Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Principais características dos movimentos sociais



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Principais características dos movimentos sociais


·   Voltam-se   para   as   transformações   das   condições   econômicas,   sociais   e

políticas   da   sociedade,   visando   principalmente   situações   de   necessidade

social.

· São capazes de ação coletiva, ou seja, desencadeiam grandes mobilizações

por   necessidades   sociais   comuns,   como   moradias,   escolas,   centros

hospitalares, postos de saúde, estradas, saneamento, entre outras coisas.

· Dispõem de componentes ideológicos, visões de mundo que os inspiram e se

desenvolvem por meio deles. Baseiam-se em valores, na consciência social

sobre determinadas situações e na crença de ser possível modificá-las.

· São capazes de somar forças sociais, como a opinião pública, os meios de

comunicação, instituições locais e internacionais.

· Dependem de uma organização para sua formação e desenvolvimento.

·   Embora   não   pretendam   conquistar   o   poder   do   Estado,   procuram   tornar

públicas   suas   reivindicações  em   manifestações.   Esse  aspecto   político   pode

levar a um confronto com as autoridades de Estado e também com forças de

segurança privada, dependendo dos objetivos e métodos de manifestação.

· Em geral, declaram-se apartidários e laicos, evitando sua utilização para fins

político-partidários ou religiosos.

· Muitas vezes, dão destaque à figura de suas lideranças. Um exemplo é o

movimento   negro   nos   Estados   Unidos   durante   a   década   de   1960,   sob   a

liderança   de   Martin   Luther   King   (1929-1968),   responsável   por   mobilizar

comunidades negras no sul do país na luta pelos direitos civis.

· Agem por meio de redes de movimentos. Essas redes articulam vários atores

sociais e podem se caracterizar: pelo pluralismo organizacional e ideológico,

como   no   caso   dos   movimentos   pacificistas;   por   componentes   de

transnacionalidade,   como   os   de   defesa   dos   direitos   humanos   e   do   meio

ambiente;   pela   atuação   em   diferentes   campos,   como   os   movimentos   de

combate   à   síndrome   da   imunodeficiência   adquirida   (Aids),   que   acionam   as

dimensões de saúde pública, cultural e política da sociedade.

· Estabelecem novos canais de comunicação dos indivíduos com a sociedade e

o Estado.



· São históricos e sujeitos a mudanças; por isso, as mudanças sociais também

os transformam.

· Implicam a formação de uma identidade cultural, ou seja, de algo comum a

todos os seus integrantes.

Fim do complemento.

A questão da identidade

Os estudos sociológicos vêm encontrando nos movimentos sociais o papel de

formar identidades dos atores na sociedade. Quando falamos em identidade,

nesse contexto, nos referimos ao processo no qual um ator social se reconhece

e constrói uma referência de ação com base em algum atributo cultural ou

conjunto   de   valores.   Identidades   resultam   de   situações   de   confronto   e

comparações com o outro, pois, na maioria das vezes, não é possível integrar

ou articular visando à ação sem antes diferenciar e distinguir. Nós também,

enquanto   indivíduos,   firmamos   nossa   identidade   em   comparação   com   o(s)

outro(s).

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Portanto, a construção da identidade no interior de um movimento social se

deve tanto à identificação de seus participantes com uma mesma causa como

à   sua   resistência   à   lógica   da   dominação,   com   o   objetivo   de   redefinir   sua

posição na sociedade. Um exemplo é o caso do movimento feminista e pelos

direitos da mulher, que combateu e combate o machismo, o patriarcalismo e

suas estruturas de produção e reprodução sociais.

Autores da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política caracterizaram os

movimentos sociais como sujeitos coletivos por sua capacidade de elaborar

uma identidade com a causa que defendem, criando interesse por parte dos

indivíduos   que   a   ela   se   dedicam.   Na   luta   e   confronto   constantes,   eles

organizam   práticas   coletivas.   Atualmente,   os   movimentos   sociais   valem-se

muitas vezes das tecnologias da informação e agem em rede, aproximando

suas reivindicações e fortalecendo-as. Cada vez mais as redes sociais têm sido

utilizadas   como   forma   de   comunicação   rápida   para   informar   e   chamar   os

indivíduos para participar.




É   comum   que   os   movimentos   sociais   vivenciem   situações   de   conflito,

caracterizadas pelo enfrentamento decorrente de posições, ideias, interesses

que   divergem   da   ordem   estabelecida.   Na   sociedade   contemporânea   esses

enfrentamentos ocorrem, sobretudo, em áreas marcadas pela segregação com

base   na   identidade,   como   nos   conflitos   que   envolvem   migrantes   ou

relacionados a povos sem território.

O sociólogo francês Alain Touraine explica os movimentos sociais como uma

combinação de princípios de identidade, oposição e totalidade em relação à

luta que desencadeiam. Vejamos sua explanação no quadro a seguir, usando

como exemplo o movimento argentino das mães e avós da Praça de Maio e os

movimentos operários do início do século XX.

LEGENDA: Marcha Mundial das Mulheres realizada na cidade de Bruxelas, na

Bélgica, em 2016.

FONTE: Virginie Lefour/Agência France-Presse

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