Pesquisa
Faça uma pesquisa em revistas, jornais e na internet sobre casos de
degradação ambiental no Brasil. Cite pelo menos três exemplos atuais,
relacionando os problemas causados e os atores sociais responsáveis por eles.
LEGENDA: Indústrias em Camaçari (BA), em foto de 2015.
FONTE: Corbis Corporation/Fotoarena
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Crise e impasses globais
Desenvolvimento e meio ambiente se encontram em uma relação recíproca,
pois as atividades econômicas transformam o meio, enquanto o ambiente
alterado constitui uma restrição externa ao desenvolvimento econômico. Com
isso, têm sido constantes as resistências dos governos em firmar acordos
globais. Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-
16) realizada em Copenhague, Dinamarca, em dezembro de 2009, os países
concordaram quanto aos efeitos da ação humana sobre o clima do planeta.
Porém, não chegaram a um acordo sobre quanto cada país deveria reduzir a
sua emissão de poluentes, pois muitos temiam prejuízos à atividade
econômica. Após sucessivas conferências, representantes de 195 países enfim
chegaram a um acordo em 2015, na COP-21, em Paris, França. Ainda assim,
grande parte dos movimentos ambientalistas considerou a meta estabelecida
modesta: impedir que o aumento médio da temperatura global ultrapasse 2 ºC
e reconhecer que os países em desenvolvimento precisarão de mais tempo
para se ajustar, bem como de auxílio tecnológico para isso.
O uso desigual de recursos e serviços ambientais gera reivindicações por
justiça ambiental em várias partes do mundo.
Atualmente, estudiosos e ativistas ambientais têm empregado novos termos
para definir as consequências específicas da desigualdade. O chamado
"racismo ambiental" ocorre quando populações socialmente desprivilegiadas,
em especial as não brancas, são afetadas desproporcionalmente por
mudanças ambientais. Essas populações sentem os impactos duplamente: por
um lado, quando têm seus modos de vida e sua cultura ameaçados; por outro,
quando vivem em áreas mais expostas à degradação ambiental e com
condições materiais menos favoráveis. Exemplos do primeiro caso são a
constante ameaça de contaminação de terras indígenas por agrotóxicos ou
substâncias usadas no garimpo em áreas próximas, ou a redução na
disponibilidade de peixes para a pesca tradicional após a instalação de um
grande porto em uma região. No segundo caso, é emblemática a instalação de
aterros sanitários nas periferias das grandes cidades, afetando uma população
que em geral não dispõe de recursos para morar em outra região.
Outra variação desse processo é o "dumping ecológico", ou seja, a instalação
de filiais de empresas poluidoras de países desenvolvidos em outros nos quais
as leis ambientais são menos rígidas. Outros termos aplicados a esses efeitos
são: "dívida ecológica" (quando há requisição de
LEGENDA: Charge do artista Angeli, de 2005, retratando uma atitude
recorrente em meio a alguns administradores públicos.
FONTE: © Angeli/Folha de S.Paulo, 2005
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indenização de países ricos sobre as emissões excessivas de dióxido de
carbono), "invasões ecológicas" (termo aplicado a povos que dependem de
recursos de outros territórios) ou ainda "ambientalismo da pobreza" (referente a
conflitos sociais com conteúdo ecológico, principalmente nas zonas rurais).
LEGENDA: Atualmente o lixo produzido nas grandes cidades é enviado para
longas distâncias até ser descartado, às vezes nas proximidades de
residências de famílias de baixa renda. Na imagem, moradia em lixão em
Curitiba (PR). Foto de 2013.
FONTE: Zig Koch/Pulsar Imagens
Grande parte dos recursos naturais, considerados bens comuns do ponto de
vista ecológico, é limitada e não renovável. Ao fazer uso indiscriminado desses
recursos em suas estratégias de desenvolvimento, a sociedade industrial
desconsidera o fato de que eles podem não estar disponíveis em um futuro
próximo, destaca a cientista política Elinor Ostrom (1933-2012).
O problema, contudo, não está apenas no consumo de fontes de energia e nos
modos de exploração das matérias -primas, porque a produção industrial
precisa também de locais de despejo para os rejeitos. Problemas de longo
prazo, como a contaminação de terrenos e lençóis freáticos por esses rejeitos,
apresentam-se como uma ameaça ao meio ambiente, dada a lenta capacidade
de recomposição dos ecossistemas. Assim, alguns cientistas identificam uma
vagarosa, mas persistente, crise civilizatória: a percepção dos danos à
humanidade começou muito tarde para reverter esse processo.
Crise significa transição, indeterminação quanto aos processos sociais em
diferentes contextos históricos. Para Boaventura de Sousa Santos (1940-), a
crise na sociedade contemporânea se coloca por não termos soluções
modernas para os problemas modernos.
LEGENDA: Madeira apreendida em dezembro de 2011 por operação conjunta
de órgãos do governo em serraria ilegal na cidade de Trairão, no oeste do
Pará. As tábuas foram obtidas de madeira extraída ilegalmente da floresta
Amazônica.
FONTE: Lunae Parracho/Agência France-Presse
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