1 fronteiras da Globalização 1



Yüklə 2,25 Mb.
səhifə37/44
tarix25.07.2018
ölçüsü2,25 Mb.
#58236
1   ...   33   34   35   36   37   38   39   40   ...   44

303

Visão interdisciplinar

História - acompanhamento do desenvolvimento da ciência cartográfica em sua trajetória histórica.

Matemática e Física - fundamentos dessas disciplinas para conceito e aplicação de atividades que envolvem escala e projeções: cálculos para a transferência.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e interpretação da linguagem cartográfica; leitura e elaboração de textos sobre o assunto e análise da leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Arte e Informática - leitura e interpretação de mapas, gráficos e perfis topográficos.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

Unidade 3 - Litosfera e relevo terrestre

Conteúdo conceitual

- Capítulo 6 - Litosfera: evolução geológica da Terra

- Capítulo 7 - A Terra: estrutura geológica e formas de relevo

- Capítulo 8 - Agentes formadores e modeladores do relevo terrestre

- Capítulo 9 - Erosão e contaminação dos solos

Habilidades específicas

- Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

- Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.

- Entender o meio ambiente como um patrimônio que deve ser usufruído com responsabilidade pela humanidade.

- Saber usar escalas diferentes de tempo para descrever as transformações sofridas pela Terra (tempo geológico) e o ritmo das atividades humanas.

- Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.

- Analisar criticamente conflitos ambientais atuais no espaço geográfico.

- Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.

Visão interdisciplinar

Química e Física - fundamentos dos fenômenos físicos e químicos envolvidos no estudo da litosfera e de seus agentes modeladores.

História e Sociologia - distinção entre linha de tempo geológica e linha de tempo histórica; análise das relações entre sociedade e meio ambiente em diferentes épocas e locais do mundo.

Biologia - estudo dos microrganismos na formação dos solos; efeitos da poluição dos solos para o organismo humano e para os seres vivos de modo geral.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e elaboração de textos sobre o assunto e leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

Unidade 4 - A atmosfera e as mudanças climáticas

Conteúdo conceitual

- Capítulo 10 - O tempo meteorológico e os elementos do clima

- Capítulo 11 - Fatores do clima e tipos climáticos

- Capítulo 12 - A poluição do ar atmosférico e as mudanças climáticas

Habilidades específicas

- Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

- Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.

- Entender o meio ambiente como um patrimônio que deve ser usufruído com responsabilidade pela humanidade.

- Compreender e aplicar em seu cotidiano as noções básicas de clima e tempo.

- Ler e interpretar gráficos (climogramas) que permitam reconhecer diferentes tipos de clima.



304

Visão interdisciplinar

Física e Química - fundamentos dos fenômenos físicos e químicos envolvidos no estudo dos elementos e fatores do clima.

História - estudo das grandes descobertas e dos grandes cientistas que possibilitam o desenvolvimento das pesquisas e previsões meteorológicas.

Biologia - efeitos da poluição atmosférica nos ecossistemas e nos seres humanos.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e elaboração de textos sobre o assunto e análise da leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

Unidade 5 - Hidrosfera e biosfera

Conteúdo conceitual

- Capítulo 13 - Hidrosfera: o planeta pede água

- Capítulo 14 - Biosfera: a esfera da vida

Habilidades específicas

- Entender o meio ambiente como um patrimônio que deve ser usufruído com responsabilidade pela humanidade.

- Localizar e identificar os diversos tipos de bioma, por meio das coordenadas geográficas, e relacioná-los com os diferentes tipos de clima.

- Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.

- Compreender as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.

- Analisar criticamente conflitos ambientais atuais no espaço geográfico.

- Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.

Visão interdisciplinar

Física e Química - fundamentos de fenômenos físicos e químicos envolvidos no estudo da hidrosfera e da biosfera.

História - estudo das grandes civilizações que se desenvolveram às margens de grandes vias fluviais ou em áreas litorâneas.

Biologia - efeitos da poluição das águas para os ecossistemas e para os seres humanos; compreender o funcionamento e a importância da conservação da biosfera.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e elaboração de textos sobre o assunto e análise da leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

Unidade 6 - A população mundial e a transformação do espaço

Conteúdo conceitual

- Capítulo 15 - A população da Terra

- Capítulo 16 - Migrações: diversidade e desigualdade

- Capítulo 17 - A urbanização mundial

- Capítulo 18 - Desenvolvimento sustentável: um desafio global

Habilidades específicas

- Reconhecer as transformações tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

- Entender o meio ambiente como um patrimônio que deve ser usufruído com responsabilidade pela humanidade.

- Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

- Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

- Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos geográficos e históricos.

- Ler e interpretar gráficos e tabelas que permitam a análise das características da população mundial.

Visão interdisciplinar

História - análise de aspectos histórico-geográficos das relações entre sociedade e natureza.

Sociologia - compreensão e análise da organização e das leis que regem as sociedades.



305

Biologia - compreensão e análise de assuntos como longevidade, saneamento básico e as principais enfermidades que ameaçam a população mundial.

Arte e Informática - leitura, interpretação e construção de gráficos com dados sobre população.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e elaboração de textos sobre o assunto e análise da leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

Unidade 7 - População e território: o Estado-Nação

Conteúdo conceitual

- Capítulo 19 - O Estado-Nação: fronteiras, território e territorialidade

- Capítulo 20 - Um mundo em conflito

- Capítulo 21 - Oriente Médio: rica região sem paz

Habilidades específicas

- Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas em escala local, regional ou mundial.

- Identificar e analisar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.

- Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

- Compreender e analisar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da História.

- Identificar e analisar diversidades culturais e econômicas dos diferentes povos e os conflitos delas decorrentes.

- Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem socioeconômica.

Visão interdisciplinar

História - estudo das origens do Estado-Nação, bem como da evolução histórica que resultou nos conflitos existentes no mundo atual.

Sociologia - compreensão e análise da organização e das leis que regem as sociedades.

Arte e Informática - elaboração de mapas para localizar as disputas estudadas no espaço geográfico.

Língua Portuguesa e Literatura - leitura e elaboração de textos sobre o assunto e análise da leitura de livros sugeridos para essa Unidade.

Língua estrangeira - utilização de texto sobre o assunto estudado e apoio em pesquisas de site em língua estrangeira.

2. Para o professor se atualizar e refletir: textos de leitura



TEXTO 1

O problema do Bullying e o Programa de Combate à Violência Sistêmica

A sociedade brasileira, em se tratando de Bullying, demonstra como senso comum - ou seja, o modo de pensar da maioria das pessoas -, noções superficialmente admitidas sobre o fenômeno, com tamanha incapacidade de questionamento ou reflexão, quanto aos seus significados, suas consequências negativas, as atitudes covardes dos opressores, o silêncio dos oprimidos, a conivência dos espectadores, e, sobretudo, o que é previsto na legislação vigente.

Descrevo isso, com certa indignação, pois embora o tema seja, constantemente, discutido nos mais diversos meios de comunicação, a sociedade continua demonstrando certa ignorância no que concerne ao conhecimento sobre o fenômeno. Há quem diga ser um assunto ultrapassado e, outros, que tem gente que sente prazer ao sofrer Bullying.

Porém, a ignorância demonstrada por uma sociedade - ligada ou não à omissão - faz com que a maldade do agressor/intimidador evolua, continuamente, sobre a sua vítima e, da mesma forma que as ações impostas pelo Bullying vão aumentando, o sofrimento da vítima cresce na mesma proporção - não espere que uma vítima de Bullying venha lhe falar que está sofrendo, porque se isso acontecer, o fenômeno é descaracterizado.

Nesse contexto, a questão a ser esclarecida é muito mais complexa do que brincadeiras diárias entre crianças ou adolescentes, no ambiente escolar, pois, a problemática enfrentada por alunos, pais e professores emerge quando, involuntariamente, a vítima toma para si as agressões impostas pelo Bullying, permitindo-se sofrer em um ponto muito específico do ser humano, chamado alma1.

1. Alma, no grego - psique - traduzida como a parte interna do ser humano, que é invisível; no hebraico - nephesh - sede das emoções produzidas mentalmente e ligadas ao coração, como alegria, tristeza, prazer e raiva, por exemplo.



306

A dor na alma de uma vítima de Bullying é devastadora, podendo ser percebida pelo declínio do seu rendimento escolar, isolamento e ausência às aulas, explicada pelo fato de o seu agressor/intimidador estudar, na maioria das vezes, em sua sala de aula. Segundo a literatura acadêmica, existem relatos de vítimas que passaram a acreditar serem merecedoras de tamanha covardia diária, tendo seus sonhos e planos futuros ceifados, pois abandonaram a escola, contribuindo para o aumento das estatísticas de evasão escolar - tão temida por profissionais da área educacional.

Por muitas gerações, as vítimas de Bullying sofreram caladas e sem recursos para se defender. Aliás, quanto mais informação eu adquiro, mais indignada fico, porque o Bullying é antigo e, até hoje, a sua prática está presente em salas de aula de todo o mundo, por ignorância ou omissão de uma parcela significativa dos profissionais da área educacional, pais e membros da sociedade e por conivência dos espectadores - colegas de sala que assistem e não ajudam a vítima.

O meu intuito não é causar celeuma, tampouco apontar culpados e, sim, demonstrar aos profissionais da educação, pais e alunos que, com boa vontade, o Bullying pode ser prevenido, minimizado e combatido, a partir da instrução e conscientização, pois creio que o conhecimento liberta a vítima do cárcere imposto sobre a sua alma dolorida e transforma a sociedade.

Sinceramente, eu tenho fé de que os traumas passados pelas gerações de outrora estão prestes a serem superados, pois segundo o que está previsto na legislação brasileira, a partir do ano 2016, entrará em vigor a lei nº 13.185, estabelecendo o Programa de Combate à Violência Sistêmica (Bullying), a ser aplicado em todo o território nacional.

Teoricamente, o Programa tem por objetivo, quando possível, evitar a punição dos agressores/intimidadores, a partir da conscientização quanto as suas responsabilidades, promovendo uma mudança no modo de pensar e agir daqueles que apresentam comportamentos hostis, em lugares frequentáveis, como, por exemplo, escolas, clubes e agremiações recreativas.

Porém, quando todos os recursos oferecidos pelo Programa de Combate à Violência Sistêmica forem esgotados e já não tiver mais sentido adiar a punição, em minha opinião, deve-se aplicar o que está previsto no Projeto de Lei 1.494, aprovado em 2012 e, que para efeito da lei, criminaliza o Bullying - tratado aqui por Intimidação Vexatória.

Para se ter ideia, para quem praticar Bullying, contra uma vítima indefesa, a pena mínima (se maior de idade) pode ser de dois anos e, a máxima, de trinta anos, conforme o que é descrito na lei. Se for praticado o Bullying por menor de idade, quem responde são seus responsáveis e se o crime ocorrer em ambiente escolar, a pena é aumentada da metade, incorrendo as mesmas penas sobre diretor da escola - outrora ignorante ou omisso -, que deixar de tomar as providências cabíveis, no que lhe cabe, e se a vítima for deficiente físico ou mental, menor de quatorze anos ou o crime ocorrer explicitando preconceito de raça, cor, religião, procedência nacional, gênero, orientação sexual ou aparência física a pena é aplicada em dobro.

Acredito que o Programa de Combate à Violência Sistêmica e a lei que criminaliza a Intimidação Vexatória são avanços significativos para conscientização de uma sociedade - que se comporta como omissa, conivente e ignorante quando o assunto é Bullying -, pois amparam legalmente as ações de combate ao fenômeno, obrigando instituições frequentáveis - como escolas, por exemplo - a oferecerem capacitação profissional a seus funcionários, tornando-os preparados para a implementação de ações que objetivam a solução do problema, promovendo campanhas de educação, conscientização e informação, sobretudo, na orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas (oprimidas) e seus agressores (opressores).

Quanto à omissão por parte das instituições frequentáveis, não existem mais desculpas à ignorância frente aos casos de Bullying, pois a partir do Programa de Combate à Violência Sistêmica, é dever destas instituições assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate à violência e à intimidação sistemática, bem como fornecer assistências jurídica, psicológicas e social aos atores sociais envolvidos em casos de Bullying.

Portanto, sugiro aos pais, alunos, professores e demais profissionais envolvidos com a área educacional, incluindo clubes e agremiações, que fiquem atentos e esgotem todas as formas de diálogos entre famílias e instituições, buscando juntas a resolução, ou pelo menos a minimização, de possíveis casos de Bullying, pois alunos que sofrem deste mal, na infância ou adolescência, necessitam de solução imediata para findar o sofrimento de sua alma imposto pelo fenômeno e, caso a solução não aconteça, procurem a justiça.

BARBIERI, Juliana M. O. Professora na rede pública do estado de São Paulo e no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps).



TEXTO 2

O começo da transição

Acordo em Paris sobre mudanças climáticas prevê compromisso global para limitar aumento da temperatura e mira uma economia de baixo carbono



Na manhã de sábado, dia 12 de dezembro [de 2015], representantes de 195 nações reunidos na 21ª Conferência do Clima (COP-21) aprovaram na capital da França um acordo histórico em que se comprometem a adotar medidas para combater as mudanças climáticas. O Acordo de Paris estabelece um esforço internacional para assegurar que o aumento da temperatura global não supere os 2 graus Celsius (°C), em comparação aos níveis pré-industriais, com a ambição de que fique abaixo do 1,5 °C, patamar capaz de reduzir os riscos e impactos das mudanças climáticas.

307


Também prevê que os países ricos destinarão US$ 100 bilhões por ano em ajuda aos países pobres. Se tiver êxito, na segunda metade deste século o planeta terá reduzido o uso de combustíveis fósseis e as emissões remanescentes serão compensadas pela absorção de CO2 por reflorestamento e por técnicas capazes de capturar o gás da atmosfera e armazená-lo. "O Acordo de Paris é um triunfo para as pessoas, para o meio ambiente e para o multilateralismo. É um seguro de saúde para o planeta", afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, comemorando o pioneirismo de um pacto climático que envolve grande número de países.

Os países se obrigam a apresentar metas, que estão sujeitas a revisões periódicas, e a comunicar o que estão fazendo para atingi-las. Serão cobrados pela opinião pública e pelas entidades ambientalistas se não cumprirem o que prometeram, mas, caso isso aconteça, não sofrerão penalidades. As obrigações geradas pelo acordo estão relacionadas a esse processo de comunicação e revisão, não à execução das metas. Nesse sentido, o Acordo de Paris produz uma vinculação mais fraca do que o Protocolo de Kyoto, que determinava patamares legalmente obrigatórios de cortes de emissões de gases estufa. O formato do Acordo de Paris resultou do aprendizado com o fracasso de Kyoto, que, assinado em 1997, jamais foi ratificado pelo Congresso dos Estados Unidos e não conseguiu evitar que a China, a despeito da pressão internacional, utilizasse crescentemente o carvão como matriz energética até se tornar o principal país emissor de gases de efeito estufa do planeta.

Em Paris, os países levaram metas quantitativas voluntárias e unilaterais de redução de emissões até 2025 ou 2030, as "pretendidas contribuições nacionalmente determinadas" (que ganharam a sigla INDCs). "Cada país teve de se colocar e apresentar seus compromissos", diz Gilberto Câmara, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, que esteve em Paris durante a conferência.

As metas voluntárias têm menos força do que protocolos vinculantes, mas os INDCs foram construídos sobre bases realistas. No caso do Brasil, basearam-se na redução do ritmo de desmatamento na Amazônia observado nos últimos anos e na recomposição das florestas prevista no Código Florestal. O Brasil espera que em 2030 possa zerar as emissões decorrentes de desmatamento. Estados Unidos e China, por sua vez, já haviam assinado um acordo em 2014 que prevê o corte de emissões. "O que houve foi um amadurecimento das políticas internas dos países em relação ao aquecimento global", escreveu o físico José Goldemberg, presidente da FAPESP, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo. "Os que achavam que o campo de batalha seriam as conferências do clima, nas quais se reúnem os chefes de Estado e as decisões são tomadas, perceberam que a verdadeira batalha deveria ser travada dentro de cada país, onde políticas internas eram decididas e adotadas."

Em lugar de decisões multilaterais "de cima para baixo", observou Goldemberg, foram adotadas políticas unilaterais "de baixo para cima". "O governo da China percebeu que o uso ilimitado de carvão, como base de seu desenvolvimento econômico, deteriorou seriamente a qualidade do ar nas grandes cidades chinesas. Por essas razões decidiu que até 2030 - ou mesmo antes disso - o uso de carvão não aumentará mais e começará a declinar. E o Brasil, num esforço interno que envolveu o governo, o movimento ambientalista e as grandes empresas, reduziu consideravel mente o desmatamento da Amazônia."

O papel dos Estados Unidos foi fundamental para evitar a repetição em Paris do fracasso da Conferência de Copenhague, em 2010, convocada para estabelecer um tratado pós-Kyoto, mas que terminou sem acordo. "Há cinco anos, o presidente Barack Obama estava ainda em seu primeiro mandato e não tinha a noção de urgência que tem hoje", afirma Gilberto Câmara. "Nos últimos anos, Obama fez acordos bilaterais com a China, o Brasil e a Índia. Também obteve uma vitória na Suprema Corte, que decidiu que o dióxido de carbono é poluente e, portanto, está sob a alçada da agência ambiental do país, sem a necessidade de passar pelo crivo do Congresso." Câmara aponta outras duas mudanças no tabuleiro geopolítico: "A queda dos governos conservadores no Canadá e na Austrália ajudou o mundo desenvolvido a agir de modo mais consistente".

Somados, os INDCs apresentados em Paris são insuficientes para deter o aumento da temperatura a menos de 2,7 °C. Ainda assim, os países aceitaram se mobilizar para que o aumento não ultrapasse o 1,5 °C, o que exigirá esforços que vão muito além dos previstos no acordo, além do monitoramento e a revisão das metas periodicamente. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) fará um estudo nos próximos dois anos para identificar o impacto do aumento de temperatura de 1,5 °C e o corte de emissões para atingir essa meta. "Na prática, nós já passamos de 1,5 °C e seria necessário que, milagrosamente, zerássemos as emissões amanhã para conseguir nos aproximar desse objetivo", diz o climatologista Carlos Nobre, ex-coordenador científico do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais. "Estabelecer 1,5°C como limite é perceber os riscos representados por superar essa margem e criar um esforço coletivo global para reduzir esses riscos", afirma o pesquisador, que atualmente é presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O Brasil participou das negociações de modo ativo. A ministra do meio ambiente, Isabela Teixeira, e o ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Alberto Figueiredo Machado, diplomata com grande experiência em negociações sobre o clima, foram convidados pelo presidente da COP-21 a arregimentar apoios. No início da conferência, o Brasil perfilou-se na Coalizão de Alta Ambição da conferência, iniciativa proposta pelas Ilhas Marshal, uma das pequenas nações insulares do oceano Pacífico ameaçadas pelo aumento do nível dos oceanos, que atraiu mais de 100 países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.

308

"O Brasil se descolou dos demais Brics, com quem não tem afinidade na questão climática, e abriu mão de ser porta-voz dos países pobres, diferentemente de sua postura em outras conferências. Com isso, pôde se integrar ao grupo de alta ambição, que brigava para ter o melhor acordo possível em Paris", diz Gilberto Câmara.

"Com o mundo se comprometendo a se descarbonizar, o Brasil terá de rever a ideia de que a exploração de petróleo da camada pré-sal irá redimir a economia brasileira. Não é possível estar na coalizão de altas ambições e, ao mesmo tempo, cogitar vender 6 milhões de barris de petróleo por dia", afirma o pesquisador. Ao mesmo tempo, observa Câmara, o Brasil terá a oportunidade de atrair investimentos para recompor áreas desmatadas e ajudar no aumento da absorção do carbono da atmosfera. "A recomposição de áreas devastadas ilegalmente, prevista pelo novo Código Florestal, mostra que podemos nos organizar para receber fluxos de investimento e nos tornarmos um sumidouro de carbono. E temos grande potencial para expandir a produção de energias renováveis no país."

Mas quais são as chances de obter um corte de emissões radical nos próximos anos? Na avaliação de Carlos Nobre, há tecnologia disponível para fazer a transição a uma economia de baixo carbono nos próximos anos. "O desafio é gigantesco, mas não é impossível, porque energias limpas, tais como a eólica e a solar, estão se tornando cada vez mais competitivas", afirma. "Não parece provável, por exemplo, que eliminemos as termelétricas no curto e no médio prazo, mas há uma tentativa de evitar que o efluente da geração térmica chegue à atmosfera." Ele admite, contudo, que os entraves não se limitam a eventuais gargalos tecnológicos e à necessidade de grandes investimentos. "A energia fóssil é responsável por 20% do PIB mundial e consome, só em subsídios, US$ 700 bilhões por ano. Isso é sete vezes mais do que os US$ 100 bilhões que os países desenvolvidos destinarão para ajudar os mais pobres a enfrentar as mudanças climáticas", diz. "Não é ainda possível avaliar ao certo a velocidade com que iremos caminhar para uma economia de baixo carbono."

José Goldemberg observa que, nos países industrializados, sobretudo na Europa, o uso mais eficiente de energia é o caminho mais promissor para reduzir as emissões, uma vez que a energia que consomem, derivada de combustíveis fósseis, é muito elevada. "Nos países em desenvolvimento, onde o consumo per capita é baixo, é inevitável que ele cresça, mas o que cabe fazer é que esse crescimento incorpore as tecnologias mais eficientes e, principalmente, o uso das energias renováveis", afirmou ele, que era ministro do Meio Ambiente durante a Conferência Rio-92.

O acordo de Paris também foi marcado pela valorização do conhecimento científico. "Em 2010, a Conferência de Copenhague refletiu apenas parcialmente os resultados do quarto relatório do IPCC, lançado três anos antes, ao estabelecer certo limite de referência para o aumento de temperatura, de cerca de 2 °C", diz Carlos Nobre. "Já os negociadores de Paris levaram em conta os resultados do quinto relatório, de 2013, segundo o qual 2 °C apresentam muitos riscos." Para Nobre, um dos resultados mais significativos da COP-21 é que a conferência acompanhou a ciência.

Boxe complementar:



O acordo de Paris

O que prevê o texto aprovado na COP-21

Engajamento internacional para conter o aumento da temperatura global "bem abaixo" de 2 °C em relação aos tempos pré-industriais, procurando alcançar a meta de 1,5 °C.

Para atingir esse objetivo, as contribuições voluntárias de cada país serão revisadas a cada cinco anos. A primeira revisão está programada para 2018.

Nações desenvolvidas se comprometem a desembolsar pelo menos US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, quando o acordo entrar em vigor, para investir em projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento.

Fim do complemento.



MARQUES, Fabrício. Revista Pesquisa Fapesp, ed. 239, jan. 2016, p. 32-35. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/wpcontent/uploads/2016/01/032-035_Cop21_239.pdf?dd9a29. Acesso em: 30 mar. 2016.

Yüklə 2,25 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   33   34   35   36   37   38   39   40   ...   44




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin