Aiatolá: o mais alto dignatário da hierarquia religiosa no islã xiita.
Fim do glossário.
A importância do Irã vem de sua posição estratégica de fácil acesso à Ásia central e ao mar Cáspio (veja o mapa da página 269) e de suas grandes reservas de petróleo. O país é acusado pelos Estados Unidos de apoiar o grupo terrorista xiita libanês Hezbollah, responsável pelo ataque à base norte-americana de Khobat, na Arábia Saudita, em 1996, que matou dezenove soldados estadunidenses. Além disso, o Irã desenvolveu um programa nuclear que preocupa a comunidade internacional, uma vez que detém tecnologia para a fabricação de armas nucleares. O país é o principal inimigo do Estado de Israel, que está na mira de alcance de mísseis iranianos, no Oriente Médio. Em 2012, Israel testou um míssil que pode atingir as instalações nucleares iranianas.
Em razão de seu programa nuclear, o Irã sofreu, em 2006, duras sanções econômicas e militares por parte dos Estados Unidos, da União Europeia e da ONU. Essas sanções envolvem maior rigor na vigilância dos bancos iranianos e na inspeção das cargas vindas do Irã, além de vetos aos investimentos estrangeiros vindos desses países para setores estratégicos da economia iraniana e da proibição da compra de armamentos pesados.
Em julho de 2015, o Irã e o Grupo 5+1 (os cinco países do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha), reunidos em Viena, chegaram a um acordo que garante que o Irã não produzirá uma bomba atômica e que vai receber como contrapartida um levantamento das sanções econômicas que lhe foram impostas. Algumas dessas sanções já tinham sido levantadas em 2013, após um acordo com os Estados Unidos. Esse pacto impede que pelo menos por dez anos o Irã produza material para fazer uma bomba atômica e impõe novas condições para a inspeção das instalações iranianas, incluindo as militares. Os Estados Unidos, por não manterem relações diplomáticas com o Irã, não podem participar das inspeções.
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A duração do embargo de armas imposto pela ONU é de cinco anos e prevê que o Irã vai diminuir seus estoques de urânio para 300 kg e reduzir a porcentagem de seu enriquecimento.
Afeganistão e Paquistão e o fundamentalismo Talibã
A origem do grupo radical sunita, majoritariamente da etnia pashtun, denominado Talibã, foi a reunião de pouco mais de mil estudantes da doutrina islâmica na fronteira do Paquistão com o Afeganistão. O Talibã tomou o poder no Afeganistão em 1996. A milícia extremista, a princípio, tinha certo prestígio, pois prometia combater a corrupção e restabelecer a ordem no país, devastado pela guerra civil. Porém, o poder do Talibã impôs severas normas ao país e aos seus habitantes. As mulheres foram as mais sacrificadas. Só podiam sair às ruas cobertas pela burca, da cabeça aos pés. Proibidas de estudar e trabalhar, só podiam receber atendimento médico de outras mulheres. Como dificilmente há médicas no país, o número de óbitos femininos aumentou com essa restrição.
LEGENDA: Mulheres afegãs andando perto de um local onde ocorreu uma avalanche, na província de Panjshir, ao norte de Cabul, em fevereiro de 2015.
FONTE: Shah Marai/Agência France-Presse
Os homens deviam deixar a barba crescer e corriam o risco de ser punidos pela escola de reeducação se desobedecessem às regras. Além disso, o Talibã proibia todas as representações de seres vivos (homens e animais) e símbolos de outras religiões. Eram também vetadas fotografias de pessoas. Por isso, poucos possuíam máquina fotográfica ou fotos de família. A população era vigiada por uma força policial religiosa conhecida como Departamento-Geral para a Preservação da Virtude e Eliminação do Vício.
O governo Talibã foi derrubado por tropas estadunidenses que invadiram o país à procura de Bin Laden, logo após os atentados de 11 de setembro. Em 5 de dezembro de 2001, na Conferência de Bonn, foi proclamado o fim do Estado teocrático e o país voltou a ter governo republicano. Em 2004, foram realizadas as primeiras eleições presidenciais da história do país. Eleito presidente, Hamid Karzai enfrentou inúmeros problemas, como as rivalidades étnicas, a resistência do Talibã e a intensificação do cultivo da papoula, que fazem a paz parecer quase impossível no Afeganistão.
LEGENDA: O cultivo da papoula, da qual se extrai o ópio para a fabricação da heroína, emprega grande parte da população do Afeganistão e tem importante participação no PIB do país. O dinheiro da droga ajuda a financiar as atividades de grupos terroristas. Na foto, policial afegão destrói plantação de papoula na província de Kunar, em 2014.
FONTE: Noorullah Shirzada/Agência France-Presse
Após a queda de seu governo, em 2001, a milícia Talibã refugiou-se na fronteira com o Paquistão. Estreitamente ligado à Al-Qaeda, o Talibã continuou sua escalada terrorista no país vizinho, onde tem o apoio de líderes tribais e do grupo fundamentalista Movi mento para o Reforço da Lei Islâmica - em árabe, Tehreek-e-Nafaz-e-Shariat Muhammadi (TNSM).
Em 2015, o Afeganistão continuava sofrendo com instabilidades internas. As tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deixaram o país em 2014, mas a presença militar dos Estados Unidos ainda pode ser vista no país.
Guerra civil na Síria
Como vimos no Capítulo 20, as guerras civis são um tipo de conflito muito frequente no século XXI. Elas tendem a ser cada vez mais longas e acabam por se internacionalizar, envolvendo países vizinhos ou grandes potências, como é o caso da guerra na Síria.
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Esse país enfrenta, desde janeiro de 2011, uma guerra civil travada entre defensores do regime totalitário do presidente Bashar al-Assad (cuja família governa o país desde 1971) e a oposição, que quer a renúncia do chefe de governo.
As desavenças lançaram o país em uma violenta guerra civil, resultante da política de repressão do presidente. Os confrontos provocaram milhares de mortos, mas, apesar do massacre, o presidente não renunciou. Em todo o país, as milícias se multiplicam, a oposição está dividida e os combates e os atentados terroristas se sucedem.
No seu processo de internacionalização, a guerra civil na Síria envolveu vários países - Estados Unidos, Rússia, Turquia, países do golfo Pérsico - e também organizações fundamentalistas, como o Hezbollah e o Hammas.
Em 2014, a situação piorou com a entrada em cena do autodenominado Estado Islâmico (EI), que atua contra governistas e rebeldes.
LEGENDA: Soldados sírios caminham em rua severamente danificada, na cidade de Aleppo, Síria. Foto de 2015.
FONTE: George Ourfalian/Agência France-Presse
Em 2015, a queda de um jato russo, no Egito, e os atentados realizados em Paris, ambos assumidos pelo EI, trouxeram mais instabilidade ao país, que passou a sofrer bombardeios realizados pelos Estados Unidos, França e Rússia (aliada de Assad, mas contra o EI).
Essa situação na Síria deu origem a um número muito grande de refugiados que, fugindo dos horrores da guerra e das perseguições por parte dos membros do EI, buscam outros países, resultando na polêmica recepção em países da União Europeia, destino mais procurado.
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