Sam bourne o código dos justos



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TRINTA E CINCO
DOMINGO, 4H14, SAG HARBOR, NOVA YORK
TC olhava para Will, imóvel e em silêncio. O ruído era regular demais para ser o som da casa velha, o estalo de madeira antiga. Não havia a menor dúvida: eram passos. Will pegou o mais pesado atiçador que encontrou da lareira, levou o dedo aos lábios para pedir silêncio e saiu do escritório do pai mantendo-se junto à parede.

Atravessou de mansinho o corredor em direção à cozinha. O ruído parecia vir de lá. Ao chegar mais perto, ouviu um farfalhar, como se o intruso folheasse papéis. Aproximou-se passo a passo, até conseguir ver a sombra de um homem alto. O coração martelava; a garganta es­tava seca.

Num único movimento, esgueirou-se pelo canto, ergueu o atiçador acima da cabeça do intruso...

  • Deus do céu, Will! Que diabo está fazendo?

  • Pai!

Will, você quase me matou de susto. Achei que alguém tivesse arrombado a casa. Minha nossa.

O Sr. Monroe, metido num pijama listrado, desabou numa cadeira, a mão agarrada ao peito.

  • Mas pai, eu não...

  • Espere, Will Me dê um segundo para recuperar o fôlego. Espere. Quando Will gritou para TC, o espanto do pai foi completo.

  • Que diabo está acontecendo aqui?

Will esmerou-se o máximo que pôde, pondo-o a par dos aconteci­mentos das últimas horas: as mensagens de texto, os Provérbios 10, a visita à redação, o perseguidor, a corrida para a Penn Station. Ele ou­viu pacientemente, balançando o chá quente que TC lhe preparara, o grande juiz agora em posição de pai.

Eu devia ter te contado que estava aqui. Vim ontem à noite. Não tive notícias suas e já começava a subir pelas paredes de preocupação. Achei que ouvir o mar talvez me ajudasse, respirar o ar da beira da praia. Beth é sua mulher, Will, mas também é minha nora. É da família.



Lançou um olhar para TC, cujo rosto enrubesceu.

Lamento que tenhamos acordado o senhor ela disse, tentan­do mudar de assunto. Então, bocejando: Dormir me faria bem.

Moção concedida. Will, o quarto do jardim está arrumado.

Isso aborreceu Will. Estaria o pai dando ao filho uma ordem, instruindo-o que devia dormir separado de TC, como se suspeitasse que, se entregues a si mesmos, iriam dividir a mesma cama? Acreditava mes­mo que Will ia trair a esposa que tanto adorava?

Talvez o pai suspeitasse de coisa mais sombria. Seria ao menos possível? Poderia imaginar que o filho de algum modo arquitetara tudo aquilo como um meio de reatar com a ex-namorada? Will percebeu que fora muito econômico com as informações, mal deixando o pai por dentro da busca por Beth. No quanto insistira para que a polícia não se envolvesse. Fazia quase trinta anos que Will Monroe Pai não trabalha­va com direito criminal mas ele não teria esquecido de nada.

O pior é que Will sabia que não podia sentir nenhuma indignação que justificasse. Afinal, há poucas horas colara os lábios nos de TC, com os olhos fechados, num beijo. Não fora um roçar fugaz; mas um beijo de verdade.

Exausto demais para dizer qualquer outra coisa, cedeu calado ao que o pai determinara e dirigiu-se escada acima, juntando-se a TC, que o esperava no patamar. A postura dela, como a se esconder, sugeria que também entendera tudo: a desconfiança que irradiava do pai e a consciência pesada, pois sabia que não era inteiramente sem fundamento.

DOMINGO, 0H33, MANHATTAN
Bom trabalho, rapaz. E seu entusiasmo é uma alegria para mim, realmente é. — A voz era clara e distinta, mesmo ao telefone. — Não, agora o melhor é ficar à espera. Não estou preocupado com Sag Harbor. Isso não vai ser um problema. Precisamos de você aí na cidade.

Então onde quer que eu fique a postos, senhor?

Bem. Eles não vão ficar muito tempo em Long Island, não é? Ele vai ter de voltar. E isso quer dizer Penn Station. Por que não garante sua presença lá para recebê-los?
TRINTA E SEIS
DOMINGO, 9H13, SAG HARBOR, NOVA YORK
Will tinha deixado o telefone ligado e à mão. Mas estava tão exausto que o aparelho vibrando com uma mensagem recém-chegada dificil­mente o despertaria. Em vez disso, mergulhou num sonho. Ele coloca­va a chave na fechadura da porta da frente; entrava e encontrava Beth parada na cozinha com uma criança agarrada na cintura. Parecia com raiva, como a proteger o menino ou menina, Will não sabia dizer de um intruso prestes a fazer-lhe um terrível mal. Afaste-se, seus olhos pareciam dizer. Tinha um ar agressivo; selvagem. Oh, entendo, ele pen­sou no sonho. Essa é a criança X. E, ao mesmo tempo, como a anunciar essa compreensão, um sino começou a soar...

Como um guincho içando um mergulhador para a superfície, acor­dou. Por reflexo, pegou o telefone imediatamente.

1 nova mensagem
qUarEnta
Ele se levantou de um salto e atravessou a passos rápidos o corredor até o quarto onde estava TC, um dos poucos que não tinha vista para o mar; em vez disso, dava para os fundos, para um jardim em estilo in­glês. O sol fluía pelo corredor, acompanhado do ruído das ondas. Não tinha como negar: o pai escolhera uma localização deslumbrante.

O pai. Só então Will se lembrou do encontro na noite anterior. Qua­se batera no pai. Poderia tê-lo matado. Mas não havia tempo para pen­sar sobre isso.

Muito bem — disse, depois de sacudir TC até acordá-la e ela se sentar encostada nas dezenas de travesseiros que a caseira do pai roti­neiramente providenciava para cada cama. — Tem mais mensagem. "Quarenta."



Segurava o telefone no alto.

  • Quarenta mensagens? — resmungou ela, ainda sonolenta.

  • Não. Esta é a mensagem. Veja.

  • Por que ele escreveu dessa forma tão estranha?

  • Não sei. Comece a quebrar a cabeça nisso. Consegue? Tenho de dar um telefonema.

Conferiu as horas no relógio. Nove e meia da manhã. Checou o BlackBerry: nada novo de Crown Heights. Com certeza não acredita­ram que ele aceitara as exigências do rabino feitas no telefonema do dia anterior—que recuasse e esperasse sentado. Era óbvio que não iam acreditar nisso: afinal, haviam mandado um homem segui-lo exatamen­te porque sabiam que ele não pararia.

Nove e meia. Alguém da editoria "Internacional" estaria lá a essa hora. Além disso, não podia dar-se o luxo de deixar para muito mais tarde. Discou o número, quase que em prece. Por favor, que seja Andy.

Trabalhavam no mínimo quatro estagiários na editoria "Internacio­nal" do New York Times; mas um ele passara a conhecer. Andy prova­velmente era quatro anos mais jovem que Will e, desde que haviam conversado na fila da cantina na hora do almoço, grudara nele como uma espécie de mentor. Era de Iowa e não sorria muito, era sério, o que agradou Will imediatamente; semelhante ao senso de humor inglês de que sentia saudade.

  • "Internacional."

  • Andy?

  • Exatamente.

  • Graças a Deus.

  • Will, é você?

  • Sim. Por quê?

  • Não, nada. Só que...

  • O quê?

  • Rapaz, se eu acreditasse em cada boato maldoso que ouço.

  • Que boato maldoso?

  • O que circula é que você tomou esporro do homem ontem. Que ele te encontrou vasculhando a mesa de outra pessoa. Eu disse ao pes­soal: "Escute, jornalismo investigativo é um negócio duro."

  • Obrigado, Andy.

  • É verdade?

  • Digamos que não é inteiramente verdade.

  • Huumm. Bem, é um novo método de desenvolvimento de car­reira, se quer minha opinião.

  • Ouça, Andy. Preciso de um favor. Preciso que me dê o número do correspondente do Times em Bancoc.

  • John Bishop? Todo mundo está no caso dele hoje, rapaz. O cara está esgotado.

  • Como assim?

  • Você não assistiu aos noticiários? A polícia está em todo o Brooklyn. Parece que os chapéus pretos tentaram matar um cara na Tailândia. É uma matéria de "Cidade". Walton está nela.

  • Walton?

Era só o que lhe faltava: mais alfinetadas do ladrão de matérias. Teria de falar com Bishop sem ele saber.

É. Sei que Walton tentou se livrar dessa matéria, sendo fim de semana e tudo mais. Parece que ele te indicou para a matéria: até o edi­tor lhe dizer que você estava, você sabe...



  • Estava o quê?

  • Você sabe, não estava disponível para trabalhar no momento.

  • É isso que andam dizendo?

  • Mais ou menos. Escute, WilL o que houve? Você está doente ou coisa assim? Fumou alguma erva braba?

Ele sabia que Andy tentava minimizar com gozação o peso de tudo aquilo, ressaltando, em particular, a suspeita de que o casado e batalhador Will Monroe fosse viciado em drogas. Mas isso não fez Will rir. Ao contrário, a brincadeira do amigo apenas confirmava seus piores temores: de que na verdade estava efetivamente suspenso do New York Times e se tornara o que temia: o assunto da redação, o tópico preferido nas conversas junto ao bebedouro. O fato de se tratar de uma questão trivial, que não era digna de ser considerada junto com suas outras preocupações, apenas enfatizava o desespero da situação em que Will se encontrava.

  • Não, Andy. Nada de erva, nenhuma droga, na verdade. Mas vejo agora como deve ser. Excelente. O máximo. Maravilhoso.

  • Lamento, cara. Posso fazer alguma coisa por você?

  • Sim, aquele número será uma imensa ajuda. Também o celular, se ele tiver um.

  • Pode deixar. E lembre-se, eles estão 12 horas na frente. São qua­se dez da noite agora.

Will não se deu nem um momento para digerir a conversa com Andy. Enquanto teclava os múltiplos dígitos para falar com Bancoc, imaginou como os estagiários e jovens repórteres do Times estariam ocu­pando o sistema de telefonia móvel nova-iorquino, informando uns aos outros sobre a ascensão e queda de Will Monroe naquele momento, mas só isso. Tentou esquecer o assunto — e concentrar-se no toque da cha­mada telefônica que estava fazendo agora.

  • Alô.

  • Alô, John? Aqui é Will Monroe, da editoria "Cidade". É uma hora imprópria?

  • Já estou de pé há 36 horas e prestes a enviar a matéria. Por que seria uma hora imprópria? Como posso ajudar?

  • Desculpe, vou tentar ser o mais breve possível. Sei que está tra­balhando em parceria com Terry Walton; portanto, não quero interfe­rir em nada que ele tenha feito...

  • Ahã.

  • Mas venho trabalhando numa outra matéria... Mais uma mentira, que Bishop poderia facilmente descobrir, mas como já esta­va enterrado até o pescoço, uns centímetros a mais não fariam gran­de diferença. Estou tentando descobrir mais sobre a vítima. O Sr. Sangsuk.

  • Sr. Samak. O nome dele era Samak Sangsuk. Na Tailândia, o sobrenome vem primeiro; você sabe, como Mao Tse-Tung. De qualquer modo, já enviei isso tudo. A "Internacional" vai ter.

Merda. Devia ter pedido a Andy para enviar tudo primeiro.

  • Eu sei e é tudo muito bom. São apenas algumas informações que recebi dos hassídicos aqui.

  • Ah, é? Isso é ótimo, Will. Que informações?

O tom mudara. A perspectiva de informação útil sempre melhora­va os modos dos jornalistas.

  • Sei que parece estranho, mas me pediram para examinar com atenção a biografia da vítima.

  • Apenas um sujeito rico. Empresário.

  • Bem, eu sei. Mas meu informante um ponto acima de "fon­te" e, portanto, muito mais atormentador sugere que se investigar­mos um pouco mais fundo, poderemos encontrar alguma coisa útil. E relevante.

  • Como, ele era trapaceiro? Corrupção é comum nesta cidade. Isso não seria algo inédito.

Agora Will teria de aproveitar a oportunidade.

  • Não, o que sei é o contrário. Me disseram que se examinásse­mos a fundo, encontraríamos algo muito singular sobre esse homem... e não me refiro a "extraordinariamente corrupto".

  • Bem, o que quer dizer? Que coisa "muito singular" vamos encontrar?

  • Não sei, John. Só estou transmitindo o que o hassídico me disse. "Procure alguma coisa singular, e ela explicará tudo." Foi o que o cara disse. Só queria lhe passar a dica.

  • São dez horas.

  • Eu sei. Mas talvez algum parente da vítima, do Sr. Samak... será que não estaria acordado? Talvez os amigos?

  • Tenho alguns números que posso tentar. Mandarei tudo que con­seguir para a "Internacional".

Despediram-se e Will respirou aliviado. Agora ocupava o tempo de correspondentes estrangeiros. Em uma semana estaria de volta ao Bergen Record. Se o aceitassem.

Telefonou para Andy, instruindo-o a enviar quaisquer arquivos de Bishop assim que chegassem. Não tinha a mínima idéia do que o ho­mem em Bancoc poderia descobrir.

  • Bem, obrigada pelo café-da-manhã.

  • Droga, desculpe. Fiquei ao telefone. — TC segurava um pedaço de papel. — Conseguiu?

Ela lhe mostrou. Dizia apenas qUarEnta.

  • Sim?

  • A princípio achei que era apenas um erro de digitação. Mas esse cara é muito cuidadoso e preciso. Tudo é calculado.

  • E?

  • E ele enfatizou duas letras: a segunda e a quinta. Comecei a falar em voz alta. Achei que talvez fosse "quarenta U-E", mas não faz sentido.

  • TC...

  • De qualquer modo, é muito mais simples. É quarenta, segunda e quinta. Ou, em outras palavras, a rua 42 com a Quinta Avenida.

  • É a biblioteca pública.

  • Exatamente, o que significa...

De repente, TC ficou tensa. Will olhou em volta. O pai tinha entra­do no quarto, usando calça e blusão de domingo.

  • Alguma novidade?

  • Sim, acabamos de receber outra mensagem de texto. Mandando-nos à biblioteca pública.

  • Esse homem está sugerindo que o encontre lá? Tome cuidado, William, por favor.

  • Não, ele não disse nada ainda. Só o endereço. Rua 42 com Quin­ta Avenida. É só o que temos.

Bem, me deixe ao menos dar uma carona até a estação. Ouviu-se outro zumbido. Outra mensagem.
Ouse ser um Daniel
Will mostrou-a ao pai e depois a TC.

Oh, acho que sei o que é essa — disse o pai, alguns segundos depois. — O que foi que Daniel fez?



  • Entrou na cova dos leões.

  • E a Biblioteca Pública de Nova York...

  • É guardada por dois leões. Claro. As estátuas.

  • Paciência e Coragem. Assim que são chamadas. Talvez seja o que ele esteja dizendo que você precisa.

  • Não, acho que é mais simples que isso — interrompeu TC. — Acho que diz apenas para ir à biblioteca. Ouse ser um Daniel, entre na cova dos leões. Só isso.


O telefone zumbiu mais uma vez.

  1. nova mensagem

Will atrapalhou-se para apertar os botões certos. Todos os três pres­tavam atenção e esperavam.
Prima domerins encontrado no pomar de frutas


  • Deus do céu. Que diabo é isso? Logo quando eu achava que es­távamos chegando a algum lugar.

  • É formulado como uma dica de palavras cruzadas. Ou talvez haja uma sala na biblioteca que tenha uma pintura de um pomar?

TC, o que você acha?

  • Seu pai tem razão. É uma chave de palavras cruzadas codifica­da. Mas não vejo bem...

  • Vamos — disse o Sr. Monroe, interrompendo-os. — Podem pe­gar o próximo trem se vocês se apressarem.

Assim que se instalaram no vagão, Will viu TC pôr mãos à obra. Roía as unhas, em seguida cruzava as pernas, antes de finalmente ro­çar a testa com o indicador direito repetidas vezes. Tomou emprestado o livrinho de anotações de Will e fez uma série de rabiscos na tentativa de quebrar o código — tentando escrever as palavras de trás para a frente e dividi-las em sílabas. Nada.

De vez em quando interrompia-se para retomar a conversa que estavam tendo desde o encontro inesperado deles na noite de sexta-feira. Os dois tentavam desatar o nó lógico de acontecimentos e a sucessão de enigmas que lhes haviam sido apresentados. Avançavam e recua­vam repetidas vezes, buscando decifrar quaisquer pistas que talvez ti­vessem passado despercebidas.

Por fim, ao passarem pela avenida Flatbush em Forest Hills, TC fez uma descoberta.

Funciona como uma dica para aquelas palavras cruzadas que eu fazia quando você comprava jornais britânicos. — Will teve uma fugaz lembrança dos dois em seu quarto no alojamento universitário, ociosos numa manhã de domingo. Quando diz "encontrado em", trata-se de uma indicação para anagrama. Como quando dizem "mis­turado em" ou "oculto em". Portanto, o pomar de frutas está de algum modo "contido em" prima domerins.



  • Nestas duas palavras?

  • É. Prima domerins é um anagrama. —- De quê?

De Pardes Rimonin. Quer dizer "jardim de romãs" em hebraico; um pomar de frutas. Ela sorria.

  • Muito bem, mas que diabo é isso?

  • Vamos descobrir em breve.

TRINTA E SETE
DOMINGO, 14H23, MANHATTAN
As estátuas Paciência e Coragem tinham o olhar voltado para o outro lado, como sempre. Visivelmente desinteressadas pelos volumes de saber ou pelas hordas que buscavam conhecimento caminhando em sua direção, elas mantinham a pose: sentinelas de pedra, silenciosas guardiãs da casa do saber.

Will sempre gostou daquele prédio. Como acontece com todos os jovens, a descoberta de seu próprio conservadorismo foi um choque. Mas logo depois de sua chegada aos Estados Unidos, descobriu que tinha uma grande afeição não, era mais que isso uma necessidade por prédios antigos. Era mais inglês do que se dera conta: precisava da solidez de paredes e pedras antigas. Tinha sido criado num país onde a aldeia mais insignificante se vangloriava de uma igreja de 600, 700 ou 800 anos quando não mais antiga. Quando vivia cercado por tudo isso, mal percebia. Mas agora, num país ainda em formação, a ausên­cia dessa solidez quase o fazia sentir-se nauseado, como se navegasse num barco instável.

Nova York era diferente. Como Boston e Filadélfia, tinha constru­ções antigas suficientes para tranqüilizá-lo. E a Biblioteca Pública era um exemplo perfeito, uma construção que parecia ter sido arrancada de Londres ou Oxford e transferida para a ilha de Manhattan.

Quando entravam no prédio, o telefone de Will vibrou mais uma vez. Uma mensagem:

3 vezes eu beijo a página.
Parecia óbvio que era a instrução final de que precisavam. Pardes Rimonin era o nome do livro, até aí TC descobrira. Dizia-lhes onde pro­curar, talvez até a página.

TC subiu correndo os dois lances de escada até a Divisão Judaica Dorot. Disse à bibliotecária o livro que desejava, ainda arfando.

Refere-se ao manuscrito de Pardes Rimonin de 1591? — Will e TC se entreolharam. Vocês sabem que se trata de um livro extrema­mente raro e precioso. Só a diretora da sala de leitura ou a vice são autorizadas a retirar essa obra. Poderiam voltar amanhã?



Eu realmente preciso desse livro já.

  • Receio que um livro como esse precise de permissão especial. Lamento muito.

  • Quem é aquela mulher ali? A que está tomando café? TC in­dicava com a cabeça um escritório nos fundos.

  • Aquela é a vice-diretora. É o intervalo de almoço dela.

  • Olá! Olá!

Will encolheu-se de vergonha. TC quase empurrara a bibliotecária para o lado e já se curvava sobre o balcão, gritando e acenando para atrair a atenção da vice-diretora — ali, na solene quietude de uma bi­blioteca. Os estudiosos às cinco mesas da sala de leitura esticavam o pescoço para ver o motivo de tanta comoção. Mesmo que fosse apenas para restaurar a ordem, a mulher no escritório dos fundos largou a caneca de café e se aproximou.

Funcionou. Ela pediu a TC que escrevesse seu nome e endereço no livro de visita, preenchesse um formulário e deixasse a identidade.

Ainda irritada, a mulher desapareceu para retirar o manuscrito de um armário lacrado dentro de uma sala trancada — vinte longos minutos durante os quais Will andou de um lado para o outro, examinando o rosto dos leitores de fim de semana à sua volta.

  • Aqui está — disse a mulher finalmente, parada ao lado da mesa em que ele e TC esperavam. Não lhes entregou o livro nem o pôs sobre a mesa. Em vez disso, apoiou-o em dois blocos de isopor que forma­vam um ângulo para que a lombada não se abrisse inteiramente. TC pegou o bloco e uma caneta.

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