· Voltam-se para as transformações das condições econômicas, sociais e
políticas da sociedade, visando principalmente situações de necessidade
social.
· São capazes de ação coletiva, ou seja, desencadeiam grandes mobilizações
por necessidades sociais comuns, como moradias, escolas, centros
hospitalares, postos de saúde, estradas, saneamento, entre outras coisas.
· Dispõem de componentes ideológicos, visões de mundo que os inspiram e se
desenvolvem por meio deles. Baseiam-se em valores, na consciência social
sobre determinadas situações e na crença de ser possível modificá-las.
· São capazes de somar forças sociais, como a opinião pública, os meios de
comunicação, instituições locais e internacionais.
· Dependem de uma organização para sua formação e desenvolvimento.
· Embora não pretendam conquistar o poder do Estado, procuram tornar
públicas suas reivindicações em manifestações. Esse aspecto político pode
levar a um confronto com as autoridades de Estado e também com forças de
segurança privada, dependendo dos objetivos e métodos de manifestação.
· Em geral, declaram-se apartidários e laicos, evitando sua utilização para fins
político-partidários ou religiosos.
· Muitas vezes, dão destaque à figura de suas lideranças. Um exemplo é o
movimento negro nos Estados Unidos durante a década de 1960, sob a
liderança de Martin Luther King (1929-1968), responsável por mobilizar
comunidades negras no sul do país na luta pelos direitos civis.
· Agem por meio de redes de movimentos. Essas redes articulam vários atores
sociais e podem se caracterizar: pelo pluralismo organizacional e ideológico,
como no caso dos movimentos pacificistas; por componentes de
transnacionalidade, como os de defesa dos direitos humanos e do meio
ambiente; pela atuação em diferentes campos, como os movimentos de
combate à síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), que acionam as
dimensões de saúde pública, cultural e política da sociedade.
· Estabelecem novos canais de comunicação dos indivíduos com a sociedade e
o Estado.
· São históricos e sujeitos a mudanças; por isso, as mudanças sociais também
os transformam.
· Implicam a formação de uma identidade cultural, ou seja, de algo comum a
todos os seus integrantes.
Fim do complemento.
A questão da identidade
Os estudos sociológicos vêm encontrando nos movimentos sociais o papel de
formar identidades dos atores na sociedade. Quando falamos em identidade,
nesse contexto, nos referimos ao processo no qual um ator social se reconhece
e constrói uma referência de ação com base em algum atributo cultural ou
conjunto de valores. Identidades resultam de situações de confronto e
comparações com o outro, pois, na maioria das vezes, não é possível integrar
ou articular visando à ação sem antes diferenciar e distinguir. Nós também,
enquanto indivíduos, firmamos nossa identidade em comparação com o(s)
outro(s).
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Portanto, a construção da identidade no interior de um movimento social se
deve tanto à identificação de seus participantes com uma mesma causa como
à sua resistência à lógica da dominação, com o objetivo de redefinir sua
posição na sociedade. Um exemplo é o caso do movimento feminista e pelos
direitos da mulher, que combateu e combate o machismo, o patriarcalismo e
suas estruturas de produção e reprodução sociais.
Autores da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política caracterizaram os
movimentos sociais como sujeitos coletivos por sua capacidade de elaborar
uma identidade com a causa que defendem, criando interesse por parte dos
indivíduos que a ela se dedicam. Na luta e confronto constantes, eles
organizam práticas coletivas. Atualmente, os movimentos sociais valem-se
muitas vezes das tecnologias da informação e agem em rede, aproximando
suas reivindicações e fortalecendo-as. Cada vez mais as redes sociais têm sido
utilizadas como forma de comunicação rápida para informar e chamar os
indivíduos para participar.
É comum que os movimentos sociais vivenciem situações de conflito,
caracterizadas pelo enfrentamento decorrente de posições, ideias, interesses
que divergem da ordem estabelecida. Na sociedade contemporânea esses
enfrentamentos ocorrem, sobretudo, em áreas marcadas pela segregação com
base na identidade, como nos conflitos que envolvem migrantes ou
relacionados a povos sem território.
O sociólogo francês Alain Touraine explica os movimentos sociais como uma
combinação de princípios de identidade, oposição e totalidade em relação à
luta que desencadeiam. Vejamos sua explanação no quadro a seguir, usando
como exemplo o movimento argentino das mães e avós da Praça de Maio e os
movimentos operários do início do século XX.
LEGENDA: Marcha Mundial das Mulheres realizada na cidade de Bruxelas, na
Bélgica, em 2016.
FONTE: Virginie Lefour/Agência France-Presse
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