Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Na  sociedade capitalista, por  sua vez, o  principal definidor  da posição  do

indivíduo na estrutura social é a propriedade dos meios de produção - ou seja,

se   ele   possui   ou   não   a   terra,   a   fábrica,   o   banco,   os   equipamentos,   os

instrumentos de trabalho, etc. Essa é a interpretação do filósofo alemão Karl

Marx   (1818-   -1883)   assentada   na   noção   de   classes   sociais   como   grandes

agrupamentos   de   interesses   sociais   contrários   um   ao   outro.   Assim,   a

sociedade capitalista estaria dividida em duas classes sociais fundamentais: a

daqueles que são os proprietários dos meios materiais (os burgueses, donos

do   capital)   e   a   dos   que   possuem   apenas   sua   força   de   trabalho   (os

trabalhadores).

Na sociedade capitalista, a maioria dos indivíduos vende sua força de trabalho,

sujeitando-se   ao  capital  -   este   pode   ser   produtivo   (ligado   às   indústrias   de

transformação   e   extração,   à   agricultura   ou   à   pecuária),   financeiro   (bancos,




seguradoras, etc.) ou em serviços (comunicação, comércio, transportes, entre

outros). O capital é, assim, mais que dinheiro ou bens acumulados, mais que

as ferramentas e equipamentos de trabalho. Para Marx, o capital resulta das

relações sociais desiguais no processo de divisão da riqueza produzida. Sua

característica mais importante é que ele sempre pode ser convertido em mais

capital.


Houve   pensadores   que   mencionaram   outras   variáveis   além   dos   aspectos

econômicos   para   apreender   como   se   compõe   a   estrutura   da   sociedade.   O

sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) afirmava que a posição social do

indivíduo   se   deve   a   três   fatores,   que   poderiam   estar   sobrepostos   ou   se

apresentar de modo variado: o status, decorrente da honra e do prestígio (ou

seja, do valor simbólico que a sociedade dá a um grupo ou indivíduo); a riqueza

(a renda econômica e as posses); e o poder político em relação ao restante da

sociedade. Nem sempre os indivíduos ou grupos detêm posições privilegiadas

nesses três aspectos simultaneamente.

Para Weber, as classes são posições no mercado, pois, segundo ele, "o fator

que cria 'classe' é um interesse econômico claro" - por exemplo, comercializar

algo   para   auferir   renda   ou   exercer   uma   função   burocrática   na   estrutura   do

Estado.   Uma   "situação   de   classe"   é   gerada   quando   um   grupo   de   pessoas

possui condições comuns com relação à possibilidade (ou não) de dispor de

bens materiais (comprar, vender, doar, perder bens móveis, como aparelhos

eletrônicos, e bens imóveis, como uma casa).

Vamos   nos   deter   no   pensamento   social   de   Marx   e   de   Weber   fazendo   o

contraste entre as visões de cada um desses pensadores sobre o fenômeno

das classes sociais.

Marx   tratou   as   classes   como   um   aspecto   não   apenas   econômico,   embora

determinado pelas condições de produção de vida material. O conflito entre

elas (luta de classes) é uma série de choques de interesses materiais entre

proprietários   e   não   proprietários   dos   meios   de   produção.   Para   Marx,   o

agrupamento que tem a mesma relação com os meios de produção muitas

vezes   só   pode   ser   corretamente   chamado   "classe"   quando   os   interesses

compartilhados geram consciência e ação. Com essa ênfase, Marx acentuava




um caráter diretamente político para a classe, a qual se torna um agente social

importante quando assume um foco para a ação coletiva.

Weber percebeu que as divisões de interesse econômico que criam classes

nem   sempre   correspondem   a   sentimentos   de   identidade   e   posições

compartilhadas   ou   prestígio   equivalente   na   estrutura   social.   Assim,   a

diferenciação   pelo  status  ocorre   em   uma   dimensão   subjetiva,   separada   da

classe,   e   varia   de   forma   independente.   É   um   fenômeno   da  estratificação


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