História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez



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A Chechênia sem livros
A imagem que devemos ter presente agora é a de Edilbek Kasmagomadov, diretor da Chejova, a biblioteca mais importante do norte do Cáucaso, sentado na grama de um escurecido estádio de futebol, em 1995, encolhido de frio, enquanto observa de longe, ou de perto, pouco importa, as portas dos depósitos do subterrâneo, onde estão armazenados os únicos vinte mil livros que se salvaram do bombardeio realizado pelos russos na cidade de Grozny e na biblioteca. Em 1994, a coleção dessa biblioteca era de 2.648.000 livros, em mais de trinta idiomas, e um índice de oitocentos mil documentos, que vão de 1957 até 1992. "Não há nada a fazer", comentou o bibliotecário. "Tudo foi destruído." Um jovem de cabelo castanho, com um cigarro fumado pela metade, acrescenta: "E isto é apenas o começo", e talvez tenha lembrado de algo. É possível que estivessem em companhia de alguns amigos, ou sozinhos, mas esse caso é exemplar porque o terror desses homens, em 2003, continua inalterado, pois não há uma única biblioteca de pé em toda a região.

O desastre cultural começou quando a Chechênia se proclamou independente da União Soviética em 1991. Em 1994, as tropas russas entraram em território checheno e arrasaram Grozny para mandar uma mensagem aos seguidores do líder local Dzhokhar Dudayev. De 1994 a 1996 morreram oitenta mil pessoas e duzentas mil se tornaram refugiados. De forma humilhante, o exército russo teve de se retirar, e instalou-se um novo governo. Em 1999, as ações contra-ofensivas começaram. Foram consideradas terroristas, mas era preciso conhecer melhor o que aconteceu para julgá-las.

No início da guerra havia mais de mil bibliotecas na região e mais de 11 milhões de livros, uma rede de 109 bibliotecas científicas, redes bibliotecárias na Universidade de Grozny, o Instituto Petrolífero e o Instituto Pedagógico, 14 bibliotecas técnicas e 450 bibliotecas estudantis. Por volta de 1995, os russos haviam destruído a Biblioteca Nacional, a Biblioteca Nacional Infantil, a Biblioteca Nacional Médica, as bibliotecas universitárias e a Biblioteca Central de Ciências. Mais de 60% dos bibliotecários fugiram e centenas de lugares ficaram fechados.

Dessa maneira, milhões de textos foram saqueados e destruídos. No entanto, no Ocidente, essa barbárie, denunciada várias vezes, continua sem repercussão. Os mercados negros de arte e de livros estão repletos de textos provenientes desta região.




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