A máe que desistiu do céu


- A LUZ POR DUROS CAMINHOS



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25 - A LUZ POR DUROS CAMINHOS


São muitas as criaturas, que profundamente traumatizadas pela perda dos seus entes queridos, nos buscam desesperados. Trazem o coração despedaçado. Isis, a grande deusa, andava pelo Egito atrás dos pedaços do seu filho Osi- ris, assim como o coração de Maria deveria gotejar sangue, seguindo os passos de Jesus.

A morte, por contra-senso, leva o homem a conjeturar acerca da vida. Passa a cogitar do que nunca o preocupou antes, imerso nas águas da fantasia e da ilusão. Indaga, então, se aquele seu filho, um rapagão simpático, inteligente e afetuoso, será carne putrefata na voragem da morte, em apenas um instante fatídico. Ainda ontem um casal comparecia em nossa casa, que é minha residência, e também dos espíritos consoladores. Por todos os cômodos predispusemos lenços mediúnicos para enxugar as lágrimas dos que sofrem, sem que ciência, filosofia, escola, políticos, e mesmo religiosos possam dar-lhes a Esperança do Reencontro e a certeza da imortalidade. A mãe na calçada, o filho de seis anos brincando atrás do veículo de sua propriedade; o pai dá marcha- ré na enorme jamanta e passa por cima do garoto. Estoura-lhe o corpo e as vísceras se despedaçam. Havería palavras de simples consolação para um caso tão trágico e cruel? A gente não tem palavras, mas os espíritos consoladores, da grande legião dirigida pelo mais amante dos amantes, Jesus, têm a palavra sedativa própria Sabemos, só depois, que é outra ótica daqueles, agora redivivos que saem da cabina E mais do que consolação, esclarecimento. Abre-se-lhes o re- posteiro. O enigma se esclarece. É necessário fortaleza. E o próprio amargor se transforma em gotas de sabedoria e compreensão.

Não só os humildes e simples buscam a verdade; também, os grandes nomes do saber. Cesare Lombroso, grande nome da ciência se referia com desdém aos que diziam acreditar na sobrevivência da alma e sua comunicabili- dade com os vivos. Um dia, porém, assistindo uma sessão de materialização, na Itália eis que a sua mãe se materializa e lhe fala com o seu maneirismo inconfundível e no seu dialeto. Isto abriu uma enorme fenda na couraça de Cesare Lombroso, que se encontrava encerrado na masmorra do corpo sólido, apalpável, carnal, e ele passou a enxergar outras dimensões do Infinito, onde moram as almas dos nossos irmãos que transpuseram o vale da morte.

O mesmo sycedeu a Oliver Lodge, corifeu da ciência da Inglaterra, que havia perdido o seu filho Raymond, na batalha de Flandres, na primeira guerra mundial. Acostumado a pesquisar, Oliver Lodge fez um soberbo trabalho, de que dá conta na obra à qual deu o nome do próprio filho 'Raymond". E, mais tarde, perante a humanidade toda, até mesmo os seus pares na Academia de Ciência, deu o seu testemunho da sobrevivência da alma, numa obra condensada que traz o título sugestivo; “Porque creio na Imortalidade".

Mesmo quando alguém pertença a Credo fechado que ensina a ressurreição do corpo no “Dia do Juízo Final", a perda de um ente querido, leva-o a perquirir sem mais constrangimento ou medo. Assim aconteceu com James A. Pike, Bispo da Igreja Episcopal que, de tanto procurar e sondar, reencontrou o seu filho, exclamando para toda gente: "Comuni- quei-me com meu falecido filho James, por intermédio de um médium, numa sessão de Espiritismo realizada em Toronto, sessão essa que foi gravada para a Televisão do Canadá.''

Amanhã é outro dia. Amanhecerá nossa alma e debaixo de outra luz, abraçaremos de novo nossos entes queridos. E agradeceremos todo ó sofrimento que nos elevou à compreensão, à aceitação e à integração em comunidades espirituais, onde já não exigem tais provas.



TEMA PARA REFLEXÕES: A consolação - todas as religiões cristãs a têm - O Espiritismo tem, a mais, os fatos. A provação esclarecida.

EM QUE O ESPIRITISMO SE DISTINGUE DE TODAS AS OUTRAS RELIGIÕES CRISTÃS, NO TOCANTE A CONSOLAÇÃO?

- Embora o Espiritismo possua uma linguagem carregada de amor, a sua força consoladora, em muitos casos, provem do fato e o fato é a mola mestra da Doutrina codificada por Kardec. Quando, pois, a pessoa sente-se profunda- mente abatida pela perda de entes queridos, principalmente os pais pela perda de filhos, eis que arrazoados metafísicos, o argumento de imortalidade que sé será constatada no dia do Juízo Final, em nada refrigera o coração do sofredor. E uma promessa que se torna tênue, como aquela da Volta de Jesus, em novo advento, que tinha força extraordinária no começo do cristianismo. Bem diferente é, rio entanto, se a pessoa chega a ouvir ou ier uma mensagem do ente amado, recebida através de médiuns de absoluta confiança, como por exemplo Chico Xavier ou Divaldo Franco. Adicione-se a isto as lições e evidências da sobrevivência da alma, em outros planos, a lei de ação e reação, que esclarecem os problemas do destino humano, eis que aquele pesado ônus da dúvida, no tocante à Justiça Divina, se resolve à luz da razão.

Entretanto, além dessa consolação religiosa, digamos assim, por não possuirmos outra palavra mais adequada, temos de considerar a consolação em seu sentido comum: o de lenitivo à aflição. A simples consolação não cura o mal de ninguém; funciona como sedativo, mas, quando a pessoa sente dor lancinante, bem que se lhe torna bendito o analgésico ou mesmo um calomelano. Assim todos nós devemos ter pronta a palavra consoladora para o que sofre. Às vezes, mais do que a palavra própria que, de pronto, não encontramos, vale o gesto ou até mesmo o silêncio compungido que indica solidariedade.

Não devemos pensar que só o doente ou o atingido pela separação, através da morte, são os necessitados de consolação. Há os portadores de paixões amorosas, que os levam a gestos tresloucados; os que se encontram trancafiados numa cadeia, os perseguidos pela Justiça, os caçados pelo chantagista, os desprezados pela família, os desempregados, os despejados, os arruinados financeiramente, os violentados por agressores, os torturados e os traídos. O sofrimento campeia por toda parte, e chega a ser universal. Sejamos dignos de ser seguidores do Divino Mestre Consolador, estendamos a mão e transmitamos a palavra carregada de eflúvios refrigerantes e de imagens mentais que possuam dons miraculosos de transportar o aflito ou desanimado, de um painel de sombra para outro de sol.


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