No Brasil, as ideias neoliberais passaram a ter influência nas políticas
governamentais na década de 1990, inaugurando um novo padrão de
desenvolvimento capitalista. Este decorre de um conjunto de medidas
reestruturação das políticas sociais e a desregulamentação financeira e do
medidas favoráveis à flexibilização dos contratos de trabalho, dando maior
liberdade às empresas para determinar as condições de contratação, de
remuneração, de utilização e mesmo de demissão do trabalhador. Esse
processo atingiu os trabalhadores brasileiros de maneira contundente.
A legislação trabalhista brasileira assegura uma série de direitos: carteira de
trabalho assinada, exames médicos de admissão e demissão, repouso
semanal remunerado, salário pago até o quinto dia útil do mês, licença-
maternidade, aviso prévio de trinta dias (em caso de demissão), seguro-
desemprego, entre outros. Muitos direitos trabalhistas previstos na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) - como 13º salário, descanso
semanal remunerado, férias, salário-família e outros - se mantêm regulados
pelo Estado. A Justiça do Trabalho continua a regular e a fiscalizar as relações
de trabalho, embora certos direitos consagrados já sejam negociados entre
empregado e empregador, como é o caso da jornada de trabalho, da hora extra
e dos salários.
Sob influência do neoliberalismo, de crises econômicas e do índice de
desemprego, no entanto, os setores empresariais passaram a acusar o Estado
de "excesso de proteção ao trabalhador", entendendo isso como obstáculo
para novos negócios. Desse modo, em razão da pressão das empresas, na
última década do século passado e nas primeiras do século XXI, os governos
do Brasil e de outros países criaram medidas para adequar o trabalho à
produção flexível, alterando muitos direitos do trabalhador. Como consequência
da flexibilização das relações de trabalho, diminuiu a proteção social do
trabalhador e aumentaram a instabilidade e a insegurança no mercado de
trabalho, com alterações na previdência social, no auxílio-doença e em outros
benefícios. Exemplos de flexibilização são a modalidade de contratação por
prazo determinado e a adoção do sistema de compensação de horas extras
por meio de uma lei, de 1998, que permite que as horas trabalhadas fora do
expediente sejam computadas em um banco de horas para posterior
compensação.
LEGENDA: A carteira de trabalho é o documento em que fica registrado o
contrato formal de trabalho no Brasil. Foto de 2014.
FONTE: Paulo H. Carvalho/CB/DA Press
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