se ele possui ou não a terra, a fábrica, o banco, os equipamentos, os
Marx (1818- -1883) assentada na noção de classes sociais como grandes
agrupamentos de interesses sociais contrários um ao outro. Assim, a
do capital) e a dos que possuem apenas sua força de trabalho (os
transformação e extração, à agricultura ou à pecuária), financeiro (bancos,
seguradoras, etc.) ou em serviços (comunicação, comércio, transportes, entre
outros). O capital é, assim, mais que dinheiro ou bens acumulados, mais que
as ferramentas e equipamentos de trabalho. Para Marx, o capital resulta das
relações sociais desiguais no processo de divisão da riqueza produzida. Sua
característica mais importante é que ele sempre pode ser convertido em mais
capital.
Houve pensadores que mencionaram outras variáveis além dos aspectos
econômicos para apreender como se compõe a estrutura da sociedade. O
sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) afirmava que a posição social do
indivíduo se deve a três fatores, que poderiam estar sobrepostos ou se
apresentar de modo variado: o status, decorrente da honra e do prestígio (ou
seja, do valor simbólico que a sociedade dá a um grupo ou indivíduo); a riqueza
(a renda econômica e as posses); e o poder político em relação ao restante da
sociedade. Nem sempre os indivíduos ou grupos detêm posições privilegiadas
nesses três aspectos simultaneamente.
Para Weber, as classes são posições no mercado, pois, segundo ele, "o fator
que cria 'classe' é um interesse econômico claro" - por exemplo, comercializar
algo para auferir renda ou exercer uma função burocrática na estrutura do
Estado. Uma "situação de classe" é gerada quando um grupo de pessoas
possui condições comuns com relação à possibilidade (ou não) de dispor de
bens materiais (comprar, vender, doar, perder bens móveis, como aparelhos
eletrônicos, e bens imóveis, como uma casa).
Vamos nos deter no pensamento social de Marx e de Weber fazendo o
contraste entre as visões de cada um desses pensadores sobre o fenômeno
das classes sociais.
Marx tratou as classes como um aspecto não apenas econômico, embora
determinado pelas condições de produção de vida material. O conflito entre
elas (luta de classes) é uma série de choques de interesses materiais entre
proprietários e não proprietários dos meios de produção. Para Marx, o
agrupamento que tem a mesma relação com os meios de produção muitas
vezes só pode ser corretamente chamado "classe" quando os interesses
compartilhados geram consciência e ação. Com essa ênfase, Marx acentuava
um caráter diretamente político para a classe, a qual se torna um agente social
importante quando assume um foco para a ação coletiva.
Weber percebeu que as divisões de interesse econômico que criam classes
nem sempre correspondem a sentimentos de identidade e posições
compartilhadas ou prestígio equivalente na estrutura social. Assim, a
diferenciação pelo status ocorre em uma dimensão subjetiva, separada da
classe, e varia de forma independente. É um fenômeno da estratificação
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