nada se o outro é evolutivamente superior. Com a forma mental do seu plano e sua ética, ele sabe que o evoluído represen­ta um caso isolado ou pequena minoria, e que por isso não tem direito algum; sabe que aquele tipo não está armado, não usa a força, e na prática é um fraco, um covarde, um vencido, com fun­ção somente de obedecer. Só a quem possui a força para dominar pertencem todos os direitos. Mas o evoluído não pode de maneira nenhuma viver conforme uma lei que para ele é de ferocidade. Nem pode ele, pela sua própria natureza, impor ao mundo com o método da força ou direito armado a sua ética feita de compreen­são e bondade. Ninguém quer nada dele; no mundo não há lugar para ele. Aqui pode ser apenas um expulso, posto fora da vida.

Os dois tipos de personalidade são tão diferentes, que uma parece o emborcamento da outra. Esclarecemos com um exemplo. O evoluído encontra-se completamente deslocado no ambiente hu­mano, como um homem civilizado que tivesse de morar numa aldeia de antropófagos no centro da África. Ele teria muito que adaptar-se para sobreviver naquele ambiente. Tudo o que é natural e justo para os selvagens não o é para ele. Que faria um homem das nossas cidades se, saindo do seu apartamento, em vez de cum­primentar o seu vizinho, visse que era hábito normal o agredi-lo para matá-lo e cozinhá-lo, para devorá-lo no almoço? Da mesma forma o evoluído fica horrorizado quando vê que em nosso mundo é na prática lícito e comum, violando as leis penais e civis, religio­sas e morais, enganando e esmagando, aproveitar o próximo mais fraco, só para a sua vantagem egoísta, semeando ruína ao seu redor.

O involuído faz isso não na forma, mas na substância, não por maldade, mas por sua natureza, porque esta é a lei do seu plano, a sua ética espontânea. Para ele as qualidades de bondade do evoluído são ingenuidade condenável e fraqueza inadmissível, porque vale a força e a astúcia, que no mundo levam à vitória. Quem não atinge essa finalidade não tem valor, é coisa negativa e contraproducente, o que se chama com muito respeito: a loucura dos santos. Assim o evoluído é julgado um grande menino inexperiente, um utopista que vive de sonhos fora da realidade A conclusão rápida à qual chega o involuído, é que o evoluído seja um simplório, cuja fraqueza é justo aproveitar e explorar. Assim é a ética do involuído, a sua forma mental e como ele concebe coisas, e delas não sabe fugir. Não o poderá, senão quando conseguir evoluir, subindo para um mais adiantado plano de vida.

O problema é o de subir, e não o de julgarem-se, por or­gulho, mais adiantados, sem o serem de verdade. Quem em seu nível atual renuncia a sua própria supervalorização? Isto faz parte da forma mental do ser deste plano, corresponde ao seu impulso egocêntrico e instinto de luta. Pelo contrário, o ser verdadeira­mente adiantado se reconhece pelo seu constante dinamismo construtor, pela ausência de negatividade, pela sua bondade e inte­ligência. A conseqüência lógica desta, como do valor real do evo­luído, é a falta de orgulho. Quem é de fato superior não precisa de se inchar de vento para aparecer maior, porque já o é, e por isso fica espontaneamente humilde. O evoluído é fundamentalmente ho­nesto. Não pode por isso aceitar os métodos da mentira e engano vigorantes no mundo. Tudo isto é lógico, porque ele se encontra mais próximo do S, e mais afastado do AS. O problema para o involuído não é o de sinceramente procurar não fazer o mal, mas o de conseguir escondê-lo com a astúcia, enquanto procura fazê-lo para atingir a sua própria vantagem. Ele usa o intelecto não no sentido de obedecer às leis para viver na ordem que representa vantagem de todos3 mas o usa para evadir-se delas, escapando às suas sanções. Para quem está maduro para viver no estado orgânico de ver­dadeira sociedade humana, é duro ter de viver num estado caótico de egocentrismos desencadeados. Indivíduos desse tipo biológico, no plano de vida do evoluído, seriam isolados como criminosos, porque nesse nível é absurda e inadmissível a conduta descontro1ada da ética do subconsciente, vigente em nosso mundo.

De fato, pelo caminho percorrido, o evoluído chegou a criar instintos diferentes, de modo que para ele é natural e fácil (virtudes, altruísmo, inteligência, atividade etc.), tudo o que para o involuído é esforço difícil; e é difícil o que é fácil, instintivo, as vezes irresistível, para o involuído (ataque e defesa, egoísmo, igno­rância, ócio etc.). Para um selvagem é facílimo escalar uma ár­vore, correr vários quilômetros, viver na mata entre as feras. Seria, porém, muito difícil proferir uma palestra, escrever um livro, tra­balhar em escritórios, viver num apartamento. E ao contrário. Que problema sério, se um tivesse que mudar para o ambiente do outro! Evoluído e involuído se repelem reciprocamente. Um não se adapta a viver a vida do outro.

O evoluído é evangélico, fraternal, compreensivo para cooperar Ele usa a sua forca e inteligência, não para lutar contra os seus semelhantes, mas contra a animalidade, para atingir a sua sublimação. Ele aparece no mundo como um anjo, cuja lei natu­ral é o Evangelho. Mas a lei dos outros é diferente. Ele, que dá tudo, ama e perdoa, neste mundo não pode ser senão espoliado e desprezado. Tal mundo, depois de haver tirado dele toda a sua pos­sível vantagem egoísta, o repete desdenhosamente, como se faz com um fruto espremido. O involuído interessa-se pelo próximo para tirar dele proveito; o evoluído para beneficiar, ajudando-o a subir. Entretanto, uma vez que ele caiu no plano inferior da animalidade humana, tem de suportar o choque com a lei deste plano. Parece. porém, que a vida queira expulsá-lo de tal mundo, que não é o seu. Esta é a história de Cristo e de todos os que o seguem. O encontro entre os dois planos de vida não pode acabar senão no martírio do evoluído. O involuído quer expelir do seu reino o estrangeiro. E é a este que está confiada a função de ajudar o mundo na sua evo­lução! Este explora e atormenta quem trabalha e sofre para salvá­-lo. Custa caro ser evoluído de verdade e, quem segue esse cami­nho só por vaidade, não pode deixar de fracassar ao primeiro passo.

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