1 fronteiras da Globalização 1



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TEXTO 3

Materiais didáticos digitais

Desde tempos remotos, o ser humano tem se defrontado com a necessidade de criar ferramentas com propósitos diversos, sendo o principal deles, possivelmente, o de facilitar a sua vida. Os computadores, essas valiosas ferramentas do nosso tempo, tão presentes e necessários no nosso dia a dia, não parecem ter a mesma presença no cotidiano das escolas, apesar de todo o seu potencial.

Sabemos que as escolas brasileiras enfrentam muitos problemas, para cuja resolução a ação do professor é fundamental. E isso se aplica também ao uso efetivo de computadores no ensino. Não se trata de nós, professores, ensinarmos nossos alunos a usar os computadores, a navegar na internet ou a usar programas aplicativos - como editores de texto ou planilhas. Isso eles já sabem (melhor que nós, geralmente) ou podem aprender de maneira autônoma, sem a nossa ajuda. Lembremos que nossos alunos são o que se convencionou chamar de nativos digitais - crianças e adolescentes que nasceram em um mundo imerso em tecnologia.

Mesmo que - por condições sociais, geográficas ou culturais - esses alunos não tenham pleno acesso a computadores e internet em suas casas, o mundo no qual eles vivem propicia uma série de oportunidades para que tenham contato com a tecnologia e para que esta venha a fazer parte de suas vidas, como aconteceu com o rádio e a TV para outras gerações.

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Grande parte de nós, professores, pertence ao grupo que se denomina imigrantes digitais - nascemos em uma época em que os computadores não eram onipresentes e tivemos contato com essas tecnologias depois do nosso processo de letramento. De maneira similar a pessoas que imigram para outro país, podemos até dominar a "linguagem" do mundo digital, mas, para nós, ela não é nativa.

E o que esperam os nativos digitais de nós, imigrantes digitais, como seus professores? Na verdade, o que sempre esperaram: que os ensinemos dentro de nossas áreas de conhecimento, mas preferencialmente na "linguagem" que lhes é familiar. E de que maneira podemos nos comunicar nessa "linguagem" que não é familiar - e por vezes, nem mesmo amigável - para muitos de nós?

Uma questão que logo nos vem à mente é: para que fazer isso? Por que razões utilizar computadores em sala de aula? Podemos listar algumas das (muitas) razões:

Motivação: o uso de computadores em si não garante uma motivação maior dos alunos. Esse uso deve ser cuidadosamente planejado e estar em sincronia com as demais atividades da disciplina. Em outras palavras, levar os alunos para a sala de computadores para atividades genéricas, sem foco, como "fazer pesquisas na internet", costuma ter pouca ou nenhuma eficácia. Entretanto, o uso de computadores com objetivos bem claros e diretamente associados aos tópicos do plano de ensino tende a ser uma atividade motivadora e com um bom potencial de impacto no aprendizado dos alunos.

Novas possibilidades de experimentos: há muitos casos de atividades que requerem recursos específicos (como laboratórios de Física), ou que trazem algum tipo de risco (é o caso de algumas atividades de Química e Biologia, por exemplo) e que poderiam ser realizadas com simuladores virtuais, com segurança e sem custo. Há ainda atividades que não poderiam ser executadas em condições normais, para as quais distintas ferramentas computacionais podem ser usadas.

Aprendizagem autônoma: os alunos podem desenvolver atividades fora do horário de aula com as ferramentas aprendidas com o professor, ou mesmo outras ferramentas buscadas e encontradas por eles na internet.

Dessa maneira, os recursos digitais trazem um conjunto de novas possibilidades ao professor, por proporcionar situações didáticas diferenciadas, que, de outro modo, não poderiam ser implementadas em sala de aula. Tais recursos não vêm substituir o material didático tradicional: muito pelo contrário, sua função é complementar o material já comumente utilizado pelo professor, ampliando as possibilidades do fazer docente.

E que recursos existem para ser usados? Há vários tipos de recursos, cada um com uma série de possibilidades didáticas. O Ministério da Educação entende por recursos digitais "vídeos, imagens, áudios, textos, gráficos, tabelas, tutoriais, aplicações, mapas, jogos educacionais, animações, infográficos, páginas web e outros elementos". Eles podem ser assim classificados:

Livros digitais ou e-books: são versões digitais de livros em papel, ou de obras completas pensadas para o formato digital. Podem ser estáticos (como os livros em papel, contêm textos e imagens) ou dinâmicos (podem incluir vídeos, animações, simulações ou qualquer outro conteúdo dito multimídia - ou seja, que agrega várias "mídias", ou formas de representação da informação).

Softwares educacionais: são programas de computador feitos especificamente para fins educacionais. Em sua maioria, necessitam de instalação nos computadores (o que não é - ou não deveria ser - exatamente um problema), mas muitos são planejados para utilização sob orientação do professor, visando a um resultado de aprendizagem mais efetivo. Um exemplo gratuito desses softwares é o GeoGebra (para aprendizagem de Matemática, www.geogebra.org).

Objetos de aprendizagem: na prática, correspondem a todo e qualquer elemento digital que possa ser usado e reutilizado em situações de aprendizagem - de um texto em PDF ou um conjunto de slides a um simulador virtual, incluindo nessa definição também animações, vídeos, jogos digitais e outros tipos de recursos. Apesar de vários desses objetos serem encontrados de maneira simples por meio de buscadores da internet, existem repositórios deles, que fornecem mais informações (chamadas "metadados") sobre cada um, como autores, público-alvo, sugestões de uso, etc. Em âmbito nacional, o MEC mantém o Banco Internacional de Objetos Educacionais (Bioe, objetoseducacionais2.mec.gov.br), vasto repositório com grande variedade de objetos de aprendizagem.

Recursos educacionais abertos: seguem a mesma linha dos objetos de aprendizagem, com a ressalva de que os elementos, além de utilizados e reutilizados, podem também ser modificados e adaptados livremente. O site www.rea.org traz uma série de informações a respeito.

Porém, que tipos de computadores são necessários para trabalhar com esses elementos? Muitos deles encontram-se disponíveis para uma boa variedade de dispositivos, desde computadores desktop (de mesa) e notebooks, a até mesmo tablets e smartphones. Já alguns softwares educativos apresentam algumas exigências técnicas para instalação (tipo específico de sistema operacional, quantidade mínima de memória no computador, etc.), enquanto alguns objetos de aprendizagem necessitam que determinados plugins (programas adicionais) estejam instalados.

Equipamentos e programas, entretanto, nada mais são do que ferramentas. E, como foi dito no início deste texto, ferramentas são criadas com o intuito de facilitar o nosso dia a dia. Assim, mais importantes que as ferramentas são as pessoas que irão utilizá-las: os professores dispostos a ressignificar o seu papel como formadores de cidadãos plenamente aptos a tirar proveito das tecnologias de nosso tempo;

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e os alunos, que poderão manejá-las como veículos de informação, interação social, entretenimento e aprimoramento intelectual.

Texto elaborado para a Editora em 2013. SILVEIRA, Ismar Frango. Coordenador da Comissão Especial de Informática na Educação (CEIE); Sociedade Brasileira de Computação (SBC).



TEXTO 4

Uma nova época na história geológica da Terra?

[...]


Há mais de uma década, esforços vêm sendo realizados para reunir evidências científicas sobre a influência do ser humano sobre a Terra e seus ecossistemas. Tudo indica que já estamos vivendo uma nova época na história geológica do planeta: o Antropoceno. Sua formalização tem data marcada para meados de 2016, e a comunidade científica está mobilizada para dar esse importante passo.

No início da década de 2000, o termo Antropoceno foi sugerido pelo químico holandês Paul Crutzen, ganhador do prêmio Nobel de Química em 1995, para descrever a época ou intervalo de tempo mais recente na escala geológica da Terra. O termo reflete a profunda e contínua influência das atividades humanas sobre o planeta - que tem 4,6 bilhões de anos - e seus compartimentos físicos, geológicos e biológicos.

Na escala geológica, o Antropoceno - caso fosse formalmente incluído - sucederia a época atual, denominada Holoceno, que teve início há 11,7 mil anos, depois do último período glacial ou Idade do Gelo - que, por sua vez, está inserido no período Quaternário da Era Cenozoica, os quais seriam mantidos inalterados. O termo e suas inúmeras implicações científicas e de caráter social, político e/ou econômico foram amplamente discutidos nos últimos 15 anos, gerando centenas de artigos publicados em importantes revistas científicas, bem como outras centenas de documentos de cunho científico e informativo divulgados em diferentes meios de comunicação [...]. Atualmente, talvez pela aproximação de um importante congresso a se realizar na Cidade do Cabo (África do Sul) neste ano, o debate sobre a oficialização dessa 'nova época' se intensificou, mobilizando a comunidade científica envolvida com o tema.

Para explicar melhor, vamos voltar um pouco no tempo. No final da década de 2000, a União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS, na sigla em inglês), importante órgão científico da área, sinalizou a possibilidade de formalização do Antropoceno caso, naturalmente, fossem cumpridos os 'pré-requisitos' estabelecidos pela comunidade científica - neste caso, composta principalmente por geólogos. Para ser reconhecido como uma unidade, ou intervalo de tempo geológico, o Antropoceno deve apresentar um início definido - que é o tópico mais discutido atualmente; deve ocorrer de forma sincrônica ao redor do planeta; e precisa apresentar evidências (químicas, físicas e/ou biológicas, como os fósseis) passíveis de serem monitoradas e que reflitam, claramente, os limites estratigráficos - ou seja, dos estratos ou camadas de rochas que formam a crosta terrestre - entre os intervalos de tempo adjacentes, assim como ocorre em outras unidades já estabelecidas na escala geológica.

Para que esses pré-requisitos fossem estudados a fundo, foi criado o Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG, na sigla em inglês), que está formalmente ligado à Comissão Internacional de Estratigrafia. Naquela época, foi definido um prazo para a atuação do grupo e, ao final desse período, a IUGS 'bateria o martelo' quanto à oficialização do Antropoceno. Esse prazo termina em agosto deste ano, durante o Congresso Internacional de Geologia na Cidade do Cabo.

Datas propostas

Inicialmente, Crutzen sugeriu que o Antropoceno teria começado junto com a Revolução Industrial e a invenção da máquina a vapor no final do século 18. Nessa época, as concentrações de gás carbônico e metano começaram a aumentar (em comparação aos níveis encontrados no Holoceno), e a população atingiu a marca de 1 bilhão de habitantes. Alguns pesquisadores acreditam que o Antropoceno começou antes mesmo da Revolução Industrial, há alguns milhares de anos, com os primeiros impactos do homem sobre a Terra - incluindo, por exemplo, a caça e o desmatamento para a expansão da agricultura. Outros pesquisadores sugerem ainda que o Antropoceno teve início na metade do século 20, período por eles denominado de 'Grande aceleração', quando ocorreram profundas mudanças causadas por atividades antrópicas em um período de tempo relativamente curto.

Liderados pelo geólogo inglês Jan Zalasiewicz, cientistas das mais diversas áreas do conhecimento (paleontólogos, biólogos, botânicos, oceanógrafos, meteorologistas e cientistas sociais), muitos deles membros do Grupo de Trabalho do Antropoceno, foram além: definiram o ano de 1945 como o início da nova época. A data escolhida representa a primeira explosão de uma bomba nuclear na superfície da Terra (em Alamogordo, no Novo México (EUA), em 16 de julho de 1945). Dessa data até 1988, foram detonadas outras bombas nucleares em uma média de uma a cada 9,6 dias, incluindo as de Hiroshima e Nagasaki, deixando marcas na superfície da crosta terrestre.

De 'pernas para o ar'

A proximidade do Congresso Internacional de Geologia já vinha movimentando a comunidade científica envolvida na formalização do Antropoceno. Porém, um artigo recentemente publicado na Nature lançou novos questionamentos. O artigo sugere novas datas para marcar o início da nova época: os anos de 1610 e 1964. O Grupo de Trabalho do Antropoceno e outros pesquisadores, de forma independente, logo se manifestaram por meio da publicação de outros textos, discordando das datas sugeridas por uma série de razões, todas baseadas em evidências científicas levantadas nos últimos anos.

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A data de 1610, por exemplo, foi escolhida com base em um 'leve e curto' declínio na concentração de gás carbônico atmosférico medido em testemunhos de gelo (tipo de amostra coletada ao longo da camada de gelo; muitas vezes, com vários metros de profundidade) da Antártida. O declínio, entretanto, pode ser observado em outros momentos durante o Holoceno, não sendo, portanto, evidência suficiente para indicar a influência de atividades humanas. Já 1964 foi selecionado, entre outros motivos, com base nas altas concentrações atmosféricas de um isótopo (elemento químico com o mesmo número de prótons, mas diferente número de nêutrons) de carbono, registradas nos anéis de crescimento de pinhos em um parque da Polônia. Nesse caso, a madeira do pinho não foi considerada um "material geológico" propriamente dito, como são as rochas, os sedimentos marinhos e o gelo.

Até meados deste ano, e possivelmente pelas próximas décadas, a comunidade científica tem grandes desafios. Um deles é indicar, com precisão, se e quando começou o Antropoceno, sinalizando de forma definitiva a magnitude da influência dos humanos sobre a Terra. Muitos outros desafios virão, pois os problemas decorrentes dessa ocupação, muitas vezes desordenada, podem estar apenas começando.

IVAR DO SUL, Juliana Assunção. Revista Ciência Hoje, 16 fev. 2016. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revistach/2016/333/uma-nova-epoca-na-historia-geologica-da-terra. Acesso em: 30 mar. 2016.



TEXTO 5

O regionalismo poético de Manuel Bandeira em "Evocação do Recife"

O estudo literário é, sem dúvida, uma das ferramentas que deve estar sempre presente nos estudos da Geografia. Muitos autores de nossa literatura retratam o espaço geográfico com tantos detalhes que extravasam a descrição material, abrangendo até elementos culturais de determinadas áreas que não mais se fazem presentes na sociedade atual. Este é o caso de Manuel Bandeira, que em seu poema "Evocação do Recife" deixou transparecer com muita propriedade sua memória de infância do Recife nostálgico de outrora.

Nascido em Recife em 1886, o poeta e sua família se transferiram para o Rio de Janeiro em 1890. Quando completou seis anos de idade, retornou ao Recife, onde ficou até completar sua primeira década de vida. Em 1930, publicou uma obra intitulada Libertinagem, que continha o poema "Evocação do Recife".

A obra foi um pedido de Gilberto Freyre, seu amigo, e considerada pelo mesmo um dos maiores poemas já produzidos em nossa língua. "Evocação do Recife" revive cenas do passado do autor, levando-o de volta a sua infância. Apesar dos poucos anos que viveu na cidade do Recife, Bandeira personifica o espaço de sua cidade natal com muitos detalhes, levantando um dos principais conceitos geográficos, que é o de lugar.

É durante a infância que as pessoas iniciam o processo de construção e organização do espaço individual e coletivo do ambiente em que vivem. Nesse contexto, Manuel Bandeira revive momentos, trazendo à tona pessoas que marcaram sua vida, nomes de ruas, elementos culturais e uma memória passadista de um Recife que não volta mais.

Recife, capital do Estado de Pernambuco, é, sem dúvida, um dos locais mais ricos de acontecimentos que marcaram a história do Brasil. Porém, o autor do poema busca apresentar passagens desconhecidas da maioria da população brasileira. A história contada por Bandeira é um recorte local de sua vida e suas experiências. Esta atenção dada no poema fica clara quando o autor apresenta, logo nas primeiras frases, sua intenção de tratar o Recife sem heróis conhecidos. O Recife cortado por pontes - similar à cidade de Veneza, na Itália - e a cidade de herança neerlandesa - tendo o conde Maurício de Nassau como seu principal e mais marcante administrador, daí o termo Mauritsstad, que significa em português, cidade Maurícia - não é a cidade que objetiva mostrar, mas sim, o Recife de sua infância.

Características do lugar são materializadas no poema quando o autor trata de costumes muito comuns das ruas tranquilas do Recife ao fim do século XIX. Brincadeiras, travessuras e o modo de vida da população recifense ficaram eternizados por meio de versos poéticos. As ruas que permearam sua infância são relatadas com suas respectivas características de território e territorialidade.

Até meados da década de 1970 era relativamente comum a ocorrência de cheias na cidade do Recife e entornos, visto que o crescimento urbano local deu-se às margens do Capibaribe. Após a construção de barragens e o alargamento da calha do Capibaribe, o problema foi potencialmente controlado.

A identidade cultural religiosa da época também é lembrada em "Evocação do Recife", quando o autor refere-se às novenas e cavalhadas, que são festividades promovidas por fiéis católicos.

Outra importante passagem do poema é a defesa da tradição linguística local, na qual Bandeira transcreve os pregões dos vendedores ambulantes de cana, amendoins e ovos: "A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros/ Vinha da boca do povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo" (BAN DEIRA, 1977, p. 212). A ideia passada revela a importância da continuidade da história fixada pela fala, sendo esta uma das principais heranças culturais deixadas por uma sociedade em um determinado espaço geográfico.

Com nostalgia, Manuel Bandeira finaliza o poema retratando a perenidade de uma época. Assim como a casa de seu avô, o Recife mudou. Apesar da imagem construída do lugar ser eterna em seu imaginário, as transformações na cidade são inevitáveis diante do avanço tecnológico e do advento cultural estrangeiro anexado aos grandes centros urbanos via globalização, muito intensificado nas décadas seguintes, principalmente após as Guerras Mundiais.

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O Recife de hoje apresenta-se como um mosaico de elementos de épocas distintas que se ligam pelos caminhos do rio Capibaribe e seus tributários. Os prédios modernos dividem espaço com construções antigas que remontam à infância de Manuel Ban deira e outros que por aqui viveram muito tempo atrás. Apesar das mudanças impostas pelo tempo, fato é que se Bandeira vivesse, muito lembraria os tempos que residiu no Recife durante sua marcante infância.

PRADO, Bruno Silva. Professor da rede pública e privada do Ensino Fundamental e Médio, em Recife (PE).



TEXTO 6

Avaliação escolar: limites e possibilidades

Boxe complementar:

Alguma vez você já pensou que a avaliação fosse parecida com um remédio? Ideia estranha, não é? Mas, neste texto, você vai perceber que a avaliação, assim como os remédios, tem propriedades, pode produzir reações adversas e efeitos colaterais. E ainda mais: que devem ser tomadas precauções ao utilizá-la, que existem indicações e contraindicações, assim como há uma maneira correta de empregá-la (posologia).

Confira o texto e faça uma reflexão sobre a forma como você tem utilizado esse "remédio".

Fim do complemento.

[...]


O processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com dificuldades é inerente ao ato de aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e facilidades deve ser compreendido não como um veredito que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim como uma análise da situação escolar atual do aluno, em função das condições de ensino que estão sendo oferecidas. Nestes termos, são questões típicas de avaliações:

- Que problemas o aluno vem enfrentando?

- Por que não conseguiu alcançar determinados objetivos?

- Qual o processo de aprendizagem desenvolvido?

- Quais os resultados significativos produzidos pelo aluno?

[...]


Reações adversas e efeitos colaterais: Pesquisas realizadas na área têm demonstrado consequências psicológicas e sociais adversas em função do uso da avaliação de forma classificatória, punitiva e autoritária. A avaliação, quando apenas praticada de modo classificatório, supõe ingenuamente que se possa realizar esta atividade educativa de forma neutra, como se não estivessem implícitos a concepção de Homem que se quer formar, o modelo de sociedade que se quer construir em qualquer prática educativa. A classificação cristaliza e estigmatiza um momento da vida do aluno, sem considerar que ele se encontra em uma fase de profundas mudanças. É uma forma unilateral e, portanto, autoritária, que não considera as condições que foram oferecidas para a aprendizagem. Pune justamente aqueles alunos que, por sofrerem uma situação social adversa, necessitam de que a escola lhes proporcione meios adequados que minimizem suas dificuldades de aprendizagem. A avaliação apenas como instrumento de classificação tende a descomprometer a equipe escolar com o processo de tomada de decisão para o aperfeiçoamento do ensino, que é função básica da avaliação.

Precauções: A avaliação escolar não deve ser empregada quando não se tem interesse em aperfeiçoar o ensino e, consequentemente, quando não se definiu o sentido que será dado aos resultados da avaliação.

A avaliação escolar exige também que o professor tenha claro, antes de sua utilização, o significado que ele atribui a sua ação educativa.

Contraindicações: A avaliação é contraindicada como único instrumento para decidir sobre aprovação e reprovação do aluno. O seu uso somente para definir a progressão vertical do aluno conduz a reduções e descompromissos. A decisão de aprovação e retenção do aluno exige do coletivo da escola uma análise das possibilidades que essa escola pode oferecer para garantir um bom ensino.

A avaliação escolar também é contraindicada para fazer um diagnóstico sobre a personalidade do aluno, pois sua abrangência limita-se aos objetivos do ensino do programa escolar.

A avaliação escolar é contraindicada para fazer prognóstico de sucesso na vida. Contudo, o seu mau emprego pode expulsar o aluno da escola, causar danos em seu autoconceito, impedir que ele tenha acesso a um conhecimento sistematizado e, portanto, restringir a partir das suas oportunidades de participação social.

Indicações: A avaliação escolar é indicada a professores interessados no aperfeiçoamento pedagógico de sua atuação na escola. É fundamental sua utilização para indicar o alcance ou não dos objetivos de ensino.

Recomenda-se então sua aplicação não só para diagnosticar as dificuldades e facilidades do aluno, como, principalmente, para compreender o processo de aprendizagem que ela está percorrendo.

Utilizada de forma transparente e participativa, permite também ao aluno reconhecer suas próprias necessidades, desenvolver a consciência de sua situação escolar e orientar seus esforços na direção dos critérios de exigência da escola.

Posologia: A avaliação deve ser utilizada com o apoio de múltiplos instrumentos de coleta de informações, sempre de acordo com as características do plano de ensino, isto é, dos objetivos que se está buscando junto ao aluno. Assim, conforme o tipo de objetivo, podem ser empregados trabalhos em grupos e individuais, provas orais e escritas, seminários, observação de cadernos, realização de exercícios em classe ou em casa e observação dos alunos em classe.

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